Policiais e manifestantes entraram em confronto nesta quarta-feira (14) na Espanha, em Portugal e na Itália, num dia em que milhões de pessoas faziam greve para protestar contra as medidas de austeridade dos governos europeus contra a crise econômica na região. Batizadas de ?Dia Europeu de Ação e Solidariedade?, as mobilizações tomam se espalharam a outros países, como Bélgica, França, Grécia e Itália.
Por causa da greve, centenas de voos foram cancelados, fábricas e portos foram fechados, e o movimento de trens quase parou na Espanha e em Portugal, onde sindicatos fizeram sua primeira greve geral coordenada, de 24 horas, para protestar contra cortes nos gastos públicos.
As medidas de austeridade que os governos vêm adotando sob o pretexto de tentar superar a crise apenas provocaram mais pobreza e aprofundaram os problemas da região. Milhões de pessoas aderiram às greves nos dois países. Na espanha, pelo menos 60 pessoas foram detidas e 34 ficaram feridas em confrontos, segundo o Ministério do Interior. Na Itália, policiais ficaram feridos em protestos em Milão e em Torino.
A greve na Espanha foi convocada pelos dois principais sindicatos do país, a União Geral de Trabalhadores (UGT) e as Comissões Operárias (CO). O consumo de energia caiu 11%, à medida que fábricas desligaram suas linhas de produção. Em Portugal, várias atividades eram afetadas pela greve geral contra o governo de centro-direita.
Os transportes estavam paralisados ou com serviços reduzidos na capital, Lisboa. Os trens estavam praticamente sem funcionar e o metrô ficou fechado. Funcionários do setor de saúde também aderiram à greve.
A Espanha, onde a crise elevou o desemprego a 25%, tem visto alguns dos maiores protestos e o primeiro-ministro Mariano Rajoy está tentando evitar ter que pedir um ajuda europeia, que poderia exigir cortes orçamentários ainda maiores. Os espanhóis estão furiosos que os bancos tenham sido resgatados com dinheiro público, enquanto as pessoas comuns sofrem. Uma mutuária espanhola cometeu suicídio na semana passada enquanto oficiais de justiça tentavam despejá-la de sua casa por falta de pagamento da hipoteca.
Em Portugal, que aceitou uma ajuda da UE no ano passado, a oposição pública e política à austeridade é clara, ameaçando arruinar novas medidas pretendidas pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Seu governo de centro-direita foi forçado a abandonar um aumento planejado de encargos trabalhistas diante de enormes protestos populares, mas o substituiu por mais impostos.