Pedro Parente escondeu que Woodside não tinha interesse em comprar os campos e manteve a tentativa de vendê-los para Karoon
Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP
A direção da Petrobrás divulgou nesta semana que desistiu da venda dos campos de Baúna e Tartaruga verde para Karoon por conta das liminares na Justiça Federal de Sergipe, promovidas pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que impediam o prosseguimento do negócio. Mentira!
Como foi o esquema
A Petrobrás disse que fez um processo competitivo, que ela chama de licitação – a FNP não reconhece como licitação e o próprio Tribunal Superior afirma que não pode ser considerado licitação -, e após análise das propostas apresentadas, afirma que quem ganhou foi a Karoon.
Proposta da Karoon
Karoon explica que vai comprar os dois campos com a Woodside, maior empresa petrolífera da Austrália.
A Austrália Karoon Gas é uma empresa pequena, que tem um capital social de apenas 450 milhões de dólares.
Segundo informações contidas nos processos, o preço que a Petrobrás dá a entender que estaria vendendo esses dois campos equivale a 1 bilhão e 600 milhões de dólares. Ou seja, três vezes mais, no mínimo, que o valor do capital social da Karoon. Portanto, Karoon não tinha dinheiro para comprar e não tinha tecnologia. Assim, quem dava solidez para a proposta era a Woodside.
No entanto, em setembro de 2016, a Woodside informou que não aprovava a proposta da Karoon. No mês seguinte, a Woodside exigiu que a Karoon informasse para a Petrobrás o seu posicionamento. Então, ainda em outrubro, a karoon enviou uma carta para a Petrobrás e informou que a Woodside não participaria mais do negócio. Em novembro de 2016, numa conferencia telefônica, mais uma vez a Woodside fala que não tem interesse na proposta da Karoon.
Qual é o grande crime?
A direção da Petrobrás disse que quem venceu o processo competitivo foi a Karoon com a Woodside. Mas, a Woodside não fazia parte da proposta. Então, a proposta da Karoon era uma fraude e a Pedro Parente sabia de tudo e mesmo assim, durante todo esse tempo, tentou vender os dois campos, valiosíssimos, para a Karoon.
Só o campo de Baúna tem uma produção anual de 1 bilhão e 600 milhões de dólares. E esse era o preço que a Pretrobrás estava pedindo por este campo e pelo campos de Tartaruga Verde, que tem reservas de petróleo avaliada em barris por 47 bilhões de dólares.
Portanto, a direção da Petrobrás estava entregando esses dois campos pelo preço da produção anual de Baúna, que é o menor dos campos, localizado na Bacia de Campos. Pedro Parente estava entregando os campos para uma empresa que não tem dinheiro para comprar. Ele sabia que a Woodside não estava participando do processo desde outubro do ano passado. Escondeu isso do mercado, do Judiciário, do Tribunal de Contas da União (TCU), dos acionistas e dos petroleiros.
Pedro parente sabia que a proposta da Karoon era uma fraude e mesmo assim ficou entrando com recurso atrás de recurso para vender os campos para Karoon.
Qual interesse de Pedro Parente?
A carta da Karoon mostra a negligência, a improbidade administrativa da direção da Petrobras. Em outras palavras, a carta exemplifica a administração temerária de Pedro Parente. ?Eles estão negociando esses campos de petróleo valiosíssimos como se fossem cachorro-quente do carrinho da esquina?, afirmou o Jurídico da FNP.
Se o negócio fosse sério, minimamente, quando a Karoon apresentou a proposta de compra, informando que havia uma parceria com a Woodside, a gerência da Petrobrás deveria ter solicitado uma carta de confiança da Woodside. Por que ele não fez isso?
Vamos, então, supor que a direção da empresa não tenha entendido a carta. Em 15 de fevereiro de 2017, a Woodside mandou uma carta para a Petrobrás explicando, passo a passo, o porquê não estava participando do processo.
No dia 15 de fevereiro, a direção da Petrobrás não poderia ter mais nenhuma dúvida sobre a desistência da Woodside no processo de compra dos campos de Baúna e Tartaruga Verde. Apesar disso, Parente continuou entrando com recursos, no Superior Tribunal, a fim de liberar a venda para a karoon.
Segundo o Jurídico da FNP, essa atitude da gerência da Petrobrás caracteriza ?improbidade administrativa?, ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da Administração Pública. Para piorar a situação, Parente pede sigilo dos documentos ao Supremo Tribunal.
Porque estes documentos juntados pela própria direção da Petrobrás mostram que o que existe, hoje, na direção da empresa é o mesmo esquema de corrupção denunciado pela operação Lava Jato.
FNP esclarece o que está por trás de decisão da companhia:
Portanto, a atuação de Pedro Parente na gerência da Petrobrás deve ser investigada imediatamente, além de ser suspensa a sua recondução por mais dois anos na frente da empresa, aprovada no último domingo (26).
Confira, na íntegra, o conteúdo das cartas:
Proposta da Karoon – Traduzida
Fato novo relevante – Ação AL/SE – FNP
Fonte: Federação Nacional dos Petroleiros (FNP)