Pedro Parente é o cara. O cara do mercado. O cara dos fundos abutres. O cara do Temer. A cara da sabotagem, do crime lesa-pátria. Um entreguista de carreira. Os US$ 2,95 bilhões (cerca de R$ 10 bi de reais) que Parente ofereceu para encerrar a class action, ação coletiva dos acionistas, antes mesmo de julgamento nos EUA, soma-se aos bilhões de prejuízo que ele já causou a companhia no governo FHC.
O ENTREGUISTA
Parente fora ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e participou da abertura do capital da empresa na bolsa de valores de Nova York (EUA), em 1997. Conforme ia demonstrando o seu entreguismo, era agraciado com mais poder. Chegou a presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, em 2002.
Ele responde a ação popular que pede reparação de R$ 5 bilhões devido ao prejuízo causado pela troca de ativos brasileiros valorizados por ativos desvalorizados da multinacional Repsol-YPF na Argentina. A operação foi um escárnio e o prejuízo de então R$ 790 milhões (em valores atuais, R$ 2,3 bi) apareceu no balanço de 2001.
Recentemente, a delação premiada de Nestor Cerveró apontou que os crimes de trocar ativos da Petrobrás valorizados por desvalorizados rendeu US$ 100 milhões (cerca de R$ 324 milhões, em valores de 2018) em propinas para membros do governo FHC/PSDB. O caso é conhecido como petrolão tucano.
Este é o cara responsável por propor transferir US$ 2,95 bilhões dos cofres da petroleira para os acionistas minoritários da empresa por antecipação.
VÍTIMA
A Petrobrás não foi condenada. E nem poderia porque a Petrobrás é vítima:
do conluio e formação de cartel das empresas privadas, ou seja, da corrupção do setor privado;
da corrupção exercida em cargos comissionados/indicação política dos partidos da base aliada dos governos;
da instrumentalização político-partidária-judicial da Lava Jato;
das agências de especulação, vulgo, classificação de riscos (Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's);
da manipulação do noticiário, já que os veículos da grande imprensa mantêm a propaganda subliminar de privatização completa da empresa, a mando do mercado;
das artimanhas da legislação e do mercado de capitais norte-americano;
da inescrupulosidade de escritórios de advocacia especialistas em explorar a especulação e brechas do mercado financeiro e/ou deturpar obrigações contratuais, tudo a bel-prazer do mercado/acionistas/fundos abutres.
AÇÃO ESPECULATIVA
A ação dos acionistas minoritários é de 2014 e requer uma reparação a queda do valor das ações da Petrobrás, o que eles alegam ter ocorrido em função da corrupção na empresa apontada pela operação Lava Jato. Eles se julgam enganados pela direção da empresa de que havia “boa governança” e “garantia de alta rentabilidade”.
O Sindipetro/SJC já havia denunciado a época da abertura do processo que este era um jogo de cartas marcadas contra a Petrobrás e o Brasil porque os acionistas queriam o bônus, mas rejeitavam o ônus do mercado de ações, marcado por oscilações frequentes em decorrência de muitos aspectos. As ações da empresa voltaram a se valorizar depois disso. A cotação do barril também. A queda ocorreu também com outras petroleiras no mesmo período em função da produção mundial, da disputa geopolítica pelo petróleo e gás etc.
EXTORSÃO
Este esquema de extorsão contra a Petrobrás se torna ainda mais claro ao constatar-se que a União é a acionista majoritária da Petrobrás, mas não defendeu a companhia. Inclusive, não se sabe como Parente chegou a este valor proposto em negociação com a firma de advocacia Wolf Popper, que opera há décadas em processos especulativos com foco em "acordos", não em ações julgadas. Este tipo de montagem jurídica é muito comum nos EUA. A aposta é no que se pode “arrancar” no acordo.
É comum governos intervirem pelos interesses de suas grandes empresas. Mais comum ainda no setor de petróleo e gás, no qual o lobby é escancarado e até criminoso (vide denúncias do Weakleaks). No entanto, no caso da Petrobrás, o governo nem ao menos se pronunciou sobre Parente comandar um acordo com os acionistas minoritários antes que o Departamento de Justiça americano tivesse posicionamento sobre esta class action. E a especulação financeira sobre esta ação girava em torno de U$S 1 bi, mas Parente ofereceu U$S 3 bi. A quantia vai comprometer o resultado anual da Petrobrás, que havia anunciado lucro de cerca de R$ 5 bilhões no acumulado do ano de 2017 até setembro.
LAVA JATO
O prejuízo da Petrobrás com a corrupção apurada pela Lava Jato foi estimado em R$ 10 bilhões, mas esse número nunca foi comprovado. A imprensa burguesa chegou a surtar com os números. A Veja fez capa cravando R$ 40 bilhões.
Já o valor do acordo antecipado nos EUA é 6,5 vezes maior do que a quantia recuperada pela Lava Jato, que é de R$ 1,4 bi. Ou seja, a empresa está sendo extorquida sob o comando do seu próprio presidente abutre.
Aqui entra mais um ponto gravíssimo. Não se sabe até que ponto os acordos de cooperação entre a justiça americana e a justiça brasileira, incluindo juízes, procuradores, na Lava Jato favoreceram a abertura desta ação.
Juízes e procuradores brasileiros circularam em várias ocasiões com a high society no Brasil e nos EUA para receber prêmios justamente confabulados para facilitar esta aproximação entre o judiciário nacional e o mercado. Afinal, as altas rodas são o habitat de especuladores financeiros, lobistas de petroleiras, corruptos de colarinho branco, políticos da pior espécie, advogados inescrupulosos – muitos dos quais, diga-se de passagem, enriqueceram defendendo bandidos presos pela Lava Jato e garantindo acordos de delação premiada ou de leniência imorais.
É nestas rodas que anda o juiz Sérgio Moro, flagrado em momentos de alta desconcentração com o também delatado da Lava Jato Aécio Neves (PSDB) em premiação da revista Isto é.
É fato que se deve apurar e condenar os corruptos que passaram pela Petrobras e os abutres que ainda nela permanecem, mas é fato também que a motivação da Lava Jato é facilitar a política entreguista do governo Temer de destruição do patrimônio público nacional.
Não esqueçamos a denúncia da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) e da Dra. Raquel Souza de que tanto a força tarefa da operação Lava Jato no Rio de Janeiro quanto a de Curitiba ignorou, por exemplo, o escárnio que foi a privatização de campos do pré-sal da bacia de Santos. Um barril de petróleo de Carcará chegou a ser vendido pelo preço de uma lata de refrigerante. Uma depreciação criminosa do bem público que lesa a Petrobras e os interesses do povo brasileiro. Tanto o juiz Marcelo Bretas quanto Sérgio Moro ignoraram os crimes envolvidos nestas vendas de ativos da Petrobras e também da União.
Portanto, o discurso malicioso principalmente do procurador Daltan Dallagnol de que a Lava Jato vai salvar a Petrobrás e o Brasil é um enredo que esconde a devastação da companhia e do setor nacional de petróleo e gás.
PROJETO DE PAÍS DEVASTADO
O governo Temer (PMDB) escolheu a dedo o abutre Parente para agravar no país o crime lesa-pátria e servir aos interesses dos países do 1º mundo relegando ao Brasil o papel de mero exportador de matéria-prima e commodities agrícolas. O fim da exigência de conteúdo local da indústria nacional de petróleo e gás, o projeto de lei de isenção tributária bilionária para as petroleiras estrangeiras operarem no Brasil e este acordo bilionário antecipado nos EUA são ações conjuntas da gestão Temer/Parente para destruir qualquer soberania do Estado nacional.
A venda do pré-sal, de ativos de petróleo e gás, da Eletrobrás, de aeroportos são efeitos da alienação do bem público e da transferência de renda do setor público para a exploração privada. No caso da Petrobras, a venda de ativos e o ataque ao caixa da empresa desestrutura a cadeia produtiva do setor do país. É isso o projeto de destruição impetrado no país.
Em breve, as estrangeiras CNOOC, QPI, BP, Total, Repsol Sinopec, ExxonMobil e Petrogal passam a operar no pré-sal. No dia 29 de março, a ANP realizará mais uma rodada de privatização de blocos em águas profundas na bacia de Santos. A Petrobras poderá participar apenas com 30%. O que se tem é a Petrobras extorquida por empresas privadas com as fraudes contratuais, por acionistas e desmembrada pelo governo sob o comando da gestão Temer/Parente.
Fonte: Sindipetro- SJC