Apesar disso, respostas trazidas à mesa de reunião não foram satisfatórias para direção da FNP. Petroleiros reafirmam que algumas informações não condizem com a realidade das unidades da Petrobrás
Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP
Durante a manhã da última quinta-feira (30/6), a direção da FNP e o RH/SMS se reuniram no Rio de Janeiro. A ideia era ouvir as repostas pendentes do setor sobre questionamentos feitos durante a última reunião, realizada em meados de junho.
O feedback da empresa estava bem elaborado e organizado, o que demonstrou que o RH tentou fazer o seu dever de casa. No entanto, parece que existem alguns ruídos de comunicação na apuração dos fatos junto aos gerentes locais. Diante disso, a direção da FNP reafirmou que as informações trazidas não condizem com a realidade.
É possível pensar, a partir dessa reunião, que o RH desconhece a práxis e, em vez disso, faz um trabalho baseado apenas na concepção teórica e hipotética para orientar e interpretar a realidade das unidades.
Contudo, a direção da FNP espera que, com a reestruturação da área de SMS, os profissionais do setor sejam realmente eficientes e capazes de solucionar problemas, causados pelo mau gerenciamento, praticado ao longo do tempo na companhia. Uma prática que persiste até hoje e, consequentemente, descumpre o acordo coletivo dos petroleiros.
A FNP criticou ainda a política de cortes de investimentos, que vem sendo realizada na área de SMS, como o fim das academias, a redução de exames médicos periódicos, o treinamento de brigadistas sem qualidade técnica, além de outros. “A gente fica vendo as coisas boas serem desmontadas e é angustiante. A empresa tirou as colônias de férias para os filhos dos petroleiros, no RJ. O convênio que a Petrobrás tem com os bombeiros, que visa treinar as crianças, um trabalho belíssimo, de repente, vai acabar também,? desabafou Emanuel Cancella, da FNP.
Para Lourival Júnior, da FNP, muita coisa ainda precisa melhorar no que diz respeito a área de SMS da companhia. ?Essas respostas não são as que gostaríamos de ouvir. A SMS da Petrobrás precisa funcionar baseada integralmente no SESMETI”, afirmou.
Confira, abaixo, algumas das vagas repostas apresentadas pelo RH:
– Assinatura do Código de ética e de conduta
Segundo o RH/SMS, eles precisam evidenciar que os trabalhadores estão de acordo com o código e a assinatura é uma forma de comprovar isso, é uma maneira de evidenciar para a direção da empresa.
A FNP é contra a exigência por entender que a ética e a boa conduta devem começar a ser praticadas pela direção da empresa. No entanto, na atual conjuntura, a direção não tem condições de impor esse tipo de obrigatoriedade.
– Treinamento de gerentes para demitir petroleiros
A direção da FNP tinha questionado a empresa sobre treinamentos de gerentes para demitir petroleiros, baseado na cláusula 80, do Acordo Coletivo de Trabalho. A empresa respondeu que foi um equívoco e que nunca existiu esse tipo de treinamento. O fato existente sobre tal cláusula se deu referente a avaliação de um trabalhador que não alcançou a nota mínima em um curso de formação, na Universidade Petrobrás.
– Benefício Farmácia
A FNP criticou a reportagem exibida durante o programa Fantástico, da TV Globo. Para ela, as informação divulgadas são tendenciosas e buscam denegrir a imagem da empresa e dos petroleiros. Portanto, não corresponde com a realidade do benefício negociado com os representantes dos trabalhadores. A FNP exigiu que a direção da Petrobrás faça uma retratação junto à emissora, no sentido de esclarecer todos os fatos para a sociedade.
O RH/SMS respondeu que sobre os escândalos divulgados na grande mídia, tendo em vista a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), entrará com pedido judicial para que a empresa Global garanta acesso a todos os documentos que envolvem as 13 mil operações citadas na investigação. A partir dessa documentação, todos os casos serão investigados e eventuais punições, aplicadas.
É preciso que a companhia tenha acesso a documentos, como receita médica, dia em que a compra foi realizada e cópias das carteiras de usuários do Benefício Farmácia, para que possa avançar nas apurações. Atualmente, esses dados não estão disponíveis para a Petrobrás. Nos casos citados em matéria, a Petrobrás conseguiu identificar três usuários e já denunciou às apurações. A Petrobrás informa ainda que, em conformidade com a decisão do TCU, pretende alterar a forma de prestação do Benefício Farmácia, concentrando as operações na área de Recursos Humanos da companhia.
– Turno dos técnico de segurança (SMS)
Segundo a empresa, o turno tem sido cumprido conforme manda a legislação trabalhista.
– Acidentes
De acordo com a empresa, foi feito um estudo, no período de 2012 a 2016, sobre acidentes em refinarias e áreas de indústria. No final do trabalho, concluiu-se que, no período estudado, ocorreram 12 acidentes em áreas de refinarias e em unidades. Alguns gravíssimos. Como três destes acidentes foram de trânsito e aconteceram na Revap, eles afirmaram que vão criar um programa para verificar a velocidade dos carros, que deve ser de 30 km/h dentro das refinarias.
Para a FNP, essa metodologia de criar grupo de estudos ou comissões são cuidados paliativos, porque não resolvem, de fato, os problemas.
– Técnico de segurança das Transpetro
O RH/SMS informou que estão fazendo uma avaliação sobre quem está saindo pelo PIDV e onde está sobrando mão de obra. O objetivo é fazer um remanejamentos desses trabalhadores.
– Supervisores cobrindo falta de operadores nas refinarias
Segundo o RH/SMS, na Revap, eventualmente, supervisores cobrem operadores. Mas, todos os supervisores estão capacitados para cobrir. Se eles não estiverem, os supervisores solicitam que o técnico dobre de turno até que o outro técnico chegue.
– Treinamento de brigada na Revap
De acordo com a empresa, os treinamentos são realizados no horário de turno, ajustando a carga horária e foram regularizados desde 2015.
Para a FNP, atualmente o que está sendo oferecido são cursos sem qualidades. Ela considera que o assunto não está sendo tratado com seriedade. Para ela, muitos gerentes setoriais criam suas próprias regras e passam por cima das normas da empresa, dos padrões corporativos e até mesmo da legislação brasileira .
– Falta de uniformes RFs para trabalhadores
A empresa informou que existe um grupo analisando e estudando a necessidade quantitativa de EPI's nas unidades. Eles também estão estudando a elaboração de uma capa de chuva RF, de uso coletivo e permanentemente higienizada. De fato, concordam que existem unidades que não estão recebendo os uniformes e que irão apresentar um levantamento sobre a situação, a fim de solucionar o problema.
FNP disse que existem muitos operários que já solicitaram uniformes há meses e ainda não receberam.
– Quatorze operários de Mexilhão foram impedidos de desembarcar por causa de gripe
A FNP cobrou esclarecimento sobre o caso e o RH/SMS reconheceu que 14 petroleiros adoeceram.Um médico, que estava abordo na plataforma, entrou em contato com a equipe e passou orientações médicas. Segundo o setor, os petroleiros foram medicados e cumpriram a sua jornada de trabalho. Quando desembarcaram, fizeram alguns exames. O quadro de gripe não foi confirmado.
– Revisão do quadro de vigilante em AL/SE
A empresa respondeu que o terminal está cercado de comunidades e os bandidos estão atacando os vigilantes. Por isso, foi revisto o número de vigilantes, criou-se uma guarita para eles e instalou-se câmeras. Pediu-se a prefeitura que capinasse o mato ao redor do terminal e para que tirassem os quebra-molas em lugares de risco. Houve também reuniões com a Polícia Militar para intensificar a ronda no local.
– Atividade física
A companhia disse que a orientação é que a atividade física seja incentivada em todas as unidades. Para isso existem várias modalidades de incentivo. Existem academias internas e situações de reembolso de academias externas. Tem também situações de convênios com academias externas. Mas, cada unidade determina como vai fazer.
FNP não concorda com essa resposta, uma vez que, na maioria das unidades, as academias foram extintas. Existem também várias academias conveniadas com a Petrobrás e que nunca foram conveniadas com a Transpetro.
– Retirada de sobreaviso do terminal de Belém
Na concepção da empresa não existe situação de sobreaviso.
– UTI móvel no RJ
A empresa afirmou que atua com algumas modalidades de UTI, dentre elas: helicóptero, ambulância e até mesmo Samur, em alguns locais. Mas nem sempre o atendimento de emergência é melhor de helicóptero. Além disso, nem todos os hospitais do RJ têm pontos para helicópteros. Para a empresa, é preciso saber qual é o melhor recurso para cada unidade. Por isso, está sendo feito um estudo para saber qual é o recurso mais adequado. Este estudo deve ficar pronto em setembro.
A FNP não concorda com essa política. Segundo a federação, a Petrobrás tem condições de garantir um serviço de urgência e emergência para os trabalhadores.
– Vazamento na TABG, em 2014
A companhia disse que todos os trabalhadores foram atendidos. Alguns tinham lesões de queimadura de 1º grau e removido para um hospital de referência. Os que não tiveram queimaduras foram tratados e tomaram medicação. Estes estão sendo acompanhados até hoje.
– Horário de almoço no ambulatório
O RH/SMS explicou que existia uma rotina estabelecida durante o horário de almoço, em que o técnico levava o rádio para o almoço. Agora, decidiram que não terá mais rádio, pois o médico e o técnico vão almoçar em horários diferentes.
– Dificuldade de embarque de dirigentes sindicais em Urucu
Para a FNP, essa prática é constante e dificulta atuação sindical junto aos trabalhadores. Mas, a empresa informou que sempre que é solicitado, o pedido é atendido. FNP afirma que é mentira.
– Revisão da norma de alguns exames e a inclusão de outros
O RH/SMS informou que comissão que está tratando desse assunto foi alterada. Até outubro deverão ter uma resposta.