FNP e sindipetros do Rio e Litoral Paulista se somaram as outras entidades sindicais, movimentos sociais e frentes contra medidas do governo Temer
A categoria petroleira esteve representada no ato realizado pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas nesta segunda (6) na Fundição Progresso, Centro do Rio de Janeiro. Dirigentes e militantes da FNP e dos sindipetros do Rio e do Litoral Paulista se uniram aos trabalhadores das outras estatais, como o Banco do Brasil, a Caixa e os Correios, na atividade que contou com o apoio de todas as centrais sindicais e frentes que estão na luta em defesa das estatais e contra as propostas de privatização do governo interino do Temer.
O evento foi dividido em três momentos, sendo dois debates com a temática ?O que é público para você?? e um ato político com a presença do ex-presidente Lula. O primeiro debate teve como foco o histórico de luta dos trabalhadores contra tentativas de privatização das estatais brasileiras e contou com a participação do geólogo e ex-diretor de exploração e produção da Petrobrás Guilherme Estrella, e os dirigentes da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Roberto van der Osten, e do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), Ronaldo Leite, sob mediação do dirigente da Federação Única dos Petroleiros, João Antônio Moraes. O segundo debate focou na contribuição dos intelectuais e parlamentares de esquerda e teve a participação do cientista político Emir Sader, da filósofa e escritora Márcia Tiburi, do advogado e professor da Uerj Ricardo Lodi e da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), com a mediação de Maria Rita Serrano, coordenadora do Comitê responsável pela realização do evento.
No ato político, após as falas das centrais sindicais, o ex-presidente Lula fez um longo discurso defendendo a importância dos serviços prestados pelas empresas estatais principalmente aos mais pobres e criticou o processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff.
Petrobrás é o alvo
Entre os vários pontos em comum nos diversos discursos do dia, inclusive do ex-presidente Lula, um dos principais foi o protagonismo da Petrobrás diante da crise econômica e política. Se a queda vertiginosa do preço do barril de petróleo no mercado internacional e os esquemas de corrupção envolvendo a Petrobrás descobertos pela Operação Lava Jato serviram para justificar, ainda no governo do Dilma, a redução na atividade da estatal, com o aumento do desemprego e estagnação econômica como consequência imediata, agora também ajuda o governo interino de Temer a retomar com toda a força a agenda neoliberal no setor de petróleo, o que inclui o fim do modelo de partilha em tramitação no Congresso e a venda de importantes ativos, como a Transpetro, já em estágio avançado.
Dirigente da FNP e do Sindipetro-LP, Fábio Mello demonstrou a preocupação da categoria com a paralisação das obras e investimentos da Petrobrás. ?Acho que faltou um cuidado dos poderes, principalmente do Judiciário, quando impediu a continuação das obras, como o Comperj no Rio de Janeiro e a fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, entre outros empreendimentos que a Petrobrás vinha tocando. Isso trouxe um enorme prejuízo para a companhia porque hoje esses ativos eram para estar produzindo e a Petrobrás lucrando. Sem falar do desemprego que causou nas regiões e a destruição da expectativa desses lugares. O Comperj ia empregar muita gente direta e indiretamente. As obras da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas foram paralisadas faltando apenas 20% para ser concluída. Então, a Petrobrás sofreu sim um golpe junto com o país?. Mello também aponta o perigo da alternativa para a crise econômica que vem sendo defendida pelos patrões. ?Articulados com esse governo ilegítimo, a CNI, a Fiesp e todos os empresários estão querendo retomar o crescimento industrial às custas dos trabalhadores, querendo mexer em direitos previdenciários, ampliar a terceirização, negociar sobre o legislado. Então, são muitas coisas que nos levam à luta?.
Emanuel Cancella, dirigente da FNP e do Sindipetro-RJ, também defende que os petroleiros precisam reagir diante dessas propostas. ?Esse governo interino do Temer já disse que vai privatizar principalmente a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa, além de fazer a reforma previdenciária e trabalhista e esvaziar os programas sociais. Na verdade, isso não é um governo, isso é uma proposta de ataque direto às conquistas dos trabalhadores brasileiros. Então, esse ato na Fundição Progresso é para ressaltar que nós vamos reagir, nós não vamos aceitar a entrega do nosso petróleo?. De acordo com Cancella, a defesa do patrimônio público tem apoio da imensa maioria dos brasileiros. ?O Brasil 247 fez uma pesquisa onde mais de 90% da população não aceita a venda do pré-sal e da Petrobrás. Então, nós não estamos na contramão da história, estamos na linha certa da história e se o governo interino do Temer insistir nessas propostas com certeza faremos uma greve por tempo indeterminado e com a ocupação das unidades da Petrobrás, retomando a campanha O Petróleo É Nosso, quando civis e militares, conservadores e comunistas participaram dessa luta que resultou na criação da Petrobrás. Isso quando o petróleo era um sonho. Agora, com o pré-sal produzindo 1 milhão de barris por dia, nós vamos lutar para garantir que essa conquista de todos os brasileiros sirva para financiar o déficit social que temos com o povo brasileiro?.
Fotos: Samuel Tosta e Vanor Correia