Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP e
Emerson José, jornalista do Sindipetro-SJC
Ao chamar a jornalista do Sindipetro-PA/AM/MA/AP para declamar uma poesia na abertura do 10º Congresso Nacional da FNP, a Federação anunciava a intenção de fazer um evento de inclusão. Em voz alta, numa apresentação corporificada, Priscila Duque, durante o discorrer dos versos de ?Mulheres Negras?, de autoria de Yzalú, colocou em pauta os padrões de beleza feminino e, sobretudo, a condição da mulher negra na sociedade.
?Enquanto o couro do chicote cortava a carne; A dor metabolizada fortificava o caráter; A colônia produziu muito mais que cativos; Fez heroínas que pra não gerar escravos, matavam os filhos; Não fomos vencidas pela anulação social; Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial; O sistema pode até me transformar em empregada; Mas não pode me fazer raciocinar como criada; Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo; As negras duelam pra vencer o machismo, o preconceito, o racismo…?, recitava Priscila.
A abertura do congresso, foi realizada na tarde da última sexta-feira (22/7), em Macaé, cidade fluminense do Rio de Janeiro, localizada na Bacia de Campos, de onde sai cerca de 80% do petróleo brasileiro. O tema definido ?Nenhum Direito a Menos! Por uma Petrobrás 100% Estatal? foi escolhido por fazer alusão a defesa da Petrobrás, uma das maiores riquezas do Brasil.
Embora algumas divergências políticas, o assunto mais frequente na mesa foi a defesa da Petrobrás e do pré-sal, além de manobras a fim de barras as mudanças que estão sendo feitas nas regras do pré-sal. Em clima de que estamos novamente numa luta com semelhanças à do passado, agora, vem o mote, ?o pré-sal tem que ser nosso?.
Em meio as discussões, Fábio Melo, Sindipetro-LP, enfatizou que ?se perdemos a Petrobrás, se acabarem com a companhia, não vai mais existir FNP e nem FUP. Neste momento, devemos nos unir para lutar contra a destruição da Petrobrás?.
Compuseram a mesa de abertura: Adaedson Costa (Sindipetrol-LP); Emanuel Cancella (Sindipetro-RJ); Alealdo Hilário (Sindipetro-AL/SE); Agnelson Camilo (Sindipetro-PA/AM/MA/AP); Rafael Prado (Sindipetro-SJC); Edison Munhoz (representando a CUT); Edson Carneiro ?Índio? (INTERSINDICAL); Atnagoras Lopes (Conlutas) e Paulo Brandão (Aepet). Petroleiros de várias regiões do Brasil estiveram presentes.
Conjuntura econômica
O companheiro Adhemar S. Mineiro do DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos) apresentou uma palestra cobre conjuntura econômica na tarde desta sexta-feira, 22, no 10º Congresso Nacional da FNP. Adhemar expôs dados gerais da economia e da Petrobrás nos últimos anos.
Dos pontos que mais chamaram a atenção, destaca- se a análise sobre os dados de estagnação econômica que já vem desde 2014 e agravaram-se em 2015 e 2016. ?A continuar os mesmos índices de desempenho econômico, não haverá ganho real nos salários no próximo período. Ficaremos limitados a reposição do IPCA?, alertou.
A análise específica sobre o setor de petróleo e energia constata que a queda do preço do petróleo foi mais acentuada, mas apresentou uma recente recuperação, sendo cotado agora por volta dos U$S 50 o barril. Já a produção de derivados está estabilizada, não tem caído, ao contrário da venda de derivados, que é sujeita a variação do dólar.
A Petrobrás vem de um período longo de ajustes. A política focada na gestão da dívida, a tentativa de venda de ativos da empresa, a redução dos números de trabalhadores próprios e outros fatores visam fragilizar a empresa e justificar a sua privatização a conta gotas.
A partir de 2015-2016 veio a questão do endividamento. Hoje, a Petrobrás apresenta uma dívida por volta de U$S 100 milhões, o que realmente é alta. Contudo, a companhia possui ativos que garantem qualquer investimento, a cotação do barril se estabeleceu um pouco nos últimos meses e a energia fóssil ainda é a principal fonte de energia no mundo.