Equivalente a um prédio de quarenta andares e à largura de um quarteirão, a plataforma P-36 vinha sendo o orgulho da Petrobrás pela grande escala de sua produção: cerca de 80.000 barris de petróleo por dia. A quantia, na época, correspondia a cerca de 6% da produção nacional; nada mal para uma construção que custou cerca de 430 milhões de dólares ao País. Operando há cerca de um ano no campo de Roncador, a glória da P-36 não durou muito, e, na madrugada do dia 15 de março de 2011, há exatos 11 anos, duas explosões mataram 11 petroleiros e se encarregaram de submergir a plataforma cinco dias depois.
De acordo com relatório da ANP e da Marinha, o desastre ocorreu por erros de projeção, manutenção e operação, e a principal causa da explosão foi um problema no fechamento de uma válvula. O relatório afirmava, ainda, que dispositivos de detecção e contenção de gás e equipamentos resistentes a explosões deveriam ter sido utilizados. Outra deficiência ressaltada foi a ligação no tanque de emergência a um equipamento chamado ?manifolde de produção?, onde se armazenam óleo de gás. Na P-36, só havia uma válvula ? quantidade insuficiente ? isolando o tanque desse equipamento.
Sempre cobrada por melhores condições de trabalho, a Petrobrás provou mais uma vez com este acidente que deixa muito a desejar na elaboração e cumprimento de medidas concretas para a segurança do trabalhador. É ignorando a necessidade de reverter essa situação que a companhia assume o papel de vilã, dando a impressão de não se importar com seus funcionários.
A situação só piora com afirmações como ?Os 50 milhões de dólares mensais que deixarão de entrar na empresa representam relativamente pouco quando se consideram os 27 bilhões de dólares do nosso faturamento anual?. A célebre frase foi dita, em 2011, pelo então diretor financeiro da estatal, Ronnie Vaz Moreira. Com isto, dá para entender o seguinte: que, mesmo com um faturamento tão generoso como este, a Petrobrás se recusa a aprimorar o ambiente de trabalho do petroleiro, transformando a morte de pais de família em mera estatística.
Os inúmeros acidentes, muitos deles fatais, o aumento no número de trabalhadores terceirizados e a consequente precarização das condições de trabalho, mostram que a companhia está longe de usar a memória desta tragédia como um marco para a sua política de segurança. A Petrobrás de 2012 é a mesma de 2001. Afinal, continua priorizando o lucro a qualquer preço. Mesmo que isso coloque em risco a vida daqueles que ajudaram a construir a maior empresa do País.