Uma das categorias mais combativas do país, com forte tradição de luta e resistência aos ventos privatistas do PSDB, tendo como maior exemplo a histórica greve de 1995, teve seus recursos utilizados pela Petros para financiar a privatização do aeroporto de Guarulhos.
Isso porque a Petros integra a Invepar, consórcio vencedor do leilão promovido pelo Governo Federal. A Invepar é formada pela associação da construtora OAS, com 19,3% do capital, e os três maiores fundos de pensão de estatais com o restante do capital: PREVI, do Banco do Brasil, PETROS, da Petrobrás e FUNCEF, da CEF.
A Invepar já controla a Linha Amarela, Raposo Tavares, o Metrô Rio, Bahia Norte, Litoral Norte, além de 25% da CRT (Concessionária Rio-Teresópolis).
O LEILÃO
A privatização do maior aeroporto do país, o aeroporto internacional de Guarulhos, foi efusivamente comemorada na imprensa. A venda foi realizada por pouco mais de R$ 16 bilhões e o pagamento será feito em até 20 anos. O investimento previsto ao longo dos 20 anos de concessão é de R$ 4,6 bilhões, tendo sido dado lance de R$ 16,2 bilhões no leilão.
De acordo com a própria Infraero, Guarulhos, por exemplo, deu um lucro de R$ 770 milhões só em 2011, com uma movimentação diária de 160 mil pessoas e perspectivas de aumento no próximo período. O lucro irá certamente para os consórcios privados, mas a maior parte dos investimentos após a privatização virá do BNDES, uma empresa pública.
Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), ?a participação no leilão não foi discutida no Conselho Deliberativo da Petros, aparentemente estando dentro dos limites de investimento da Diretoria da fundação, de acordo com o Estatuto vigente. Embora o novo Estatuto, em fase final de aprovação pelas patrocinadoras, institua limites menores e a boa prática seja levar os assuntos estratégicos ao Conselho Deliberativo.?
Sabemos que não é novidade o uso dos fundos de pensão para viabilizar privatizações. Foi assim durante a onda neoliberal que contaminou o período em que o PSDB esteve no poder. Os setores siderúrgicos, de energia elétrica e telecomunicações foram atingidos por esta política entreguista, de fidelidade cega ao capital. O que surpreende é que este crime de lésa-pátria se repita em um governo forjado na classe trabalhadora, que pavimentou a mais recente campanha eleitoral no discurso anti-privatista. Tal contradição não passará impune pela classe trabalhadora.
Por isso, a Federação Nacional dos Petroleiros repudia de forma contundente esta ação da Petros. Os recursos dos trabalhadores da Petrobrás devem ser utilizados em projetos e investimentos que contribuam de fato para o desenvolvimento do país e que tenham como eixo o avanço do nível de vida da população brasileira. Evidentemente, não é preciso dizer que a privatização cumpre o papel oposto: precarização das condições de trabalho, demissões, perda de direitos, lucro para as grandes multinacionais e corporações, precarização e encarecimento dos serviços prestados e um longo eticétera.
O que queremos é uma Petrobrás sob a gestão dos trabalhadores e 100% estatal, com o resgate do monopólio do petróleo, sem qualquer indenização às multinacionais parasitas que há anos se apropriam dos recursos naturais estratégicos do país. O petróleo tem que ser nosso!