“Brasileiros pagarão um preço alto pela privatização da Petrobrás. Ingênuos os que acham que a venda da empresa é a solução de todos os problemas”, destaca a direção da FNP
Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP
Não se deixe enganar pela aparência atraente do novo Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário 2016 (PIDV), este foi o recado deixado pela direção da FNP, durante reunião nesta manhã de terça-feira (5), cujo o objetivo é se preparar para o Fórum de Efetivo, a ser realizado amanhã (6).
Na parte da manhã, a direção discutiu dois pontos distintos. O primeiro, sobre casos de perseguição à categoria. No segundo, avaliou-se o PIDV 2016. De acordo com a direção, o que está por detrás dessa história nada mais é do que o desmonte da companhia a fim de vender os seus ativos futuramente. Em outras palavras, vão enxugar o quadro de trabalhadores, atraindo a mão-de-obra dos profissionais com menos tempo de casa e com grande capacidade técnica para aderirem ao programa.
“A Petrobrás é um produto da sociedade, é um produto histórico e social. Privatizar a empresa não é bom para nós, é uma perda”, disse emocionada Fabiola Monica da Câmara, do Sindipetro RJ.
De encontro ao que Fabíola fala, já afirmava o jornalista Fernando Brito em seu blog, em 2013: “o Brasil agregará mais petróleo ao mundo até 2025 do que o Oriente Médio.” Nesse contexto e com um pouco de boa vontade fica fácil decifrar o jogo do presidente Aldemir Bendine, cujo o histórico não é bom.
Política do desmonte
Quem é que não lembra do clima de terror criado no Banco do Brasil (BB), no final de 2014, quando Bendine era presidente? Na época, funcionários da Gerência de Comércio Exterior (Gecex), do banco, foram para as ruas denunciar o clima de tensão no ambiente de trabalho para forçá-los a se retirarem do setor que pretendiam desmontar.
Isso significa dizer que o atual presidente da Petrobrás já está acostumado a desmantelar estatais do Brasil. Agora, a bola da vez é a maior companhia estatal brasileira. “Ele fez o massacre do BB e agora vai fazer na Petrobrás”, desabafou Clarckson Messias, Secretário de Assuntos Jurídicos, Institucionais e Terceirizados da FNP.
Um país que encolhe
Obviamente, que a privatização da Petrobrás é uma perda imensurável, segundo a direção da FNP, uma vez que o país é auto-suficiente na produção do petróleo e o único detentor da tecnologia da extração do Pré-sal. Além disso, de acordo com a direção da federação, 15% do PIB nacional vem da empresa. “Imagina entregar isso para o capital internacional?”, questionou a direção.
A direção também deixa claro não ser contra o PIDV restrito aos que vão se aposentar. Mas, são taxativos aos trabalhadores novos, com qualificação profissional. Para eles, o programa não pode ser extensivo a esta categoria. “O Brasil pode perder mão-de-obra qualificada para empresas concorrentes, caso isso aconteça”, destacou a direção.
Outros pontos ainda devem ser discutidos durante a tarde de hoje.