Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro debate importância estratégica da empresa para o Brasil. Especialistas, políticos e sindicalistas denunciam ofensiva do capital internacional contra a Petrobrás
Na última quinta-feira, 15 de maio, foi realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro sobre a Petrobrás intitulada: Em defesa do Pré-sal , da Petrobrás sem Corrupção.
?Percebemos que o fato da Petrobrás ficar como operadora única do Pré-Sal contraria muitos interesses. Obviamente sabemos que jogar o preço do petróleo para baixo faz parte desse processo. Por isso, estamos aqui mais uma vez resistindo? disse o proponente da audiência o Deputado Estadual Paulo Ramos (PSOL/RJ).
O debate abordou o atual contexto político e a ofensiva neoliberal do governo interino de Michel Temer que entre outras medidas, pretende acelerar o projeto de lei do Senador José Serra e atual ministro interino de Comércio e Relações Exteriores que trata processo de partilha do Pré-Sal aprovado nó último mês de fevereiro.
?Eu vejo a iniciativa do Senador José Serra como extremamente impatriótica, descabida que não tem sustentação técnica e econômica. Esse projeto ameaça a soberania do Brasil, e lamentavelmente ele avança de uma forma ligeira e estranha. Hoje o Brasil é autossuficiente em petróleo, daí não há necessidade de se aumentar a produção na velocidade que se quer para exportar esse óleo. Isso tudo está sendo feito em um governo passageiro, provisório, sem legitimidade, com um presidente interino? ? criticou o Conselheiro da Associação dos Engenheiros da Petrobrás ? AEPET, Ricardo Maranhão, que também já foi diretor da Petrobrás.
Venda da Petrobrás Argentina em pauta
Na audiência pública também foi discutida a continuidade do processo de desmonte da Petrobrás, o seu conselho administrativo anunciou no último dia 12 de maio a venda de mais um ativo: a sua participação de 67% na Petrobras Argentina, vendida para a empresa Pampa Argentina por U$ 892 milhões.
?É mais uma negociata do antigo governo FHC, feita pelo então Presidente da Petrobrás, Philippe Reichstul. Eles compraram os ativos dessa empresa por U$ 1,20 bilhão em 2002, e agora vendem com uma diferença negativa de quase U$ 300 milhões. Nesta empresa a Petrobrás investiu pelo menos mais U$ 400 milhões, ou seja, um prejuízo enorme causado à Petrobrás e ao país? explicou Fernando Siqueira ? vice presidente AEPET, também presente no encontro na Alerj.
Além de debater a atual crise política e o desmonte da Petrobrás a audiência pública discutiu novas estratégias de enfrentamento aos ataques dos trustes internacionais à soberania do Brasil.
?A Petrobrás está sobre um grande ataque dos interesses internacionais. Pensar em privatizar a Petrobrás por si só já é um absurdo, e fazer isso nesse momento em que ela sofre um ataque da mídia com denúncias de corrupção, no momento em que o Petróleo cai de preço é um absurdo, é um crime de lesa pátria. A sociedade brasileira precisa se mobilizar de uma maneira forte e firme, e que mostre que não vai aceitar esse tipo de atitude? ? finalizou o Deputado Estadual Gláucio Julianelli (Rede/RJ), também presente na audiência.
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* André Lobão é jornalista da Agência Petroleira de Notícias – APN e TV Petroleira
Foto: Natãn Phillip