Diretoria da FNP cobra posição da empresa durante reunião de acompanhamento do ACT e avisa que a categoria não aceitará mais adiamento
A diretoria da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) cobrou mais uma vez uma posição da Petrobrás sobre o adiantamento da PLR durante o primeiro dia de reuniões de acompanhamento do ACT nesta quinta-feira (26) na sede da empresa, no Rio. Após receberem a informação de que um fundo de investimento em empresas estatais já repassaram dividendos a acionistas, os dirigentes sindicais avisaram que a categoria está impaciente e não vai mais aceitar adiamento da decisão sobre a PLR.
Os gerentes se comprometeram a tentar uma posição da empresa até esta sexta (27), quando ocorre o segundo e último dia de reuniões. Os assuntos do dia foram regime de trabalho e terceirização e sexta será a vez de AMS e SMS. Participam da rodada de acompanhamento do ACT dirigentes da FNP e dos sindipetros do Rio de Janeiro, Litoral Paulista, São José dos Campos, Alagoas e Sergipe e Pará, Amazonas, Maranhão e Amapá.
Tanto nos preâmbulos quanto no primeiro assunto do dia, o regime de trabalho, na parte da manhã, a FNP e os sindicatos apresentaram uma série de denúncias de desrespeito do ACT, como demissão de dirigente sindical e outras práticas antissindicais, imposição de compensação de horas extras, discriminação contra mulher motorista, dificuldade na liberação de dirigentes sindicais, dupla função e falta de segurança, além da diminuição no efetivo por conta do PIDV, problemas na Transpetro e na Petros e com o pagamento de níveis e do dia do desembarque, entre outras. As denúncias foram anotadas pelos gerentes, que se comprometeram em respondê-las o mais breve possível.
Terceirização: precarização e corrupção
Na parte da tarde o assunto discutido foi a terceirização. De acordo com os próprios gerentes, apenas a holding Petrobrás (sem as empresas vinculadas) mantém atualmente mais de 260 mil trabalhadores terceirizados prestando serviços diretamente para ela. Estima-se que este número ultrapasse os 350 mil, considerando as empresas vinculadas à Petrobrás, para um efetivo próprio de cerca de 82 mil trabalhadores. Os diretores da FNP e dos sindicatos reiteraram a defesa da primeirização e ressaltaram que a terceirização é sinônimo de precarização e corrupção.
Foram relatados vários acidentes ocorridos com trabalhadores terceirizados nos últimos meses, inclusive alguns fatais. Para tentar combater esse mal, foi solicitado o relatório de todas as CIPAs das empresas terceirizadas e a previsão de instalação onde ainda não tem CIPA funcionando, como prevê a Norma Regulamentadora nº 5 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A gerência se comprometeu a solicitar essa informação já para a reunião da parte da tarde desta sexta (27), quando o assunto será SMS.
Com relação aos contratos com empresas envolvidas em corrupção, os sindicalistas defenderam punição de todos os envolvidos mas manifestaram preocupação com a continuidade das obras e dos empregos de milhares de trabalhadores. Alguns, inclusive, já estão sendo demitidos. Além disso, foram citadas diversas empresas terceirizadas com histórico de calote nos trabalhadores, mas que mesmo assim continuam prestando serviço para a Petrobrás. Os sindicalistas também manifestaram preocupação com a fiscalização destes contratos, com a atuação de trabalhadores terceirizados estrangeiros, com empresas terceirizadas de propriedade de parentes de petroleiros e ex-petroleiros e a terceirização total de sondas, onde até a fiscalização já está sendo feita por terceirizados e não por efetivos.
Os gerentes se comprometeram a verificar todos os problemas com terceirizadas relatados pelos sindicalistas. Além disso, será marcado um fórum para discussão sobre a falta de efetivo da Petrobrás em algumas unidades.
Obs.: Anteriormente, o texto afirmava que a Petrobrás já havia pago dividendos pelo menos a uma parte de seus acionistas privados. A informação foi corrigida.