A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) vem a público prestar sua solidariedade ao povo do Cazaquistão e aos trabalhadores petroleiros, que iniciaram uma revolta popular no país contra o aumento do preço do combustível. Até o momento já morreram pelo menos 164 e mais de 2 mil estão feridas. Cerca de 6 mil pessoas estão detidas por conta dos protestos.
Tudo começou quando o governo anunciou o aumento do preço do gás liquefeito, um derivado do petróleo que é usado principalmente para carros particulares no Cazaquistão, que é um país que vive de gás e petróleo, como a maioria dos países da zona. Com essa desregulamentação de preços, ele dobrou.
A partir de então, houve protestos que começaram no sudoeste perto da costa do Mar Cáspio, onde estão as reservas de gás. São as cidades onde mais hidrocarbonetos são extraídos em geral (não só gás, mas também petróleo). E, de fato, em toda essa região, muitas empresas ocidentais operam: Exxon, Shell, Chevron etc.
No dia 1º de janeiro, os trabalhadores do campo de petróleo de Zhanaozen pediram às autoridades que revogassem a decisão de dobrar drasticamente o preço do gás liquefeito de petróleo (de $ 0,11 para $ 0,29 por litro). Não houve reação do governo e, em 2 de janeiro, os protestos pipocaram nas cidades e chegaram imediatamente a Almaty, ou Alma Ata em russo, que era a antiga capital e ainda é a maior cidade onde ocorrem protestos muito importantes.
Além das demandas por preços mais baixos do gás, os manifestantes em todo o país também exigiram preços mais baixos para bens de consumo, melhores condições de vida e a renúncia do governo e do presidente. Os confrontos com a polícia começaram e as primeiras vítimas apareceram em ambos os lados. Problemas de acesso à Internet surgiram no Cazaquistão. Em seu discurso na televisão, Tokayev chamou os manifestantes ao diálogo e disse que o governo não cairia. Ao mesmo tempo, granadas paralisantes foram usadas contra os manifestantes em Almaty.
Na noite de 4 a 5 de janeiro, o estado de emergência foi decretado na região de Almaty e Mangistau. Pela manhã, o estado de emergência foi estendido a toda a região de Almaty e, ao meio-dia, o estado de emergência foi decretado na capital. Na manhã de 5 de janeiro, os manifestantes entraram no akimat (gabinete do prefeito) de Almaty, incendiaram uma sede do partido pró-presidencial Nur-Otan e a antiga residência do presidente.
As manifestações foram crescendo até que o presidente anunciou que iria dissolver o governo, ou seja, demitir todos os membros do gabinete de ministros. Mas isso não bastou, os protestos seguiram, então, anunciou também uma série de medidas relativas ao preço dos combustíveis, alimentos e outros. Porém, isso tampouco bastou, justamente por serem parciais e temporárias, então, deu, em uma nova conferência, uma declaração ao país que foi o mais importante, porque anunciou que ele, a partir de então, assume a chefia do Conselho de Segurança, um braço executivo que tem muito poder, mas não é eleito democraticamente.
Estas não são as primeiras manifestações de massa no Cazaquistão, que começaram com trabalhadores da região de Mangistau. Em 2011, durante a dispersão de uma greve de operários do petróleo em Zhanaozen, a polícia abriu fogo contra os trabalhadores, resultando na morte de 15 pessoas e centenas de feridos e presos. Como resultado dos acontecimentos de 2011, um duro golpe foi desferido ao movimento sindical independente no Cazaquistão.