Através do Blog Fatos e Dados, a Petrobrás anunciou na última sexta-feira (14) que está em negociação avançada com a Ultrapar, do grupo Ultra, que também é um dos proprietários da rede de postos Ipiranga, para a possível venda da Liquigás Distribuidora S.A. (Liquigás).
Segundo informa a Petrobrás, a transação depende ainda da finalização das negociações e da aprovação pelas instâncias internas de ambas as Companhias e pelos órgãos reguladores competentes. De acordo com a agência Reuters, a oferta feita pela Ultrapar chegar a R$ 3 bilhões, ultrapassando a Supergasbras, da holandesa Dutch SHV, e de outras duas companhias nacionais.
A negociação da Liquigás faz parte do processo de desinvestimentos da Petrobrás. Até o momento, a empresa anunciou operaçãoes que chegam a US$ 9,8 bilhões, cerca de 65% da meta para o período 2015-2016.
Para o biênio 2017-2018, o plano de negócio da Petrobrás estabeleceu uma meta adicional de venda de ativos de US$ 19,5 bilhões. Além da Liquigás, então dentro dos planos a negociação da BR Distribuidora, da Petroquímica de Suape, e sua participação na Braskem, entre outros.
A Ultrapar é uma companhia multinegócios com atuação em varejo e distribuição especializada, por meio da Ultragaz, Ipiranga e Extrafarma, na indústria de especialidades químicas, com a Oxiteno, e no segmento de armazenagem para granéis líquidos, por meio da Ultracargo, é um dos maiores grupos empresariais brasileiros.
Com um quadro de 14 mil funcionários diretos, a Ultrapar detém operações em todo o território brasileiro e possui, através da Oxiteno, unidades industriais nos Estados Unidos, no Uruguai, no México e na Venezuela e escritórios comerciais na Argentina, na Bélgica, na China e na Colômbia.
Colaboração com a Ditadura
No passado, durante a Ditadura Militar, o grupo Ultra foi um dos principais colaboradores da Operação Bandeirantes (OBAN), uma ação do Exército brasileiro financiada por grupos empresariais vinculados a Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), que visava investigar e caçar grupos da guerrilha de esquerda que atuavam no Brasil contra a Ditadura Civil Militar.
A colaboração do grupo Ultra com a Ditadura é relatada no documentário ?Cidadão Boilesen?, de Chaim Litewski, de 2009. O filme aborda a trajetória do dinamarquês Albert Hening Boilesen, presidente do grupo, que segundo depoimentos dados por militantes à película, participava de interrogatórios e sessões de tortura realizadas na sede da OBAN em São Paulo a partir de 1969.
Boillesen acabou assassinado por militantes do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) e da Ação Libertadora Nacional (ALN) em 15 de abril de 1971, na cidade de São Paulo, em ação planejada como represália a seu envolvimento na repressão.
Fonte: Jornal GGN e Memórias da Ditadura (reproduzido da Agência Petroleira de Notícias).