Uma carta será entregue à ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a retirada das tropas do Haiti. A FNP orienta a todas as entidades a assinarem o documento que é contrário a permanência das tropas do Haiti.
Para confirmar sua adesão a carta, favor enviar mensagem para: haiti.no.minustah@gmail.com ou responda essa mensagem indicando o nome de sua organização ou seu nome, até o dia 4 de outubro.
Essa carta será entregue as autoridades abaixo descritas.
Carta à ONU sobre a retirada das tropas do Haiti
Ao Secretário Geral da ONU, Dr. Ban Ki-moon
Aos governos dos Estados integrantes do Conselho de Segurança e da MINUSTAH
A comunidade internacional e a opinião pública em geral
Recebam nossa saudação.
É surpreendente e humilhante considerar que ?o Haiti é uma ameaça para a Paz e a segurança mundial? como faz o Conselho de Segurança da ONU, ano após ano, ao ratificar a presença da missão militar-policial chamada de estabilização, MINUSTAH. Declaração que esconde a impunidade das grandes potências e a hipocrisia que lhes permite intervir militar, política e economicamente no Haiti, aproveitando-se dos serviços de outros.
É justamente essa intervenção, um laboratório de novas formas de dominação e controle popular, a verdadeira ameaça.
Durante anos a intervenção de tropas estrangeiras, sejam elas dos Estados Unidos, da França, ou outros poderes, e agora a MINUSTAH, não tem melhorado a vida do povo haitiano. Ao contrário, sua presença ameaça a soberania e a dignidade desse povo e assegura um processo de colonização econômica dirigido, neste momento, por um virtual governo paralelo ? a Comissão Interina de Reconstrução do Haiti ? que responde mais rapidamente aos credores e empresários do que aos direitos das e dos haitianos.
Como se não bastasse, a presença intervencionista usurpa diretamente 800 milhões de dólares por ano (equivalente a quase metade do orçamento anual haitiano) dos recursos necessários para o povo que deveriam ir para a saúde, educação, habitação, água, saneamento, soberania alimentar e a criação de empregos. E o pior, as tropas da MINUSTAH vem avultando um verdadeiro prontuário criminoso: abusos e violações de mulheres e jovens e matam. Matam com balas quando o povo resiste à fome e matam com o cólera: 5.000 haitianos, mulheres e homens, foram mortos pela doença introduzida pela MINUSTAH. Já basta!
Exigimos a retirada imediata das tropas e a não renovação do mandato da MINUSTAH. O Conselho de Segurança tratará da renovação da MINUSTAH antes do dia 15 de outubro e alguns governos já colocam a necessidade de mudanças. Conforme solicitação das organizações haitianas, com as quais estamos em permanente contato, a defesa do povo haitiano, da Paz e da segurança mundial exige uma decisão profunda a respeito. Além da retirada da MINUSTAH, se deve garantir a não intervenção de qualquer ordem, seja ela militar ou policial estrangeira, inclusive e, principalmente, o rechaço à permanência de tropas Estadunidenses. Assim como, assegurar a sanção e a reparação dos crimes por estes cometidos.
onvocamos aos Estados e organismos envolvidos que revejam com urgência as políticas de cooperação regional e internacional com o Haiti. Não se trata de solucionar os problemas que afetam a paz e a segurança social deste povo cm medidas conjunturais e assistenciais que aprofundam a dependência. O país necessita de mudanças onde o povo haitiano seja o protagonista de sua própria vida e construtor de sua própria história. A presença médica cubana é uma mostra irrefutável de que outra cooperação é possível.
Haiti, precursor e benfeitor das lutas antiescravistas e anticoloniais em toda a região, renomado pela criatividade de seus artistas e pela força organizadora de seu povo, tem suportado ao longo de sua vida enorme depredação e calamidades. Mostrou, também, sua luta permanente e solidária para construir alternativas fortes contra as injustiças e as adversidades. É fundamental respeitas seu direito à soberania e a autodeterminação, retirar a ocupação e as dívidas espúrias, apoiando-os em sua luta contra a impunidade, reconhecendo sua capacidade e restaurando os meios que injustamente foram retirados ? a dívida histórica, social, ecológica e financeira devida ao povo haitiano ? e que necessita para sua vida e para sua dignidade.