Manaus – A suspensão dos trabalhos de oito empresas terceirizadas da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) por duas horas, realizada na manhã desta quinta-feira (29), foi um sinal de alerta para uma paralisação que os funcionários e os sindicatos dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracomec) e dos Petroleiros do Estado do Amazonas (Sindipetro/AM) prometem fazer na terça-feira, dia 3 de abril. A paralisação pode afetar o abastecimento de combustível caso ultrapasse dez dias.
?As distribuidoras têm estoque de dez dias (…) A princípio não tem nenhum risco?, disse o vice-presidente da entidade que representa os revendedores de combustíveis do Amazonas, Geraldo Dantas.
Dos 1,3 mil trabalhadores que atuam na Refinaria de Manaus, mais de 80% pertencem ao quadro de empresas terceirizadas e ocupam funções chave para o processo de refino de combustível, como caldeireiro, agente de montagem, soldador, apontador, encarregado e técnico de segurança.
Dantas ressalta que só a Petrobras faz o ?bombeio? de combustível em Manaus. Apesar da possibilidade de paralisação, o dirigente acredita que a questão será resolvida sem prejuízo à população.
As reivindicações da categoria iniciaram em outubro de 2010 e nesse período pelo menos cinco grandes paralisações já foram deflagradas na refinaria instalada na capital do Amazonas.
Segundo o vice-presidente do Sintracomec, Cícero Custódio, mais de 130 funcionários de duas empresas que prestam serviço à estatal estão há um mês trabalhando sem receber. Eles se juntaram a outros cem que saíram das terceirizadas J&J Montagem e Manutenção e Comin Montagem e Manutenção, sem ser indenizados há mais de 70 dias.
De acordo com o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Amazonas, Acácio Carneiro, a J&J e a Comin não prestam mais serviço à estatal. ?Como a Petrobras contrata uma empresa que não paga os funcionários ? Eles (as empresas) não acusam a Petrobras e dizem que não têm dinheiro. É descontrole mesmo?, disse Acácio.
O vice-presidente do Sintracomec afirma que foi feito um acordo entre a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-AM), a Petrobras, os sindicatos dos petroleiros e da construção civil e as prestadoras de serviço. ?Há um mês eles ficaram de pagar os salários atrasados em oito dias (…) Já passaram 25 dias e não foi pago?. O superintendente da SRTE-AM, Dermilson Chagas, confirmou que o acordo foi feito e disse ainda que a empresa iria viabilizar os recursos e repassar aos trabalhadores.
Além dos salários atrasados, os funcionários reivindicam o pagamento de hora extra, a rota de transporte e mais segurança no local de trabalho.
O Ministério Público do Trabalho no Amazonas (MPT-AM) informou que abriu um procedimento para investigar as questões trabalhistas reivindicadas pelos terceirizados.
A Petrobras, por meio da assessoria, informou que não iria se pronunciar sobre a paralisação. ?Conforme orientação, a Petrobras não vai se posicionar sobre o assunto, porque a companhia não tem nada a ver com a gestão entre essas empresas e seus funcionários?, diz a nota.
O Portal D24AM tentou contato com a empresa J&J, com sede na Bahia, mas as chamadas não foram atendidas.
Fonte: Portal D24AM