A carta dos petroleiros da P-37
Neste momento, compartilhamos da aflição e dor das famílias enlutadas dos companheiros que se foram. Além disso, não há como deixar de pensar em nossas próprias famílias, pois, afinal, poderia ser qualquer um de nós dentro daquela aeronave.
Mas, em ocasiões infelizes como essas, de emoções tão intensas, devemos fazer um esforço muito grande para manter a serenidade e buscar ações que efetivamente possam trazer benefícios para a nossa segurança.
Indubitavelmente existem diversas ações que podem e devem ser buscadas para tornar os vôos mais seguros, mas não podemos esquecer que, na eventualidade de um sinistro, as ações de resgate é que são primordiais. Nesse sentido, chamamos a atenção para o aspecto do horário do vôo que vitimou os nossos companheiros.
Segundo informações da Petrobrás ?por volta das 17h, o piloto do helicóptero solicitou autorização para um pouso de emergência no Aeroporto de Macaé. Como a aeronave não chegou ao aeroporto, foi acionado o Plano de Emergência da Bacia de Campos?.
Diante disso, fazem-se os seguintes questionamentos: após a solicitação de pouso de emergência as 17h, por quanto tempo aguardou-se a chegada da aeronave em Macaé?
Qual foi o horário em as equipes de busca e salvamento efetivamente partiram, em direção ao local do sinistro?
Qual foi o horário em as equipes de busca e salvamento chegaram ao local do sinistro?
Certamente as equipes de busca e salvamento chegaram ao local do sinistro quando já era noite. Qual a possibilidade de resgate numa condição dessas?
Nós, os Petroleiros e Petroleiras embarcados na P-37, reunidos em Assembléia do dia 21/08/2011 convocada pelo Sindipetro Norte Fluminense, após deliberação, decidimos elaborar esta Carta Aberta para propor reflexão e abertura de debates sobre os aspectos de insegurança dos vôos que ocorrem no período da tarde. Mais especificamente sobre as dificuldades ou impossibilidades de um resgate em alto mar durante noite fechada.
Entendemos que, para maximizar a possibilidade de um resgate com sucesso, todos os vôos devem sair de terra em horário tal que, em caso de acidente, seja possível realizar ações ainda com o dia claro.
Lembramos que, em passado recente, quando negociávamos com a Petrobrás uma solução para a compensação do dia de desembarque, o então Gerente Geral da UO-BC, Engenheiro Carlos Eugênio, afirmou categoricamente que seria construído um novo aeródromo em Farol de São Thomé. E que, a partir de sua inauguração, todos os vôos de troca de turma ocorreriam na parte da manhã. Até o momento, podemos afirmar que o compromisso assumido pela Petrobrás naquela época não passou de promessa vazia.
Por acreditar que este tema é extremamente importante e que deve ser colocado imediatamente em pauta para discussão,conclamamos a todos os Companheiros e Companheiras das demais Unidades, e também, a Diretoria do Sindipetro/NF, a se manifestarem sobre o assunto.