Conflitos de interesses derrubam indicações de Bolsonaro a cargos na Petrobrás

A 09 dias da data para a troca do comando da Petrobrás, os indicados de Bolsonaro para presidir o Conselho de Administração da empresa, Rodolfo Landim, e a presidência da estatal, Adriano Pires, desistiram das indicações depois que se tornaram públicos conflitos de interesse na empresa. A decisão de Landim foi comunicada com uma nota oficial divulgada neste domingo (03/04). Já Pires, informou sua recusa na manhã desta segunda-feira (04/04)
Com passado nebuloso na estatal, Rodolfo Landim é lembrado pela denúncia do Ministério Público Federal (MPF) em fundos de pensão da Funcef, Petro e Previ, que causou um prejuízo superior a R$ 100 milhões.

Mas, as nebulosidades de Landim não param por aí! De acordo com relatórios da Diretoria de Governança e Conformidade da Petrobrás sobre o histórico do executivo apresentados ao ministro Bento Albuquerque na última quarta-feira (30), Landim tem uma série de processos e acusações pendentes na Justiça que atestam sua relação com o empresário Carlos Suarez, sócio de distribuidoras de gás, e configurariam conflito de interesse caso ele assumisse. Colocariam, também, a imagem da Petrobrás em risco.

No caso de Adriano Pires, a conclusão que se chega no documento é que se o lobista assumir o cargo de presidente, terá "conflitos demais".

Acontece que Pires trabalha para empresas privadas do setor de petróleo e tem um longo histórico de relações com parlamentares. Ele é consultor não só de Suarez, mas também da associação do setor (Abegás), da Compass, concessionária de gás do empresário Rubens Ometto, e de diversas outras empresas do setor. É próximo, por exemplo, do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) e é sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Ele também é bastante próximo do próprio Bento Albuquerque, responsável por sua indicação a Bolsonaro.

Na presidência da empresa, Pires teria que decidir sobre contratos e disputas judiciais e teria acesso a todo tipo de informação confidencial. Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo, desde domingo (03/04), Pires falava a pessoas próximas que cogitava desistir do cargo. Ele dise que só descobriu depois de aceitar a indicação que a política de integridade da Petrobrás não permite que seus executivos tenham parentes comercialmente ligados a concorrentes e parceiros comerciais. E para assumir a presidência da petroleira, Pires estava passando as ações da consultoria para o filho, Pedro.

Segundo a Folha de SP, que foi ouvir empresários do setor que insinuam que os interesses do empresário Carlos Suarez são a razão das escolhas feitas por Bolsonaro:

“A percepção no setor empresarial, após o anúncio da dobradinha, é que estava em curso uma engenharia política no governo e no Congresso para dar espaço aos interesses de Suarez na Petrobrás. O empresário baiano também é próximo de muitos políticos, especialmente do centrão, entre eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Nesse contexto, a discussão sobre a política de preços dos combustíveis, que justificou a queda do general Silva e Luna, passou a ser vista como uma mera cortina de fumaça, levando à percepção de que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) ultrapassava todos os limites éticos ao colocar na Petrobrás, de uma só vez, dois homens ligados a Suarez.”

A dança das cadeiras na Petrobrás ocorre depois que a inflação se tornou o calcanhar de Aquiles nos planos de Jair Bolsonaro em continuar no Planalto por mais quatro anos. Só para relembrar, desde meados de 2020, a gasolina, o diesel e o gás de cozinha estão subindo no Brasil, uma situação agravada em 2022 com a guerra na Ucrânia.  

Mesmo assim, Pires já tinha deixou claro ao presidente que não iria alterar a política de preços da estatal, que é baseada na política de Preço de Paridade Internacional (PPI), e defendia a privatização, o que iria enfraquecer ainda mais a soberania nacional do país. Ou seja, nada vai mudar!

Com a desistência do conselho por parte de Landim e da presidência por Pires, outros nomes serão indicado para o posto. A assembleia de acionistas da estatal deve se reunir em 13 de abril para avaliar os nomes indicados.

 

 

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