Simulações sobre o novo PCR da Petrobrás

É perceptível que o novo PCR da Petrobrás visa diminuir os salários dos trabalhadores da estatal. A própria empresa não esconde isso quando fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico disseram que pretendem reaver o “investimento” do pagamento de bônus aos funcionários que migrarem para o novo plano – que deverá ser um total de R$ 1,4 bilhão – em até quatro anos, ou seja, neste período, a empresa diminuirá tanto o pagamento em novos salários com este plano que compensará o gasto bilionário com abono.

Para se ter uma ideia mais nítida, colocar as contas na ponta da caneta, simulamos duas situações dos diferentes planos, comparando o antigo e o novo.

1º caso: Consideramos um trabalhador que bate as metas mas que não consegue entrar no grupo em que terá ganho na carreira em 12 meses, ou seja, que tenha avanços na carreira ou pela subida a cada 18 meses ou por antiguidade por 24 meses – leia-se:  um empregado que ora sobe a partir de metas (mas de 18 meses), ora por antiguidade (24 meses), mas que no caso do PCR só consegue avançar a partir de antiguidade, pois foi extinta a possibilidade de 18 meses. Em dez anos este trabalhador – caso esteja no plano antigo – terá avançado cinco vezes na carreira, passando de R$ 2.574,37 (caso seja nível técnico, por exemplo) para R$ 3.102,07, enquanto que no novo PCR ele teria apenas dois avanços, indo até R$ 2.773,70 de salário base. É uma diferença de 11,83% no salário.

2º caso: Agora consideramos um trabalhador no antigo plano que ascende apenas com antiguidade e um trabalhador no novo PCR que ascende por produtividade. Como o tempo para este tipo de ascenção subiu para 2,5x o número anterior, de dois anos para cinco, o empregado que estiver no novo PCR terá que bater as metas e estar entre os que receberão este tipo de prêmio a cada dois anos, então em dez anos ele terá que estar no pequeno grupo dos que ascenderão a partir deste critério 5 vezes, enquanto que o antigo não precisará ter batido as metas nenhuma vez para estar na mesma situação do colega.

Voltemos agora com o 1º caso para pensarmos se vale a pena receber aquele bônus para adesão ao PCR. Consideremos que ele seja de R$ 8.193,02. Calculamos a diferença entre salários com o atual plano e com o novo PCR. Em dez anos o acumulado (o que se ganha nos 13 salários anuais) de perda simulando a partir do novo PCR é de R$ 26.362,25. O bônus oferecido deixa de valer a pena em menos de seis anos da migração, isso sem considerar outras verbas, tais como: FGTS, fundo de pensão e férias, o que provavelmente somando-se a este cálculo faria com que o plano da empresa de “retomar o investimento” em até quatro anos fosse facilmente viabilizado.

A roubada é tamanha que neste momento é fundamental que cada petroleiro pare e refaça este cálculo para si e possa concluir livremente que este é apenas mais um presente de grego do governo Temer.

Fonte: Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).

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