Se para a categoria petroleira o discurso é de que a crise afetará o Brasil e que por conta disso não haverá aumento real, para a imprensa burguesa a história é bem diferente.
O presidente José Sergio Gabrielli afirmou com tranquilidade, nesta quinta-feira (06/10), num evento em Kiel, na Alemanha, que a nova rodada de agravamento da crise nos países desenvolvidos não afetou em nada a vida da Petrobrás.
Segundo ele, a companhia não notou nenhuma redução da demanda e nem planeja reduzir os investimentos de US$ 224,7 bilhões, previstos para serem aplicados até 2015. Tudo isso, mesmo com a perspectiva de que as economias avançadas cresçam a um ritmo muito fraco nos próximos anos. A explicação é de que 85% da produção diária de 2 milhões de barris de petróleo vão para o mercado interno.
Questionado se a desaceleração da economia americana, que passou a consumir menos petróleo brasileiro, havia afetado os negócios da empresa, Gabrielli foi taxativo. ?Não?, rebateu o presidente, que por fim ressaltou. ?A projeção que nós fazemos é de que o mercado brasileiro, que hoje é de 2,2 milhões barris por dia, vai ser de 3 milhões a 3,3 milhões de barris por dia em 2020.?
A declaração de Gabrielli é música para os ouvidos dos acionistas e especuladores internacionais. Para esses parasitas, não importa de que forma e nem como a Petrobrás supera recordes de lucro e produtividade a cada trimestre, a cada semestre, a cada ano. Pelo contrário, não hesitarão em defender jornadas de trabalho ainda maiores, aumento da mão-de-obra terceirizada e a precarização das condições de trabalho para garantir que tudo continue como está.
O recado do presidente agrada especuladores e acionistas, mas por outro lado expõe o contraditório, a retórica vazia. O Governo quer jogar nas costas dos trabalhadores a conta da crise, mas o próprio presidente da Petrobrás assume que não há chance da crise afetar a empresa. Com isso, dá ainda mais legitimidade à reivindicação de aumento real e reposição das perdas salariais.
Com um lucro de R$ 35 bilhões no ano passado e o posto de 3ª maior empresa de energia do Mundo, a Petrobrás carrega a mancha de impor aos seus empregados, há 16 anos, reajustes sem aumento real. A categoria petroleira ? ativos, aposentados e pensionistas ? exigem um ACT digno e sem discriminações.