Dia 8 de março: mulheres petroleiras em luta

O ano de 2017 se insere num contexto mundial de retrocessos para a classe trabalhadora, em especial para as trabalhadoras e setores mais oprimidos

Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP

O Capital intensifica a exploração da classe trabalhadora e aplica medidas neoliberais cada vez mais violentas para garantir seus lucros. As mulheres, particularmente, têm se levantado no mundo todo, contra os retrocessos de seus direitos e contra a violência da cultura machista.

Na categoria petroleira, a luta das mulheres também é intensa e obteve importante conquista no ACT 2015-2016, com a redução de jornada para lactantes. No entanto, a direção da Petrobrás vem protelando a implementação da redução de jornada.

Após a empresa enviar carta aos sindicatos, que não mencionava um prazo para implementação da redução da jornada para lactantes, ela enviou uma minuta que estabelecia o prazo de 31 de março para a implementação deste benefício. Após pressão da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), a empresa enviou um ofício em que informava que nas bases que assinassem o ACT, a implementação seria imediata.

Isso está sendo amplamente questionado pelas mulheres da categoria. O benefício dura apenas seis meses e o atraso na implementação significará para muitas mulheres o não benefício, para outras a perda de metade ou um terço do benefício.

As petroleiras alegam que esse benefício é consensual. Portanto, não há motivo para protelamento algum. As trabalhadoras defendem isso desde 2013. A BR já tem esse benefício há mais de 10 anos.

Diante das reivindicações feministas, que não se restringem a luta das petroleiras, surge um chamado em todo mundo para greve e paralisações das mulheres no dia 8 de março deste ano, o dia internacional da mulher. No Brasil, as mulheres petroleiras devem atender a esse chamado e estar nas ruas para defender os direitos e a vida das mulheres!

Mulheres na Petrobrás

Infelizmente, a Petrobrás ainda é uma empresa predominantemente masculina, com aproximadamente 15,6% de mulheres compondo a força de trabalho.

No segmento de petróleo e gás, os homens são 92,2% e as mulheres, 7,8%. As petroleiras entendem que é preciso brigar contra o preconceito, inclusive na escolha das carreiras. Hoje, as carreiras técnicas ainda têm maioria de homens.

De acordo com uma geóloga, que trabalha na Petrobrás há mais de 10 anos, em algumas áreas existe uma postura de favorecer os homens, prejudicando mulheres que exercem as mesmas atividades. No entanto, na opinião dela, o efetivo de mulheres na empresa aumentou muito. Principalmente, a partir do concurso de 2002, que trouxe para a empresa mulheres das áreas técnicas, antes ocupadas majoritariamente pelos homens na década de 90.

Apesar disso, segundo informações, qualquer petroleira que não faz parte do seleto grupo de diretores da alta administração ou do corpo gerencial da Petrobrás sabe que a realidade na empresa é dura. Seja no chão de fábrica, seja nos escritórios das unidades administrativas, em geral, as empregadas sofrem a discriminação de gênero e os efeitos colaterais de sempre, sempre, serem minoria.

?Temos uma participação muito pequena. Estamos muito distantes das metas da equidade que a gente busca. O Dia Internacional da Mulher ainda não é para ser comemorado. É um dia para pensarmos e inovarmos na forma de luta?, disse Michelle Domingues, da área de logística da BR.

O preconceito às mulheres é uma realidade tão dura e tão marcante em nossa sociedade que nem mesmo o movimento sindical está livre de reproduzir as discriminações impostas às mulheres historicamente. A batalha contra as desigualdades e o machismo é dura. Mas vale a pena!

Fonte: Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp