Greve nacional dos petroleiros: reprimida por Temer, Parente, judiciário e Exército unidos

Com muita força, na quarta-feira (30/5), os petroleiros cruzaram os braços por todo o país, numa greve deflagrada nas bases de todos os sindicatos da categoria. Desde a sexta-feira da semana passada (24/5), já era nítida a intensificação das mobilizações, com cortes de rendição nas refinarias REFAP (Canoas/ RS), na REGAP (Betim/ MG), na RPBC (Cubatão), REVAP (São José dos Campos/ SP) e nos terminais de Alemoa e Pilões (Santos/ SP). Veja o quadro das paralisações, atrasos e atos pelo Brasil:

Refinarias:

REFAP (Canoas/ RS);
REPAR (Araucária/ PR);
Araucária Nitrogenados (Araucária/ PR);
Usina de Xisto (São Mateus do Sul/ PR);
RECAP (Mauá/ SP); REPLAN (Paulínia/SP);
REVAP (São José dos Campos/ SP);
RPBC (Cubatão/ SP);
REDUC (Duque de Caxias/ RJ);
CENPES (Rio de Janeiro/RJ);
REGAP (Betim/ MG);
RNEST (Ipojuca/ PE);
LUBNOR (Fortaleza/ CE);
UPGN Pilar (Pilar/ AL).

Terminais:

Terminal Alemoa (Santos/ SP);
Terminal Pilões (Santos/ SP);
TEBAR (São Sebastião/ SP)
UTGCA (Caraguatatuba/ SP)
TABG (Rio de Janeiro/ RJ);
TEBIG (Angra dos Reis/RJ);
TEVOL (Volta Redonda/ RJ);
Terminal de Paranaguá (Paranaguá/PR);
Terminal de Suape (Suape/ PE);
TECARMO (Carmópolis/ SE);
Temadre;
Urucu (parte não embarcou);
CNCL (Centro Nacional de Controle Logístico).

Exploração:

Campo Terrestre de Furado (São Miguel dos Campos/ AL);
Greve em 26 plataformas do NF e 2 do LP;
Plataformas da Bacia de Santos.
 

Nos dias que antecederam a greve e durante o movimento, o Exército começou a montar acampamento dentro das refinarias, começando pela REVAP, mas estendendo-se para a REPLAN (Paulínia/ SP), REPAR (Araucária/ PR), REFAP, REDUC (Duque de Caxias/ RJ), RLAM (Mataripe/ BA), numa nítida tentativa de intimidar a greve que era iminente.

Já na véspera da greve (29/5), a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) atendeu ao pedido de liminar feito pela Advocacia Geral da União, e pela direção da Petrobrás, declarando a greve dos petroleiros como ilegal e abusiva antes mesmo dela começar.

Ao mesmo tempo, a greve dos petroleiros ganhava apoio de diversas entidades: CSP-CONLUTAS; FIST; COMITÊ DE LUTA CLASSISTA; TAXISTAS; PSOL-CL; ADUNIRIO; ANDES-SN; SINDSCOPE; OPOSIÇÃO SINDSPREV; ABJD; NÚCLEO-RJ; DCE UFF; MNLM-RIO; SIMEATAERJ; ADOPEAD; ANDES-SN; ASDUERJ; ANDES-SN; MOVIMENTO DE ORGANIZAÇÃO DE BASE; PSTU; QUILOMBO RAÇA E CLASSE; PASTU; UERJ; OPOSIÇÃO SINTUPERJ-TAE UERJ; MINORIA-SINDSCOPE; IFRJ; SINDIERJ; SJPMRJ; SOS EMPREGOS; SIMERJ; METRÔ; UFRRJ-IM; SEPE-RJ; COMBATE; OPOSIÇÃO BANCÁRIOS-RJ;  RODOVIARIOS; SINTIFRJ; UNIDADE CLASSISTA; SESUNILA; ANDES; ASDUERJ e ADUR-RJ.

No entanto, utilizando o argumento respaldado pela inconstitucional Lei de Greve, de que a greve era política, o TST criminalizou os sindicatos representantes da categoria, com multa de R$ 500 mil por dia, podendo chegar a até R$ 1,5 milhão por dia caso afetasse a produção. Não contente, elevou a multa para R$ 2 milhões por dia já no dia seguinte (30), podendo chegar a R$ 6 milhões por dia, alegando descumprimento da ordem legal, responsabilizando as lideranças sindicais pelo descumprimento, e autorizando investigação da Polícia Federal contra os dirigentes caso a greve persistisse.

Como manobra estratégica, na quarta-feira mesmo, a direção da Petrobrás começou a entregar cartas em que convoca os trabalhadores em suas casas para o retorno ao trabalho de forma sumária, num evidente assédio, buscando impedir a participação dos trabalhadores na greve.

Consequentemente, algumas bases começaram a retornar ao trabalho. Como não poderia ser diferente, ainda na noite de quarta, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) indicou que as suas bases avaliassem, em assembleia, a proposta de suspensão da greve a partir da manhã de quinta-feira (31).

A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) mantinha-se forte, com mobilizações na quinta-feira. Mas, com o golpe da FUP, a primeira a indicar a suspensão da greve, as bases da FNP entenderam que não havia mais condições de desenvolver com chances de vitória esta greve. Por isso, decidiram pela suspensão e pelo estado de greve permanente.

A FUP, como direção da maioria dos sindicatos petroleiros, tem a responsabilidade de atender aos chamados da FNP para formar um comando nacional de mobilização, com participação ativa da base, a exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Sul.

O golpe continua

No momento que os petroleiros sofriam pressão para suspender a greve e os caminhoneiros, professores, rodoviários e diversas outras categorias lutavam nas ruas para barrar a política entreguista desse governo vergonhoso, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, anunciou mais um aumento da gasolina: na quinta-feira (31), o preço nas refinarias subiu 0,74% passando para R$ 1,9671 por litro. Somente em maio, o preço do combustível nas refinarias acumulou 9,42% de aumento. Desde que Parente adotou, em 2016, uma política de preços alinhada ao mercado internacional, a Petrobrás já reajustou mais de 200 vezes os preços dos derivados nas refinarias.

O que fica como lição

A primeira lição que os petroleiros podem se orgulhar foi a sua capacidade de interferir na pauta política do país. O apoio da categoria à greve dos caminhoneiros, assim como a própria greve dos petroleiros, permitiu como em nenhum outro momento associar o preço que a população paga pelos combustíveis com a política de privatização da Petrobrás e a defesa da soberania do Brasil. A imagem de Pedro Parente como exemplo de gestor também está fortemente questionada, tornando o “Fora Parente!” uma palavra de ordem com apelo popular.

Assim, é preciso que se entenda, desde já, que passa a ser tarefa de todos desenvolver ações de maneira permanente e com intensidade ainda maior.

Sete de junho é dia de luta 

Na próxima quinta-feira (07), o governo Temer vai dar sequência à entrega do pré-sal e vai realizar um leilão de campos de petróleo daquela que é uma das maiores províncias petrolíferas do mundo. A luta tem que continuar!

É necessário também o vínculo com os demais setores da sociedade, articular um grande movimento pela recuperação de nossas refinarias, para possibilitar a diminuição do preço do gás de cozinha, da gasolina, do diesel, do alimento na mesa do trabalhador. Fora Parente! Fora Temer! Petrobrás 100% estatal!!!!

 

Foto: Sindipetro-SJC

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp