Consolidar FNP como alternativa de direção dá o tom da Plenária de abertura

Criada em 2006 ainda como uma frente, a hoje Federação Nacional dos Petroleiros está cada vez mais madura para se consolidar como alternativa de direção. Foi com esta caracterização que os dirigentes dos cinco sindicatos realizaram suas intervenções na noite desta sexta-feira (27/07), durante a Plenária de Abertura do VI Congresso Nacional da FNP.

Nem por isso o caminho será fácil. Afinal, não são poucos os inimigos que a Federação encontrará pela frente, como bem lembrou o diretor do Sindipetro-PA/AM/MA/AP, Agnelson Silva. ?A gente tem que enfrentar o Governo, a direção da Petrobrás e a outra Federação, que hoje atua como correia de transmissão da empresa. Por isso, é fundamental este espaço para fortalecermos essa nova ferramenta, que nasce com a perspectiva de mudar os rumos da categoria?.

Anfitrião do Congresso, que acontece pela terceira vez em São José dos Campos, o presidente do Sindipetro-SJC, Ademir Silva, foi enfático em sua fala. ?Precisamos buscar mais bases e fortalecer as oposições. Este é o caminho que devemos trilhar para combater com mais força os abusos cometidos pela empresa contra os trabalhadores ativos, e a política discriminatória imposta aos aposentados e pensionistas?. Para Clarckson Araújo, diretor do Sindipetro-AL/SE, a FNP será a alternativa de direção desta categoria. ?E digo isso não só dos petroleiros diretos, mas também dos terceirizados, de todo o Sistema Petrobrás. É esta concepção que trazemos para a FNP?.

Para César Caetano, coordenador-geral do Sindipetro-LP, a expectativa é de que este congresso seja a base de uma nova fase da FNP. ?Sinto orgulho de representar uma parcela importante da categoria em um espaço de lutadores. Temos a enorme tarefa de fazer um trabalho à altura do que a categoria precisa?.

Júlio Cesar Araújo, diretor do Sindipetro-SJC, fez coro às demais declarações. ?Mais um passo da reorganização da classe trabalhadora em busca de novas ferramentas para fazer o enfrentamento necessário com a patronal e o Governo?.

Um dos temas centrais do congresso, a luta contra a discriminação e o assédio no local de trabalho também foi lembrada pelos dirigentes. Ademir Gomes Parrela, diretor do Sindipetro-LP, ressaltou a necessidade urgente de eliminar essas práticas dentro da companhia. ?Agora, sim, chegou a hora de cortar de vez a ?mania? de gerente, e até supervisor, achar que manda e desmanda na empresa. Vamos dar um basta nisso. É uma das metas que a FNP tem que abraçar e encampar em suas bases. Temos que parar as unidades, os turnos, fazer quantas mobilizações forem necessárias para dar um basta nessa situação. No Litoral Paulista chegamos ao cúmulo de ter sete trabalhadores que ficaram sem letra porque fizeram movimento, porque exerceram seu livre direito de greve?.

Agnelson também deu o seu recado aos petroleiros presentes na plenária. ?Digo a cada um que está aqui, neste Congresso, que leve para suas bases uma política de combate ferrenho aos assédios e demissões arbitrárias praticados pela empresa. Temos aqui Ana Paula, Leninha e outros companheiros que foram demitidos injustamente por uma direção de ex-dirigentes sindicais, por uma empresa que é a quarta maior do planeta no ramo de energia?.

Em nome das oposições presentes (Rio Grande do Norte, Norte Fluminense, Duque de Caxias, Unificado São Paulo e Rio Grande do Sul), Marco Antonio, do Rio Grande do Norte, definiu a sexta edição do Congresso da FNP como um momento histórico para a categoria. ?Enfrentamos uma dura política de ataque à classe trabalhadora por este governo de frente popular. Direitos tão caros, como a Petros, estão sendo atacados e entregados aos empresários. Precisamos reunir os verdadeiros lutadores para barrar esse projeto nefasto?.

Reincorporação do RJ
Evidentemente, um dos temas mais comentados durante as falas foi a vitoriosa reincorporação do Sindipetro-RJ à FNP – acordo que foi selado dois dias antes do Congresso e que será levado à apreciação do plenário no domingo (29/07), último dia do evento.

Mais do que saudar o retorno dos companheiros do Sindipetro-RJ à FNP, os dirigentes reforçaram o fato de que esta vitória política fortalece substancialmente o campo dos lutadores. ?Recentemente, elegemos Silvio Sinedino para o C.A e tivemos uma eleição vitoriosa no Litoral Paulista, onde não foi formada uma única chapa dos governistas. Podem ter certeza: seja a eleição que for, na base que for, iremos lutar para livrar os trabalhadores dessas direções pelegas?, disse Agnelson.

Para Alealdo Hilário, diretor do Sindipetro-AL/SE, ?a reincorporação do Rio de Janeiro demonstra nossa capacidade de superar as diferenças em prol de uma federação classista e independente?. Na opinião de Clarckson é preciso aproveitar este importante episódio para acelerar ainda mais o processo de reorganização pela base. ?E isso se dará esvaziando a outra federação, porque ela não serve mais para os interesses da categoria?.

Em nome de toda a diretoria do Sindipetro-RJ, Eduardo Henrique, dirigente da entidade, afirmou que o novo desafio é fortalecer a FNP, sobretudo após esta campanha de PLR. ?O balanço é de que a FNP teve uma política coerente. Já a FUP sai desgastada. É só ver os números das assembleias em plataformas, os trabalhadores dispostos a rejeitar de qualquer forma a proposta, a maioria dos trabalhadores que aprovou este acordo muito a contragosto. Só a FNP pode levar a frente uma batalha contra a política do Governo e das afirmações de Diego Hernandes de que ?precisamos apertar os cintos?, da lógica que impõe aos trabalhadores a conta pela crise. A tarefa é atacar os lucros dos patrões, o lucro dos acionistas?.

Participação do Sindipetro-RN
Representando o Sindicato-RN, o coordenador-geral da entidade Dedé Araújo, afirmou que as disputas entre as direções fazem parte da democracia e devem existir. ?O que nós queremos e entendemos é que basta que as entidades se respeitem e busquem o interesse coletivo da categoria, basta que façam com que os trabalhadores se sintam bem representados para avançar nas lutas. Por isso, aprovamos em nosso congresso que iremos percorrer os 17 sindipetros para realizar uma plenária nacional para discutir os nossos rumos, desde campanha salarial até questões mais gerais da categoria, que claramente passa por uma crise. Temos que ter condição de discutir e sentar com os contrários?.

Solidariedade de classe
Mais do que firmar a FNP como direção da categoria em nível nacional, também foi apontada como necessidade fundamental deste congresso a solidariedade de classe, com o apoio às demais categorias e movimentos sociais. Neste sentido, a FNP estará na luta contra a reforma urbana, em defesa dos operários da GM, assim como em solidariedade às famílias do Pinheirinho.

Isso porque os ataques impostos pela Petrobrás não é um mero acaso ou uma ação isolada. Os ventos da crise internacional que sopram da Europa já trazem reflexos para os trabalhadores brasileiros através de ataques do Governo, que se anunciam na iminente reforma da previdência, e também através da própria CUT, ferramenta que ajudamos a construir, mas que hoje está degenerada, chegando ao ponto de estar na defesa de uma reforma trabalhista que ataca os trabalhadores, privilegiando o negociado sobre o legislado. Por isso, o esforço deste Congresso também será para que essa ferramenta, a FNP, possa estar nas trincheiras das lutas de todos os trabalhadores.

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