Direção da Petrobrás brinca com a vida dos trabalhadores

A reunião começou com o representante da Estrutura Organizacional de Resposta (EOR), Angelo Sartori Neto, informando que não iria ficar até o final e que sairia da sala virtual após 15min. Em seguida, ele afirmou que a EOR continua funcionando.

A desmobilização tinha sido oficialmente comunicada aos sindicatos. Inclusive, por causa disso, o RH da empresa se recusou a realizar reunião com a FNP, no início deste ano. Ainda, na primeira semana de janeiro, foi informado aos sindicatos que não haveria mais reuniões com a EOR, e que os assuntos deveriam ser tratados localmente ou nas reuniões previstas no ACT.

Segundo Sartori, todos os protocolos, voltados ao combate da Covid-19, continuam sendo realizados. “Havia, sim, um projeto de desmobilização da EOR, mas, se o cenário permanece igual ao que tínhamos em dezembro”, afirmou ele. Sartori ainda destaca que o momento exige muita atenção.

Atenção, na verdade, é o que parece não ter. A Petrobrás continua exigindo o retorno ao trabalho presencial, no momento em que os casos de Covid-19 aumento excepcionalmente na empresa. Através da fala de Sartori, ficou claro que o negacionismo na Petrobrás continua e pode tomar proporções alarmantes, ao minimizar a gravidade da situação.

A FNP deixou claro que a empresa deve priorizar o retorno ao teletrabalho, redução do POB, melhoria e rigorosidade nas medidas sanitárias, redução dos serviços ao essencial. Covid não é gripezinha!

Pressão da FNP

A reunião aconteceu na tarde desta quinta-feira (13/01), após pressão da FNP, que encaminhou ofício e publicou matérias, denunciando a forma unilateral da empresa na condução desta crise sanitária provocada pela Covid.

Ficou claro que a reunião caracterizou uma tentativa da empresa em defender a sua posição sobre o congelamento do retorno ao trabalho presencial a níveis de dezembro passado, e da continuidade das atividades laborais nas áreas operacionais (plataformas, refinarias e terminais), mantendo a aplicação de seus protocolos preventivos que, claramente, não estão funcionando dado o crescimento exponencial da COVID-19, com a nova variante ômicron.

A empresa, sob a gestão militarizada de Silva e Luna, minimiza a situação ao dizer que a ômicron, apesar de seu alto grau de contágio, apresenta baixos índices de internações e mortalidade.

Descaso com a vida

A verdade é que para não ficar “mal na fita”, a direção da Petrobrás resolveu chamar uma reunião com a FNP para dizer que está atuando para mitigar o surto na empresa. Mas o que se vê é uma grande teimosia e insistência em colocar em prática um negacionismo, patrocinado pelo governo de Jair Bolsonaro, que visa, sobretudo, garantir os ganhos dos acionistas da empresa, em troca da saúde dos trabalhadores.

O que se observa na fala dos representantes da empresa é uma tentativa de minimizar a gravidade do problema. No entendimento dos gestores o simples uso de máscaras nas áreas de convivência é suficiente para conter a pandemia na empresa. Que apesar do surto existe um quadro de baixa viralidade, e que o fato “positivo” da situação é que só existe uma pessoa hospitalizada, sendo esta em situação de internação desde o ano passado.

Retorno ao teletrabalho

A FNP entende que é primordial que os trabalhadores que atuam nas áreas não essenciais  volte ao teletrabalho, e que nas áreas operacionais, principalmente nas plataformas, seja aplicado um programa de suspensão dos embarques, retirada dos sintomáticos , assintomáticos e contactantes e redução do POB, serviços adiáveis e da produção nas plataformas, a fim de manter equipes mínimas a bordo para garantir a segurança de cada unidade e equipamentos, até que se debele esse surto.

Há relatos de situações de equipes inteiras contaminadas em refinarias e terminais que não estão em condições de trabalho, o que prejudica a operação das unidades; de camarotes lotados com contaminados nas plataformas que continuam recebendo embarcados, o que faz aumentar a rede de contágio; e de elevadores em áreas administrativas que operam sem avisos e seguem funcionando com lotação máxima, além de baias ocupadas de forma integral em prédios que nem possuem janelas como o EDISEN. Voltar a Onda 3 é apenas dar um passo atrás, sem ter a intenção de olhar e refletir sobre a realidade que se apresenta a frente dos fatos.

Vale lembrar que nesses quase três anos de pandemia, a FNP apontou por diversas vezes a gravidade da situação com uma visão realista sobre a previsão de cenário que se apresentava.

 

 

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