Mais de um milhão de pessoas participaram das mobilizações contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) neste sábado (29). Os atos da campanha #EleNão foram organizados em mais de 260 cidades brasileiras. O cálculo, elaborado pela edição do jornal, tem como base as informações fornecidas pelas organizações dos atos.
As manifestações foram organizadas por centenas de movimentos populares do campo e da cidade e tiveram uma participação expressiva nas principais capitais do país.
Mulheres de todo o país iniciaram uma série de mobilizações nas redes sociais contra o fascismo e o discurso de ódio estimulados pelo candidato.
Na medida em que as manifestações cresciam, o líder das intenções de voto também viu crescer sua taxa de rejeição, que chegou a 46%, segundo a última pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta sexta-feira (28).
Os cartazes, lambes, pirulitos e faixas, presentes nas centenas de manifestações, expressaram o repúdio ao “coisa", como ficou conhecido o candidato do PSL. E também trouxeram pautas propositivas, como: a defesa da saúde pública e o combate à violência contra as mulheres, ao racismo e à LGBTfobia. Além da defesa dos direitos trabalhistas.
No Rio de Janeiro, segundo a organização, o ato contou com a participação de 200 mil pessoas e também disse não à privatização dos nossos recursos naturais e das nossas empresas estatais.
Em São Paulo, o ato #EleNão reuniu cerca de 500 mil pessoas e ocupou todo o Largo da Batata, na zona oeste da capital, além das duas faixas da Avenida Faria Lima.
As manifestantes entoam a palavra de ordem #EleNão e pediram respeito aos direitos das mulheres, dos negros e dos LGBTIs. Inúmeros cartazes criticaram o projeto neoliberal de Bolsonaro e as medidas postas em prática pelo presidente Michel Temer (MDB), como a reforma trabalhista e a EC 95, que ficou conhecida como a PEC do Teto dos Gastos.
A menção ao retrocesso que o candidato do PSL representa foi uma constante nos atos realizados pelo Brasil e pelo mundo. #EleNão em Belo Horizonte (MG), reuniu cerca de 100 mil pessoas. Em Recife, 250 mil pessoas saíram às ruas.
Durante a campanha de Bolsonaro, o General Mourão, vice-presidente na chapa do candidato de extrema-direita, afirmou que famílias compostas por mãe e avó são "fábricas de desajustados".
Marielle Vive
A vereadora do PSOL e ativista de direitos humanos Marielle Franco, morta há 6 meses e meio, foi lembrada em muitos dos atos realizados pelo país.
A época do assassinato, Bolsonaro foi o único presidenciável que não se pronunciou a respeito do crime. Carla Ambrósio, do coletivo Mulheres Negras contra o Bolsonaro, afirmou que Marielle representa o dia a dia de resistência das mulheres brasileiras, principalmente das negras e periféricas.
“Ela, como vereadora, lutou para que todo o povo periférico, principalmente da Maré, tivesse condições dignas de moradia, tivesse condições dignas para viver, e não só para sobreviver. Quando assassinaram Marielle, eles acharam que iriam nos calar e nos diminuir. Ao contrário, nós ganhamos mais força", afirmou.
Resistência sem ódio
Apesar da gravidade da conjuntura, o clima dos atos foi de animação. Várias cidades contaram com blocos de carnaval, batucadas e shows. Em Salvador (BA), as 50 mil pessoas que participaram do ato assistiram ao show de Daniela Mercury, que afirmou: “a gente não pode aceitar uma pessoa que traga ódio e violência para o Brasil".
No Rio de Janeiro, participaram mais de 90 blocos de carnaval. O ato em Recife (PE) saiu da Praça do Derby, rebatizada de Praça da Democracia pelos movimentos populares desde o golpe de 2016. Ao longo de todo o caminho, os manifestantes entoaram palavras de ordem e paródias contra Jair Bolsonaro. Vários blocos e troças carnavalescas também se juntaram à mobilização.
Em Brasília, o ato reuniu mais de 30 mil pessoas. Mulheres do movimento "Mães pela diversidade" também saíram às ruas em Brasília.
A categoria petroleira não ficou de fora destas manifestações. Em todo o Brasil petroleiras e petroleiros foram para as ruas.
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
Bahia
Belém (PA)
Um ato mundial
Dezenas de atos da campanha #EleNão foram realizados em vários países da América, África, Europa e Oceania. Na Europa os atos ocorreram na Alemanha (Berlim), na Holanda (Amsterdã e Haia), na Irlanda (Dublin), na Suécia (Malmö), na Itália (Milão), na França (Paris e Lyon), na Espanha (Santiago de Compostela e Barcelona), em Portugal (Cidade do Porto, Coimbra e Lisboa), na Noruega (Oslo) e na Dinamarca (Aahrus).
Na América, os atos foram realizados na Argentina (Buenos Aires e Rosário), nos Estados Unidos (Atlanta, Boston e Nova Iorque), no Canadá (Quebeque) e na República Dominicana. O continente africano foi representado Pela África do Sul (Cidade do Cabo) e a Oceania pela Austrália (Melbourne e Sydney).
Fonte: Brasil de Fato
Edição: Vanessa Ramos