O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou a venda de parte da BR Distribuidora e de gasodutos. A informação é do Estadão e também foi reproduzida por outros veículos de comunicação e até agora nada foi dito pela empresa.
Além de reafirmar a ausência de transparência da direção da companhia com o futuro da empresa, negando aos empregados o acesso a informações relevantes, a notícia da aprovação do desmonte da companhia causa ainda mais indignação pelo fato da reunião ter sido realizada no último dia 24, sexta-feira, data em que a categoria petroleira em todo Brasil realizou uma forte greve de 24 horas em protesto à venda de ativos, desinvestimentos e contra o PLS 131, de José Serra. Exigimos que a empresa se pronuncie imediatamente sobre as informações divulgadas pela grande imprensa! A categoria não pode ficar no escuro.
Enquanto faltam informações oficiais sobre o futuro da empresa, fontes da imprensa anunciam que a reestruturação e venda de ativos da Transportadora Associada de Gás (TAG), que opera os gasodutos da Petrobrás, foi aprovada pelo conselho da empresa.
Braço da Gaspetro, responsável pela rede de gasodutos da estatal, a TAG é o primeiro ativo na lista de desinvestimentos da Petrobrás. A previsão era a divisão da malha de dutos por regiões, o que abre caminho para a venda de participações de até 80% nos ativos. Uma das questões da venda da linha de gasodutos é o risco de se criar um monopólio privado sobre a rede que hoje tem controle 100% da estatal.
Segundo a Agência Estado, a diretoria da Petrobrás apresentou também o cronograma para a oferta pública inicial (IPO) de ações da BR Distribuidora, prevista para ainda este ano. O primeiro passo deve ser a realização de uma auditoria das contas da subsidiária como preparação para levar a oferta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A informação também consta no último boletim eletrônico do representante dos empregados no C.A, Deyvid Bacelar. Segundo ele, ?a organização já está estudando a possibilidade de um sócio estratégico e a abertura de capital. Embora a sinalização atual seja que, caso esse processo ocorra, envolva um percentual minoritário das ações, fica evidente a estratégia da Petrobrás reduzir seu poder de atuação no segmento de distribuição de combustíveis. Mais do que a redução dos investimentos no setor, esse processo significa a transferência de um ativo da empresa para o mercado, ou seja, nada mais do que uma privatização!?.
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A estatal quer realizar o IPO, com venda de pelo menos 25% da empresa, até o fim do ano.
O Plano de Negócios e Gestão da Petrobrás prevê a venda de US$ 15,7 bilhões em ativos até 2016. A diretoria de Bendine, também chamado de Vendine pela categoria, quer arrecadar ainda US$ 42 bilhões em venda de ativos entre 2017 e 2018.
O Conselho de Administração ainda discutiu aumentar o preço da gasolina, embora a avaliação seja de que não há condições de mercado para um reajuste da gasolina no momento. Para o conselho, a medida seria uma prova de independência em relação ao governo.
Para a próxima reunião, no final do mês de agosto, o conselho deverá tratar da reestruturação da Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a compra de sondas para a Petrobrás, formada pelo fundo Petros, Previ, Funcef e Valia, pelos bancos Santander, Bradesco e BTG Pactual, Petrobrás, EIG Global Energy Partners, a Lakeshore e a Luce Venture Capital e o fundo FI-FGTS.
Bendine teria informado que a previsão é de redução do número de encomendas de sondas de 29 para 19.
Discurso e ações diferentes da realidade
Durante os preparativos da greve de 24 horas, a companhia encaminhou comunicado aos trabalhadores, via intranet, falando que está disposta a dialogar com as entidades representantes dos trabalhadores e que se compromete a manter a força de trabalho informada sobre suas decisões. Porém, diferente do que diz para descaracterizar as mobilizações dos trabalhadores, nem há sinal de conversa com os sindicatos, muito menos houve um informe oficial da empresa sobre o futuro da companhia.
As negociações para venda da Petrobrás caminham a passos largos e de acordo com as projeções deverão liquidar 60% da empresa.
Está cada vez mais evidente que sem mobilização da categoria o plano de privatização da Petrobrás terá êxito e com isso as demissões em massa, como as que estão acontecendo e já desempregaram mais de 77 mil trabalhadores, a maioria terceirizados, avançarão.
Enquanto a diretoria da Petrobrás se preocupa em dar lucro aos acionistas, cabe aos trabalhadores o papel de lutar contra o desmonte da companhia, firmado em especulações e oportunismo. Está em prática um plano que sempre esteve na pauta das potências internacionais, tomar para si as reservas do petróleo brasileiro.
Fonte: Sindipetro-LP