Campo de Azulão: tragédia anunciada

Pedro Parente condena o povo brasileiro a uma vida de subdesenvolvimento ao entregar riquezas naturais ao capital mundial

Por Vanessa Ramos, jornalista da FNP

?Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos?, já dizia Eduardo Galeano em 1970, no livro As Veias Abertas da América Latina.

Agora, como uma exemplificação do que descrevia Galeano, Pedro Parente colocou à venda mais uma de nossas riquezas naturais, o Campo de Azulão, localizado na Amazônia. Como uma profecia anunciada, entregará 100 por cento da participação da Petrobrás aos estrangeiros. Como consequência, Parente nos condenará a um território, mais uma vez, escravizado, atrasado e miserável.

Segundo Agnelson Camilo, da direção da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e diretor do Sindipetro-PA/AM/MA/AP, as consequências ao entregar Azulão para os estrangeiros podem ser danosas e irreversíveis.  ?As preocupações com esse tipo de  campo são as áreas que serão devastadas na Floresta Amazônica, além da poluição de rios e de lençóis freáticos, que vão ser afetados por produtos químicos e incidências dos  hidrocarbonetos, que agridem o meio Ambiente e todo o ecossistema e as populações dos municípios próximos. Diferente da Petrobrás, que mantém projetos de conservação na floresta.?, disse.

 De acordo com a empresa, cerca de 80 espécies de bromélias e orquídeas resgatadas de áreas desmatadas são mantidas em uma estufa. Elas são classificadas, catalogadas a fim de um dia serem replantadas para recuperar a fauna em áreas degradadas. Em um dos viveiros estão mais de 150 mil mudas de plantas nativas da Amazônia. Segundo o técnico ambiental da Petrobrás, são 60 espécies de plantas diferentes, utilizadas para recompor a vegetação em clareiras abertas para a exploração de petróleo.

?Diferente, por exemplo da Shell, que matou milhares de trabalhadores na África, quando por lá buscava achar petróleo. A Petrobrás no Brasil, ou qualquer outro lugar que esteja, realiza um trabalho muito cuidadoso, independente de várias falhas na questão de SMS, diversas falhas gerenciais, a gente tem capacidade de gerir um projeto desse tamanho, um projeto gigantesco e que se preserva a selva Amazônica?, completou o diretor.

Além disso, Camilo alerta sobre possíveis impactos na geração de empregos na região. ?Azulão aumenta todo fluxo de negócios do Estado e dos municípios, pois existe uma grande logística para atender a demanda do Campo, como transporte, hospedagem, atendimentos médicos, hospitalares e outros?, explicou.

Dessa forma, essas veias abertas que fazem com o que o capital avance na intensificação da exploração do trabalho e da apropriação privada dos recursos naturais do país, chega com Pedro Parente na presidência da estatal com marcas visíveis sobre a economia brasileira e sobre os recursos naturais. Quanto o povo brasileiro vai pagar por entregar a Petrobrás ao capital internacional? Será que os seus netos conhecerão a Amazônia? Será que saberão o que a Petrobrás foi para o país? Com Pedro Parente e Michel Temer, líderes da manutenção do interesse do capital internacional, certamente não.

A entrega de Azulão

Segundo informações contidas no Plano de Desenvolvimento, em reunião da diretoria da Petrobrás, em 9 de julho de 2014, o Campo Azulão é um campo de gás com previsão para iniciar suas atividades em 2017, com produção do poço 1-RUT-1-AM até o final de dezembro de 2018.

Ainda no documento, informam que a partir de janeiro de 2019 o poço 3-BRSA-126-AM será aberto para compor o potencial de produção do campo e atender o contrato de venda de energia.

Em outras palavras, isso significa que no momento em que Azulão começará a dar lucro, Pedro Parente entregará o campo aos estrangeiros, garantindo a hegemonia dos imperialistas mundiais. Consequentemente, sustentando o vínculo de dependência do Brasil.

Mas nem tudo está perdido, o jurídico da FNP vai recorrer da decisão e tentar reverter esse cenário de desmantelamento da Petrobrás, articulado  por Temer em parceria com Parente. Pois, o subdesenvolvimento não é, como muitos pensam, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta. Isso não pode continuar!

 

 

 

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