Protesto contra leilões no aniversário da Petrobrás

Reunidos em frente ao Edifício Sede da Petrobrás (Edise), Centro do Rio de Janeiro, os movimentos sociais e entidades populares que integram a campanha ?O Petróleo Tem que Ser Nosso? comemoraram os 59 anos da Petrobrás, criada em 3/10/1953. Protestaram contra o anúncio de leilões de petróleo realizados pela Agência de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), contra o achatamento salarial dos petroleiros e da política de terceirização da estatal.

O ato, que foi coordenado pelo SINDIPETRO-RJ, contou com centenas de representantes de entidades sociais, como Associação dos Engenheiros da Petrobrás, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Via Campesina, Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindscope-RJ), entre outras entidades que integram a campanha. O deputado estadual Paulo Ramos (PDT-RJ) e frei Lenci também prestigiaram o ato.

Esta foi a primeira atividade de retomada de manifestações pela campanha, em função do 11º Leilão de petróleo anunciado pelo Governo Federal. Com previsão de plenárias mensais, a próxima reunião da campanha está prevista para o dia 24 de outubro, no Sindipetro-RJ.

Os diversos discursos em frente ao Edise parabenizaram a Petrobrás pelos seu 59º aniversário, sua importância estratégica para o Brasil e para o povo brasileiro, mas não pouparam críticas em relação aos leilões de petróleo, a política de Recursos Humanos da empresa, o achatamento salarial que sofrem empregados ativos e aposentados da empresa, o altíssimo número de empregados terceirizados, exigiram concursos públicos e o fim da terceirização na Petrobrás.

Foi destacado, com ênfase em praticamente todos os discursos, a importância da retomada do monopólio estatal do petróleo, sendo lembrado o projeto de lei dos movimentos sociais (PL 531/2009), que tramita no Senado Federal. As lideranças enfatizaram que o melhor para o país é uma lei a exemplo do que foi a Lei do Petróleo 2004/53, derrubada no governo FHC, com instituição da Lei 9478/97, que rege os leilões e criou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para as lideranças, esta Lei 9478 é entreguista e promove leilões de lesa-pátria.

O deputado Paulo Ramos lembrou que ?venho mais uma vez prestar a minha solidariedade nesta luta do Sindipetro-RJ e resaltar meu apoio ao monopólio estatal do petróleo e da Petrobrás. Não é possível olhar para os dirigentes do nosso país e vê-los como vendilhões da Pátria?.

Paulo Ramos sublinhou que ?o monopólio estatal do petróleo é possível? e que os dirigentes do país devem retomá-lo. ?Eles terão o apoio da população brasileira?, destacou. ?Esperamos que a presidente Dilma Rousseff, diante de sua popularidade, que volte atrás, às suas origens, que sempre defendeu o monopólio estatal do petróleo?. O deputado conclamou, ainda, os empregados da Petrobrás a integrarem a campanha contra os leilões e em defesa da empresa.

O secretário-geral do Sindipetro-RJ, Emanuel Cancella, exaltou a capacidade técnica da Petrobrás, seus feitos, e que ela ?vai muito bem?, não obstante às críticas que dirigem à empresa. Ele destacou que as elites brasileiras e estrangeiras desejam quebrar a Petrobrás, sendo os leilões de petróleo uma das vias para levar a termo tal estratégia contra a estatal. Cancella lembrou diversos empreendimentos que são patrocinados pela Petrobrás, entre eles o atual Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que conta com 50% de investimentos da empresa. ?Viva a Petrobrás, não aos leilões de petróleo?, exclamou Cancella.

Nas grades do Edise e suas cercanias foram aficçados cartazes e faixas contra os leilões de petróleo, com destaque para ?Não aos leilões de petróleo!? e ?Leilão é privatização!?.

O representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Silvio Sinedino, disse que hoje é um dia histórico para se homenagear o povo brasileiro, que lutou para conquistar o monopólio estatal do petróleo e criar a Petrobrás. ?A Petrobrás é o nosso melhor resultado, não podemos abandoná-la, não podemos abandonar nossa vitória com esses leilões de petróleo. Leilão de petróleo é privatização!?. Sinedino, que é presidente da Aepet, ressaltou: ?O Brasil não precisa de leilões de petróleo, a Petrobrás é capaz de dar conta das demandas do país?.

Francisco Soriano (Sindipetro-RJ) lembrou a campanha ?O Petróleo É Nosso? e a mobilização que possibilitou a criação da Lei 2004/53 e da Petrobrás. ?Essa história da Petrobrás nos leva a fazer um juramento para defendê-la, com a nossa própria vida. Queremos uma Petrobrás pública, a serviço do Brasil e do povo brasileiro?.

Fabíola Mônica (Sindipetro-RJ) destacou que milhares de brasileiros, das mais diversas camadas sociais, integraram a campanha ?O Petróleo É Nosso?, incluisive dando a vida pela criação da Petrobrás e do monopólio estatal do petróleo. ?Nós não podemos, jamais, entregar a Petrobrás.?

Reindold Schopke (Sindipetro-RJ) lembrou a propaganda antiga (e estrangeira) de que o Brasil não tinha petróleo, que se mostrou errada. Agora, após o país fazer grandes descobertas através da Petrobrás, querem subtrair a matéria prima do país através dos leilões de petróleo. Para Schopke, os leilões e a atual política de terceirização na empresa fazem parte dos ditames neoliberais. Ele chamou atenção da empresa para que se realizem concursos públicos, no lugar da terceirização. ?A Petrobrás está sendo sucateada. Vamos continuar lutando por reajustes reais de salário. Tudo que é fora do salário não passa de penduricalho?.

Agnelson Camilo, dirigente da FNP, criticou a empresa por sua política de RH e achatamento salarial. Para ele, a Petrobrás tem um excelente faturamento que permite conceder reajustes salariais reais aos petroleiros. Destacou, também: ?Não podemos tratar a Petrobrás como qualquer coisa? e conclamou os dirigentes da empresa à responsabilidade para impedir que a estatal seja vencida pelas multinacionais. Agnelson também criticou a política de terceirização de empregados, bem como defendeu uma Petrobrás 100% pública e o fim dos leilões da ANP.

Sonia Mara (MAB e Via Campesina) sublinhou que água e petróleo não são mercadorias. ?O petróleo deve estar a serviço do povo brasileiro. Leilão de petróleo é privatização!?

Roberto Ribeiro, da Secretaria de Aposentados do Sindipetro-RJ e FNP, disse que embora a Petrobrás tenha completado 59 anos ela pode ser considerada uma empresa nova no setor petróleo, em comparação às demais. No entanto, ?a empresa já conquistou lugar de destaque no cenário mundial?. Ribeiro sublinhou que ?petróleo é uma questão de soberania nacional? e conclamou os empregados da Petrobrás a ingressar na campanha.

O dirigente do Sindipetro-RJ e da CUT-RJ, Edson Munhoz, disse que nesses 59 anos de Petrobrás é necessário comemorar, mas também criticar. ?Temos que criticar a realização dos leilões de petróleo, pois leilão é privatização. Pelo fim dos leilões de petróleo?. Ele ressaltou, também, que a empresa insiste na terceirização de mão de obra, que precariza o trabalhador e a qualidade dos serviços prestados. Munhoz foi contundente, também, na crítica às discriminações pela empresa nos mais variados cargos do quadro funcional.

O advogado André de Paula resgatou que a Fist tem promovido, permanentemente, divulgações contra os leilões de petróleo e exaltou a importância de conquistar mais adeptos à campanha ?O Petróleo Tem que Ser Nosso?.

Falando pela Ambep (Associação dos Mantenedores-Beneficiários da Petros), Gilbert Prates, declarou: ?Estou decepcionado com a atitude do governo de convocar os leilões de petróleo. Nosso petróleo não pode ser privatizado, pois será uma traição ao país. Temos que nos mobilizar para impedir tais leilões?.

Claiton (Sindipetro-RJ), disse que o Governo Federal convocou o leilão por ter aceitado as pressões das empresas multinacionais reunidas na conferência ?Rio Oil & Gas?, ocorrida nos dias 17 a 20/9, no Riocentro. ?Vamos retomar a campanha a nível nacional para barrar esses leilões?.

Diego (Sindipetro-RJ) ressaltou que ?leilão é privatização?. ?Se este marco regulatório [Lei 9478] continuar haverá exploração pedratória do nosso petróleo, além de desastres ambientais por empresas que só visam o lucro?.

Fonte: Agência Petroleira de Notícias.

Foto: Samuel Tosta.

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