?A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta?, escreveu o poeta gaúcho Fabrício Carpinejar, na manhã deste domingo (27/01). Certamente, um dos domingos mais tristes na história do país.
A família petroleira, espalhada em todos os cantos do Brasil, também está de luto por causa da morte de, pelo menos, 233 pessoas em uma boate de Santa Maria, município que fica a 286 km de Porto Alegre (RS), após um incêndio causado por um sinalizador disparado pela banda que se apresentava no local. A notícia está em todos os sites do Mundo, em todas as televisões do país.
Diante de tamanha tristeza, a FNP se solidariza com os familiares e amigos das vítimas e, ao mesmo tempo, reforça o clamor da sociedade por justiça e pela punição dos responsáveis por esta tragédia. Como entidade que enfrenta diariamente a ganância de gestores que negligenciam a segurança dos trabalhadores por mais produção e mais lucro, a FNP não pode deixar de lamentar o fato incontestável de que vidas foram perdidas por causa da tentativa da casa de evitar prejuízos e garantir lucro a qualquer custo.
A casa superlotada, os segundos perdidos para evitar que os clientes saíssem sem pagar e a estrutura precária para situações de emergência são sintomas de uma lógica perversa que, infelizmente, ronda diariamente nossas vidas. Evidentemente, esperamos que o dono da boate ?Kiss? seja punido por todas as falhas evidentes, mas também esperamos que os gestores e políticos responsáveis por fiscalizar os estabelecimentos da cidade sejam ouvidos: a prefeitura e o Governo do Estado, que deveriam impedir que casas desse tipo continuassem abertas, não podem se contentar em apenas decretar estado de luto.
Neste sentido, chamamos todos os trabalhadores, petroleiros ou não, a exigir que esta tragédia nacional não seja apenas mais um fato triste e lamentável de nossa história. A ganância de quem visa apenas lucro não deve continuar determinando o fim da vida de pessoas inocentes.