Economista do IBEPS analisa resultados financeiros da Petrobrás e faz alerta

Confira, abaixo, a análise do relatório trimestral dos resultados financeiros da Petrobrás, feita pelo economista do IBEPS (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais), Eric Gil Dantas, que é mestre e doutorando em Ciência Política pela UFPR.

Em sua análise, ele vê sinais de reversão do prejuízo dos últimos anos mas chama a atenção para pontos que o Sindipetro-SJC já tinha alertado como sendo um sinal vermelho para os trabalhadores: privatizações, diminuição do efetivo e redução de investimentos.

Resultado da Petrobrás nos três primeiros trimestres de 2017

Por Eric Gil Dantas (IBEPS)

O preço do petróleo (aqui referenciando o Brent) continua a se recuperar no mundo, o que é um fator que levanta os lucros das petrolíferas. Depois do pico de 2008, quando no mês de junho atingiu quase 140 dólares o barril, e um novo pico entre 2011 e 2012, quando o preço atingiu em abril do primeiro ano quase 126 doláres, e em março do segundo, quase 123 dólares, o preço passou a cair paulatinamente, sendo que na segunda metade de 2014 – coincidindo com o início da crise econômica brasileira – o preço passou a ficar abaixo dos cem dólares, chegando ao foço de 34,74 dólares na média do mês de janeiro de 2016.

Para o período do resultado dos primeiros 9 meses da Petrobrás, segundo a própria empresa, a média dos valores do Brent foi de 52 dólares, 10 dólares acima da média do ano anterior. É importante pontuar que, apesar disto, o câmbio se valorizou e diminuiu parte destes ganhos.

Desde o pior valor deste 2016, o valor do preço do petróleo já subiu 80% até este mês de novembro, onde o valor já se encontra em quase 63 dólares. Esta grande queda do preço é parte da explicação da crise financeira da Petrobras. Com isto, o seu novo aumento vem contribuindo para a recuperação da empresa.

Resultados da Petrobrás

Nos três trimestres que passaram, a Petrobrás teve um lucro de R$ 5,031 bilhões de reais, revertendo o prejuízo que teve no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 17,334 bilhões. No entanto, alguns dos motivos elencados pela empresa para explicar este lucro são preocupantes, principalmente a diminuição de funcionários e o seu processo de venda de ativos (que chamam ironicamente de “desinvestimento”).

No geral, a empresa elencou alguns motivos para o aumento da exploração e produção de petróleo e do gás e energia e consequentemente do seu aumento de lucro: (i) o já mencionado aumento de preço da cotação do Brent; (ii) aumento da produção de petróleo e de gás natural no Brasil; (iii) menor baixa de poços e ociosidade de equipamentos; (iv) aumento da da venda de gás natural; (v) menor gasto com impairment (uma revisão menor no valor dos seus ativos); e a (vi) venda de mais partes da empresa, agora a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) – que entra como receita do período.

Um dos fatores que diminuíram o lucro deste trimestre foi a adesão da Petrobrás aos programas de refinanciamento e perdão de dívidas com o governo federal, que está abrindo mão de receber centenas de bilhões de reais para os cofres públicos em troca de apoio de políticos e empresários com o programa Refis. Para entrar no programa a Petrobras teve que desembolsar um valor de R$ 1,030 bi. No entanto, com isto a dívida da empresa com o governo cairá drasticamente.

O chamado “desinvestimento” (privatizações) também vem acompanhado da diminuição dos investimentos da estatal. Para se ter uma ideia, os investimentos caíram 19% neste ano se comparado ao mesmo período do ano anterior. É ainda mais preocupante quando comparamos com períodos anteriores. Em 2014 o valor de investimento nos três primeiros trimestres foi de R$62,5 bilhões, ou seja, o valor de investimento da estatal em 2017 é de apenas 53% do valor investido três anos antes.

Outro número comemorado pelo relatório da Petrobrás é o de diminuição de funcionários da empresa, principalmente por conta do plano de incentivo ao desligamento voluntário (PIDV). O efetivo de empregados em 30/09/2017 foi de 62.528 empregados, uma redução de 12% em comparação à mesma data do ano passado.

 

Neste período a diminuição do efetivo de trabalhadores na Petrobras foi de 18%, ou uma média de 5% de trabalhadores a menos a cada trimestre.

Considerações gerais

A luta dos petroleiros deve passar pela manutenção da grande empresa que é a Petrobrás. A explicação para a sua crise não é por conta do inchaço de funcionários ou pela sua natureza estatal. Pelo contrário, estes dois fatores ajudam na economia nacional e no financiamento dos serviços públicos. A sua privatização e a diminuição dos seus investimentos é preocupante para a manutenção deste instrumento tão importante que é a Petrobrás.

Fonte: Sindipetro-SJC

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp