Servidores do estado lutam para barrar privatização que transforma a água em mercadoria, na manhã desta terça-feira (13/04). A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), representada pela diretora Natália Russo, e o Sindipetro-RJ, representado pelo diretor Carlos José, o “Cazé”, estiveram ao lado dos trabalhadores da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), em protesto contra a privatização, e deu abraço simbólico ao rio Guandu. O ato também contou com a participação de várias lideranças comunitárias.
A fórmula do desastre que vem pela frente é simples: pegue uma substância natural que está entrando em escassez no planeta; coloque grandes reservas dessa mesma substância no subsolo de um país que não tem histórico de bom planejamento de longo prazo; combine com a tendência a entregar a exploração de bens naturais para a iniciativa privada.
Para quem ainda não matou a charada, o país é o Brasil. E a substância não é, dessa vez, o petróleo, é a água. É por isso que a privatização da Cedae deve ser uma preocupação de todos os brasileiros.
Caso a estatal seja vendida, a maior estrutura de produção de água potável do mundo pode ir parar nas mãos da iniciativa privada.
Para resolver crise do estado do Rio de Janeiro, Castro, que também é do PSC, mesmo partido de Witzel, não perdeu tempo em acelerar o processo de privatização da Companhia. Infelizmente, o leilão está marcado para o dia 30/04.
Consta na lista da privatização, por exemplo, a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, a maior estação do mundo, que produz 3,5 bilhões de litros por dia.
Conectada a ela está a elevatória do Lameirão, a maior elevatória subterrânea de água tratada do mundo, que bombeia 2,4 bilhões de litros por dia, também na lista de ativos. Segundo o site da empresa, ela “está prestes a quebrar seu próprio recorde”: o projeto Novo Guandu deve aumentar esse volume de água em 30%.
Em um horizonte onde, segundo especialistas, até 2050, dois terços da população mundial não terão acesso a água (lembrando que o contrato da Cedae com o município do Rio vai até 2057) e que 20% da água doce do planeta está em território brasileiro; abrir mão da maior infraestrutura de produção de água potável do mundo pode ser uma manobra arriscada. Ter uma empresa pública de abastecimento é sinônimo de acesso democrático à água.
Por uma Cedae pública, estatal e indivisível
Na luta para impedir a privatização que está sendo empurrada com edital inconstitucional, os sindicatos do setor buscam o apoio de outras categorias.
Em 2020, o diretor do Sindiágua-RJ , Ary Girota, denunciou na Rádio Petroleira, do Sindipetro-RJ, que “a crise da presença da geosmina na água distribuída foi gerada principalmente, porque foram demitidos 54 técnicos da Companhia dentro da política de sucateamento da empresa”.
Para Humberto Lemos, presidente do Sintsama-RJ, a informação equivocada divulgada pela imprensa empresarial na semana passada sobre o Lantânio gera pânico na população em plena pandemia para tentarem justificar a entrega da Cedae à iniciativa privada. “Agora, informaram que vão demitir 4 mil trabalhadores – isso é um absurdo! Que governo é esse? Ao invés de lutar para fortalecer o estado, simplesmente por um capricho do ministro Paulo Guedes, quer entregar a última empresa pública do Rio de Janeiro, uma empresa lucrativa que leva saúde ao povo”, desabafa Lemos.
Fonte: Rede Brasil Ataul e Sindipetro-RJ.