Petroleiros de todo o país realizam dia de greve e atos contra privatização da Lubnor

Bases da FNP organizaram manifestações para interromper a venda da refinaria cearense, em defesa da Petrobrás 100% estatal e a fim de acabar com a política de desinvestimentos bolsonarista

Hoje (27/06), a categoria petroleira se uniu em todo o país para dar um basta ao processo de privatização da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste – Petrobras Lubnor, que foi vendida para a Grepar Participações (consórcio da Grecor Investimentos, Greca Distribuidora de Asfaltos e holding da GV) em maio de 2022, aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) na última quarta-feira (21/06).

A Lubnor está localizada em Fortaleza (CE) e tem em seu efetivo cerca de 500 funcionários, entre próprios e terceirizados, que anunciaram greve por tempo indeterminado. Em solidariedade, petroleiros de todo o país realizaram paralisações temporárias e atos em várias unidades da Petrobrás contra venda da refinaria – medida essa que faz parte da política de desinvestimentos da companhia adotada pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, em 2019.

Segundo a Agência Brasil, a atual direção da Petrobrás informou que ainda existem outras condições a serem cumpridas no âmbito do processo de privatização. Vale destacar que há uma série de pendências jurídicas a serem resolvidas, como questões fundiárias com a prefeitura de Fortaleza, proprietária de 30% do terreno onde está instalada a planta industrial.

Responsável por abastecer todos os estados do Nordeste e fornecer derivados para os estados do Amazonas, Pará, Amapá e Tocantins, a Lubnor também produz 10% do asfalto do país, além de lubrificantes naftênicos. A refinaria, no entanto, foi vendida pela bagatela de US$ 34 milhões, uma estimativa de 55% abaixo do valor de mercado.

Bases da FNP se somam aos atos contra a privatização da Lubnor

As bases da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) se somaram ao dia de luta contra a privatização da Lubnor. No Rio de Janeiro (RJ), dois atos foram realizados. Às 6h30, em frente ao Terminal da Baía de Guanabara (TABG); e às 12h, na entrada do Edifício Senado (Edisen), sede administrativa da Petrobrás.

“É fundamental a solidariedade ativa contra a venda da Lubnor. A gente viu que o governo Bolsonaro privatizou duas refinarias e deixou outras duas engatilhadas, mas acreditamos que o governo Lula deve impedir a concretização desse negócio, que também apresenta uma série de irregularidades”, diz Eduardo Henrique, secretário-geral da FNP e diretor do Sindipetro RJ.

Para o dirigente, também é estranho o fato de a Advocacia-Geral da União (AGU), assim como o departamento jurídico da Petrobrás, não questionarem o processo de venda deste ativo estratégico.

“A categoria tem que se levantar porque esse processo de privatização não corresponde às expectativas com o novo governo Lula e a nova gestão Jean Paul Prates. Quando o governo Lula assumiu e já na posse tirou a Petrobrás do plano de desestatização, as pessoas acreditavam que os processos seriam interrompidos e nada mais seria vendido. E a gente está vendo que isso não está acontecendo. As privatizações precisam ser canceladas”, enfatiza Eduardo Henrique.

Já na Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, os trabalhadores do turno da manhã e do horário administrativo realizaram um ato contra a privatização da Lubnor e atrasaram a entrada em 1 hora e 30 minutos.

“A importância do ato de hoje é mostrar que o trabalhador petroleiro é um só, aqui na Revap ou na Lubnor. Tivemos uma vitória importante na eleição do presidente Lula, porém a eleição por si só não está garantindo a parada desse processo de privatização”, diz Luiz Carlos Sendretto, diretor do Sindipetro SJC e da FNP.

“Precisamos continuar nos mobilizando, organizando os trabalhadores nas ruas ou nas portas das fábricas, para pressionar o governo e fazer com que as nossas reivindicações sejam atendidas. É preciso aproveitar esse momento também de campanha salarial, que é tão importante para a recuperação dos nossos direitos e da empresa como um todo. Todo apoio aos trabalhadores da Lubnor e pelo fim desse processo de privatização. O ato de hoje mostra que continuaremos lutando por uma Petrobras 100% estatal, em benefício da sociedade”, complementa Sendretto.

Os petroleiros do litoral paulista organizaram uma manifestação em frente à Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RBPC) e à Usina Termelétrica (UTE) Euzebio Rocha. Além de reforçar o apoio aos companheiros do Ceará, eles também protestaram contra as condições inseguras e insalubres do laboratório da unidade.

“O que está acontecendo hoje com a conclusão da venda da Lubnor é diretamente proporcional ao que acontece com o laboratório da RBPC. Ambos os fatos orquestrados por desgovernos, desde o golpe jurídico-parlamentar de 2016 e ampliado pela gestão bolsonarista dentro da Petrobrás, que ainda tem muitos dos seus representantes ocupando cargos de alta patente e seguindo com os atos orquestrados por Paulo Guedes e Castello Branco no plano de desinvestimento”, denuncia Fábio Mello, coordenador-geral do Sindipetro LP e diretor da FNP.

O dirigente relembra que esses mesmos gestores, nos últimos seis anos, enterraram o projeto de um novo laboratório para a Refinaria Presidente Bernardes, deixando como herança o atual equipamento sucateado, com riscos à saúde dos trabalhadores e que tem grande possibilidade de ser interditado pela Justiça.

“Esses gestores ainda estão ‘dando as cartas’ e precisam ser imediatamente substituídos. Não faltam profissionais nos nossos quadros, tanto de nível médio, como de nível superior, para ocupar essas posições dentro da companhia, atendendo o verdadeiro anseio da população brasileira, com uma empresa pública capaz de ofertar combustíveis a preços justos”, pontua Mello, salientando que a política de desinvestimentos e entrega de ativos deve acabar.

No norte do país, os petroleiros da Amazônia também organizaram uma manifestação contra a venda da Lubnor, na manhã desta terça-feira, em frente à sede da Unidade de Negócios do Amazonas (UM-AM), em Manaus.

“O Sindipetro PA/AM/MA/AP vem trazer toda a solidariedade aos companheiros da Lubnor, no Ceará. Este Sindipetro, que lutou muito pra não deixar venderem a UO-AM, também se coloca à disposição para fortalecer a luta  contra a privatização de uma unidade tão importante para o nosso país”, ressalta Silvio Cláudio, diretor do Sindipetro PA/AM/MA/AP e da FNP.

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