A drástica redução da capacidade interna de combustíveis, causada pelo desmonte da empresa (que ainda está em curso), com venda de refinarias e paralisação do processo de refino do petróleo no país, além da política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela Petrobrás, traz agora à cena um outro componente bem preocupante: a ameaça de desabastecimento.
O assunto veio à tona, na semana passada, após a empresa admitir para a imprensa, por meio de uma nota, que avalia a possibilidade de recorrer ao mercado internacional para atender a demanda de combustíveis para evitar uma possível falta do produto, em novembro.
A hipótese da falta de combustíveis para suprir o consumo interno também foi citada em nota pela Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), representante de mais de 40 distribuidoras regionais de combustíveis, que afirmou, em seu comunicado, que "mesmo que a Petrobras não consiga atender a todos os pedidos feitos pelas distribuidoras, sempre permanece a possibilidade de importação de modo a suprir o que parece ser a deficiência por incapacidade de produção”.
Também por meio de nota, a Petrobrás chegou a afirmar que “atualmente, há dezenas de empresas cadastradas na ANP aptas para importação de combustíveis. Portanto, essa demanda adicional pode ser absorvida pelos demais agentes do mercado brasileiro".
Chantagem
Embora a versão oficial não deixe isso claro, o pano de fundo da ameaça de desabastecimento é a chantagem dos importadores para que a Petrobrás repasse integralmente o PPI (Preço de Paridade de Importação), aumentando ainda mais os preços dos combustíveis e, consequentemente, o lucro dos importadores.
Para forçar o aumento de preços, as importadoras diminuíram a quantidade de combustível importado forçando as distribuidoras a recorrerem à Petrobrás, que informou não ter como suprir a alta na demanda.
Uma situação delicada causada pela privatização da empresa, já que o governo brasileiro entregou a importadores larga fatia do mercado que pertencia à Petrobrás, deixando a empresa refém desse tipo de movimento. A alta de preços nos combustíveis tem gerado uma reação em cadeia que tem sacrificado a população e gerado uma inflação galopante no país.
Uma situação absurda e altamente contraditória, já que a Petrobrás tem um dos maiores parques de refino do mundo, que há tempos vem sendo subutilizado, ao mesmo tempo em que se registra, cada dia mais, o aumento nas importações.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Combustível (ANP), o preço do litro do combustível nos postos do país aumentou 3,3% só na semana passada, atingindo o valor médio de R$ 6,32 e máximo de R$ 7,49.
“É lamentável que o governo coloque a empresa, cada dia mais, à mercê dos preços internacionais. Mais do que nunca, é hora de o governo passar a discutir a recuperação de um plano de expansão da capacidade de refino, para que a Petrobrás possa retomar seu papel estatal de reguladora dos preços e garantidora da soberania energética do país. A Petrobrás é dos brasileiros. Fora Bolsonaro!”, disse o presidente do Sindipetro-SJC, Rafael Prado.
Fonte: Sindipetro-SJC