Dia Nacional dos Aposentados em tempos do ultracapitalismo

O que era para ser uma homenagem aos trabalhadores que contribuíram com o seu suor durante boa parte de sua vida, em seu lugar, soa como um alarme para a categoria

Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP

Com políticas ultracapitalistas impostas pelo atual governo, tirando direitos, diminuindo salários, cortando benefícios sociais básicos como saúde, educação, segurança, aposentadorias e congelando por 20 anos as possibilidades de desenvolvimento têm como consequência uma perversa e lenta matança de inocentes da grande maioria pobre de nosso país.

Aos aposentados está previsto uma vida com doenças absolutamente evitáveis, sem conseguir seus remédios e o acesso à saúde pública. Assim, condenados a morrer antes do tempo.

Por isso, o que está em curso é o retrato do desmonte da nação. A implantação de um neoliberalismo ultraconservador e predatório que praticamente anula as conquistas sociais em favor de milhões de pobres e miseráveis, tirando-lhes direitos salariais, regime de trabalho e aposentadorias.

O INSS tem mais de 28 milhões de aposentados no Brasil e, somente uma pequena parcela desses beneficiários consegue sobreviver com o que recebem. Mas a grande maioria vive de forma subumana, dependendo de ajuda de parentes próximos para conseguir suprir com seus gastos mensais, principalmente com remédios.

Mais de um terço das pessoas acima de 60 anos que já estão aposentadas no Brasil continuam trabalhando, segundo pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A proporção é de 33,9%. Considerando os aposentados que tem entre 60 e 70 anos, o percentual dos que trabalham sobe para 42,3%.

A principal justificativa entre os aposentados, segundo a pesquisa, é a necessidade de complementar a renda. Para 46,9%, a aposentadoria não é suficiente para pagar as contas e despesas pessoais.

Para piorar a situação, a Reforma da Precedência, proposta pelo Governo Michel Temer, vai ter um impacto positivo para os cofres públicos e dificultará o acesso à aposentadoria para quem ainda não tem o direito ao benefício. A aposentadoria integral, por exemplo, exigirá 49 anos de contribuição e haverá regras de transição. Além disso, benefícios pagos a idosos de baixa renda e deficientes, uma parte essencial da assistência social, que no Brasil faz parte do sistema da Previdência, serão achatados para que não haja “concorrência” entre esta modalidade (que não exige contribuição) e a aposentadoria.

Mais que tudo, começou-se a leiloar bens coletivos como partes da Petrobrás e a colocação à venda de terras nacionais. A privatização significa sempre uma diminuição do bem de interesse geral que passa às mãos do interesse particular.

Com razão, denuncia o cientista político Jessé Souza: ?O Brasil é palco de uma disputa entre dois projetos: o sonho de um país grande e pujante para a maioria; e a realidade de uma elite da rapina que quer drenar o trabalho de todos e saquear as riquezas do país para o bolso de meia dúzia. A elite do dinheiro manda pelo simples fato de poder ?comprar? todas as outras elites?. E assim, o governo segue sem tomar providência para mudar esse quadro.

Valorosos aposentados brasileiros, neste 24 de janeiro, parabéns pela luta! Vamos resistir e reverter esse quadro.

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