A política de desmonte da Petrobrás, que há tempos vem sendo denunciada pelos sindicatos, e a nefasta prática adotada pela empresa de exportação de óleo cru e importação de derivados para beneficiar o mercado internacional, acaba de colocar a empresa em uma situação delicada, além de ameaçar a segurança de voo de pequenas aeronaves, em todo o país.
A Petrobrás suspendeu nesta segunda-feira (13) o fornecimento de gasolina de aviação, que estava sendo importada pela empresa, por suspeitas de adulteração.
Atualmente, 100% da gasolina de aviação distribuída no país é importada a partir do Golfo do México, de grandes empresas dos Estados Unidos.
No entanto, num passado recente, a produção era totalmente nacional e feita pela Petrobras, na planta da empresa em Cubatão. Mas a Petrobrás paralisou completamente a produção, em 2018, dentro do projeto de sucateamento da indústria nacional para pavimentar o caminho para a privatização.
Para a imprensa, a empresa alega que a unidade está em reforma. No entanto, a verdade é que entrou em parada de manutenção há dois anos e, desde então, nunca mais voltou à atividade.
A suspeita de adulteração é muito séria, pois coloca vidas em risco e mostra o quanto a privatização da empresa e a entrega do patrimônio brasileiro para o capital estrangeiro pode ser prejudicial para o país.
“A Petrobrás nunca enfrentou esse tipo de situação com nenhum tipo de combustível refinado no Brasil. A Revap produz querosene de aviação para vôos comerciais e sua qualidade nunca foi questionada. Pelo contrário: a produção nacional sempre passou por rígidos controles de qualidade. Esse episódio só prova que a luta contra a privatização não pode parar!”, disse a vice-presidente do Sindipetro-SJC, Cidiana Masini.
Entenda as denúncias
Os relatos sobre o possível combustível adulterado foram feitos no início da semana passada por pilotos de diversos estados, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás.
A Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves chegou a emitir uma nota na terça-feira passada (7), denunciando as suspeitas de irregularidade no combustível importado. Um fato grave que pode afetar a segurança de voo.
Segundo a ANAC, atualmente, cerca de 12 mil aviões usam esse combustível para voos de táxi-aéreo, particulares ou de instrução. Mas, por causa do combustível adulterado, muitos pilotos estão se negando a levantar voo.
Fiscais da ANP estiveram no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, na quinta-feira (9) e coletaram amostras para testes em laboratório.
Em comunicado emitido no sábado (11) à imprensa, a Petrobras admitiu ter identificado um lote do produto com "teor de compostos aromáticos diferente dos lotes até então importados", embora dentro dos requisitos de qualidade exigidos pela reguladora ANP.
Fonte: Sindipetro-SJC