Sindipetro-AL/SE defende estatização das obras da Petrobrás

Jornal Ouro Negro desta terça-feira (24) traz matéria de capa sobre a Operação Lava Jato e as alternativas para a crise na Petrobrás

Na nova fase da operação Lava Jato o Ministério Público Federal (MPF) está exigindo a punição das empreiteiras envolvidas nas fraudes em processos licitatórios com a Petrobrás. Até agora haviam sido punidos apenas pessoas ? os executivos das empreiteiras e altos diretores da Petrobrás envolvidos no escândalo.

O MPF pede que as empreiteiras paguem multa de R$ 4,7 bilhões por terem pago propina em 33 contratos com a estatal. Além disso, pede a proibição de realizar novos contratos com poder público e de receber benefícios fiscais ou creditícios. Para ser consequente na defesa da Petrobrás é preciso exigir que todos os corruptos e corruptores sejam punidos, presos e que devolvam cada centavo aos cofres da empresa para reparar os prejuízos causados. Mas não basta punir as empreiteiras. A manutenção desse tipo de relação da estatal com empresas privadas, que têm como único objetivo obter lucros bilionários, já se mostrou uma verdadeira fonte de corrupção e prejuízos.

Por uma empresa estatal de obras

É um absurdo que várias obras, algumas quase acabadas, estejam paralisadas nesse momento por conta dos escândalos, deixando milhares de trabalhadores desempregados e causando um prejuízo gigante à Petrobrás e ao país. Para retomar a construção das plantas e da infraestrutura necessária para o crescimento da empresa é preciso romper imediatamente com todas as empreiteiras envolvidas nos escândalos. Nós defendemos que se crie uma empresa estatal de obras que possa retomar as construções de maneira limpa e segura. Essa é a política do Sindipetro AL/SE, da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) e da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular).

Lula e Dilma intervêm em favor das empreiteiras

A presidente Dilma e o expresidente Lula entraram em campo para tentar impedir que as empreiteiras sejam punidas.

Lula realizou reuniões com as empresas para discutir um saída em que elas não sejam prejudicadas e Dilma tem defendido a realização de um acordo de leniência em que as empreiteiras ?confessem? o que cometeram e possam retomar as obras e voltar a realizar contratos com o governo.

Nós achamos isso um grande erro. Após anunciar um nome do mercado financeiro para a presidência da empresa, que mantém a mesma lógica de submeter a Petrobrás aos interesses do lucro dos acionistas, agora a Presidente Dilma e o ex-presidente Lula assumem o lado dos corruptores para evitar que tenham prejuízos.

FUP também defende as empreiteiras

Esse também é o caminho seguido pela FUP, a federação governista, dirigida pela CUT. Em entrevista ao vivo na Record News, o dirigente da FUP, João Antônio de Morais, defende que empreiteiras, como a Odebrecht e a OAS, não devem ser retiradas dos contratos, porque no país não tem outras grandes empresas para substituí-las. Não abraçamos esse discurso a favor das empreiteiras.

Acreditamos que o dever de qualquer organização sindical, exceto as patronais, deve ser de unificar a categoria para defender a Petrobrás e os trabalhadores.

Aceitar qualquer tipo de acordo com corruptos e com corruptores é desmoralizar os trabalhadores e as suas organizações perante a população. Esses senhores não pensam no fortalecimento da Petrobrás e não podem continuar enriquecendo às custas da desmoralização da empresa e de prejuízos ao povo brasileiro.

Nenhuma confiança na CPI da Câmara

A Câmara de Deputados vai instalar uma CPI a partir da próxima quinta-feira (26/02) para investigar as irregularidades na Petrobrás. Os cargos da CPI já estão sendo loteados entre partidos da base do governo e da oposição de direita.

Nós não podemos ter nenhuma confiança nessa investigação. Eles têm as mãos sujas. As empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção doaram mais de R$ 50 milhões nas eleições de 2014 para um total de 243 dos deputados eleitos (43% do Congresso).

Dos 15 deputados que haviam sido indicados até o dia 22/02 para compor a CPI, 10 haviam recebido doações das empreiteiras que somavam  R$ 1,9 milhão. Portanto,  não têm nenhuma responsabilidade com uma apuração honesta que vise punir os  culpados e resgatar a confiança dos brasileiros em sua maior estatal.

A única forma de realizar uma investigação séria e honesta e acabar de uma vez por todas com a corrupção é colocando a Petrobrás sob o controle dos trabalhadores, pois são os únicos que podem conduzir a apuração dos desvios e tomar as rédeas da empresa para continuar a crescer e superar essa fase de desmoralização.

PARA ACABAR COM A CORRUPÇÃO E FORTALECER A PETROBRÁS

– Transformar a Petrobrás em uma empresa 100% Estatal controlada pelos trabalhadores;

– Romper os contratos com todas as empresas envolvidas nos escândalos e criar uma empresa estatal de obras que possa retomar as construções sem a corrupção, com a manutenção dos empregos e visando o fortalecimento da Petrobrás;

– Prender todos os envolvidos na corrupção e confiscar seus bens para que devolvam aos cofres da empresa tudo o que roubaram;

– Colocar sob a responsabilidade dos trabalhadores a realização de uma auditoria na empresa e a investigação dos desvios e pagamentos de propina.

Fonte: Jornal Ouro Negro / Sindipetro-Al/SE

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