Presente no primeiro dia do VI Congresso Nacional da FNP, o presidente do Sindmetal de São José dos Campos, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, fez um importante relato sobre a luta contra a demissão em massa de 2 mil metalúrgicos da General Motors na cidade. De um lado estão os metalúrgicos e de outro está a maior montadora de automóveis do mundo, símbolo do imperialismo.
Capa dos principais jornais do país, o drama vivido pelos metalúrgicos da GM chegou ao conhecimento da população na última terça-feira (24/07), quando a empresa fez o que Macapá definiu como ?greve dos patrões?. Temendo o processo de ocupação que vinha se construindo dentro da montadora diante do anúncio das demissões, a empresa retirou os trabalhadores da fábrica em plena madrugada, às 3h da manhã, e a unidade foi totalmente paralisada com um locaute proposital.
Para evitar uma grande mobilização, no caso a ocupação, a GM já havia atualizado os endereços de todos os empregados com a intenção de enviar nesta sexta-feira (28/07), feriado municipal por conta do aniversário da cidade, um telegrama informado a demissão a cada funcionário. ?Como aqui está tendo um processo de resistência muito forte, com greve de 24 horas, atos e muita mobilização, a empresa ficou com medo. E apesar de negar que faria dessa forma, na terça provocou um locaute?, explicou Macapá.
Objetivo é aumentar taxa de lucro
Embora o discurso oficial seja certamente de que as demissões sejam para combater a crise internacional, a GM é a montadora mais lucrativa do Brasil. Com uma produção de 127 mil carros no ano passado, a empresa lucrou R$ 8,5 bilhões em 2011. Mas a empresa quer mais, tendo como objetivo aumentar o faturamento para 10,11 bilhões. ?Só existe uma forma de chegar a esse patamar: reduzir massa salarial e demitir os operários que possuem os maiores salários. A empresa quer implementar um projeto, a ferro e fogo, de reestruturação. Mas como há resistência leva a fundo uma estratégia de fechar todo um setor, que possui 1.500 empregados?, detalhou Macaé.
Para se ter uma ideia do tamanho da indústria automobilística no país, ela só perde para os bancos em termos de lucro e rentabilidade. Aqui se produz, no que se refere à mão de obra, um dos carros mais baratos do mundo. Por outro lado, é aqui também que se vende um dos carros mais caros do planeta. É por isso que existem tantas montadoras se instalando no país. Para se ter uma ideia, a generosa política de incentivos fiscais do Governo gerou um número absurdo: enquanto foram liberados 27 milhões em isenção (com dinheiro público do BNDES), foram criadas apenas 26 mil vagas no setor.
?Nos últimos três anos, enviaram para o exterior $ 14 bilhões de dólares. Por isso, queremos uma intervenção do governo brasileiro. Somo contra esses incentivos, uma vez que sobra dinheiro em incentivos, mas falta para transportes, saúde, educação, valorização dos servidores públicos, setores sociais…?, defendeu Macaé, que por fim ressaltou. ?Essa luta está num patamar muito avançado e a possibilidade de derrotar o imperialismo norte-americano está colocada e pode se concretizar. Mas para isso precisa se espalhar em todo pais, cobrindo nossa luta de solidariedade e impedindo que nem mesmo um único pai de família seja demitido?.