Moradores temem Transpetro/Petrobrás por ?Gás da Morte?, em São Sebastião

Na edição desta quinta-feira (29/11), o Jornal Imprensa Livre, que cobre o Litoral Norte, estampou em sua capa uma reportagem de forte impacto para a Petrobrás. Com base em relatos de moradores e entrevistas com autoridades municipais, o veículo produziu uma matéria relatando a ocorrência de uma série de vazamentos no Tebar e o fato de que as famílias no entorno da unidade temem o ?Gás da Morte? da Transpetro. Veja abaixo a matéria completa. Caso prefira, clique nos links a seguir para ler a versão impressa da reportagem (CAPA DO JORNAL) (MATÉRIA INTERNA).

Moradores temem Transpetro/Petrobras por ?Gás da Morte?, em São Sebastião
A ETE seria a causadora da dispensação de produtos químicos, seja a emissão do gás H2S, ou de outras substancias no Canal de São Sebastião

Leonardo Rodrigues

Os moradores da Rua Nossa Senhora da Paz, Centro de São Sebastião, reclamam de cheiro forte todas as noites, nos últimos meses. De acordo com eles, que são vizinhos dos tanques da Transpetro/Petrobras, o cheiro similar a ?ovo podre? se deve a gás tóxico, que seria H2S, ou Sulfídrico, conhecido também como Gás da Morte.

Taiki Tzortzis, um dos moradores, conta que após reclamar dos incômodos, por ter sua residência ?invadida? pelo mau cheiro, teve a resposta, através do coordenador de operação, João Eugênio, que teria sido um fato isolado. Porém, após sucessivos fatos isolados, as repostas passaram a ser justificadas por limpeza nos tanques da estatal. Todavia, Taiki fala que segundo informações de operários da empresa, que prefere não se identificarem, o cheiro forte se dá por vazamentos constantes. Tais ?fontes? explicaram ainda que é necessário a liberação do gás diariamente, para não causar pressão no sistema. Com a liberação do gás noturnamente, Taiki passou a se preocupar não apenas com o mau cheiro, mas também com a substância causadora do odor de ?ovo podre?. Todavia, ao questionar por meio da linha 0800 da empresa, o morador recebeu a resposta de que o gás não seria tóxico. Porém, ao pedir que tal afirmação fosse passada por escrito, para tranquilidade quanto à segurança de sua família, seu pedido foi negado pela estatal. ?Então, como posso ter segurança no que dizem? Como posso ficar tranquilo em olhar para os meus filhos e saber que estão em contato com aquele cheiro toda noite??, indaga.

Ao pesquisar com operários da empresa, que tipo de substância seria a que causava em sua família irritação nos olhos, ânsia de vômito, enjôos e tosse, teve a revelação que se tratava de Sulfídrico, ou H2S, que em constantes exposições pode levar a óbito.

Segundo Taiki, tais vazamentos de H2S seriam decorrentes das operações da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), desde sua implantação, há cerca de nove meses. ?Toca o alarme constantemente. E quando toca o alarme, é porque houve vazamento?, fala o morador.

Por fim, a Polícia Militar foi chamada ao local, onde constatou o cheiro forte e orientou o morador a se dirigir à Polícia Civil, para formalizar a queixa em um Boletim de Ocorrência (B.O), feito na manhã de ontem. Todavia, Taiki conta que procurará ainda a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) para maiores providências.

A estatal
A Transpetro foi procurada pela reportagem para se manifestar sobre o caso. Contudo, a assessoria de comunicação da empresa se limitou a dizer que nessa terça-feira, por volta das 10h30, a interrupção de energia elétrica da distribuidora local provocou o desligamento, por alguns minutos, de equipamento da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) do Terminal Aquaviário Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião. E assegurou que o odor não oferece qualquer risco para a comunidade. A resposta da estatal acrescenta ainda que a ETE está devidamente licenciada pelo órgão ambiental, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Por fim, complementa afirmando que a Transpetro ressalta que todas as suas operações seguem rigorosos padrões de segurança e cuidado com o meio ambiente.

Vale lembrar
A Prefeitura de São Sebastião autuou a Transpetro/Petrobras em agosto, onde a Administração Municipal havia apontado possíveis irregularidades cometidas pela empresa. As notificações foram realizadas com base no trabalho feito pelas equipes técnicas e de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente (Semam).

Conforme informações da Semam, a primeira notificação emitida pela fiscalização diz respeito à renovação da licença da Transpetro. Desde dezembro de 2010 a empresa não apresenta a documentação que comprove a renovação da licença. Sem este documento, a Transpetro não poderia exercer as atividades. Apesar dos inúmeros pedidos a respeito da licença por parte do município, até o momento nada foi apresentado oficialmente.

Já a outra notificação exige que a empresa apresente a documentação da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), que foi construída recentemente a fim de tratar o petróleo descarregado na cidade. De acordo com a fiscalização, a nova ETE já está em funcionamento, mas até agora não foi apresentado qualquer documento que apontasse a permissão para seu funcionamento. Na ocasião, a estatal se limitou a dizer que as instalações do Terminal Almirante Barroso (Tebar) estão licenciadas pelo órgão ambiental competente, a Cetesb.

A reportagem procurou o secretário municipal, Eduardo Hipólito, que revelou persistir na necessidade da estatal renovar a licença municipal. Após as notificações em agosto, a Petrobras permaneceu indiferente a tal necessidade. ?A Semam não satisfeita encaminhou esse imbróglio para o Jurídico analisar?, fala o secretário. Ele explica que a licença municipal faz urgência frente a casos como os moradores vizinhos da Petrobras, no Centro de São Sebastião. ?A Cetesb não faz aferição, nem visita os moradores. É a Semam que a população procura. Por isso a importância da Petrobras está em diálogo e em concordância com o município?.

Hipólito, que também é advogado, professor, especialista em Gestão Ambiental de Empreendimentos Litorâneos, mestre em Direito Ambiental, explicou que os efeitos nocivos decorrentes da ETE não acaba com a emissão do gás tóxico. ?Há ainda outros sub produtos despejados no Canal de São Sebastião, via emissário da Petrobras. Então uma parcela de produtos químicos vai para o ar e outra para o mar?, conta.

Foto: Jorge Mesquita/IL

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