Nota da FNP ao RH da Petrobrás, aos trabalhadores e à imprensa

Em resposta à carta RH/AMB/RTS ? 50.004/13 de 24/01/13, enviada pela Petrobrás aos sindicatos e divulgada à força de trabalho, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) inicia esta nota aceitando – para o mais breve possível – o convite feito pela companhia por meio do comunicado, conforme reproduzimos abaixo:

“Aproveitamos a oportunidade para reforçar que continuamos abertos as negociações sobre a PLR 2012 e que a mesa de negociação tem prevalecido como canal mais adequado para entendimentos…”

Já em relação à fórmula da empresa que justificaria o valor de adiantamento da PLR 2012 oferecido aos trabalhadores, temos alguns comentários (lembrando que esta proposta foi rejeitada em todas as assembleias de petroleiros no Brasil).

Em primeiro lugar, é importante frisar que a companhia usa parâmetros para justificar a diminuição em 60% na PLR que não irão valer para os acionistas. Além disso, ninguém na categoria (com razão!) acredita que haverá diminuição da PLR e no bônus da alta administração da companhia.

Em alguns casos, como é sabido por toda a categoria, gerentes iluminados chegam a abocanhar uma remuneração global que chega a ser cinco vezes maior daquela recebida por trabalhadores de nível superior que estão, pasmem, no último nível! Fora a imoralidade dos R$ 90 milhões em 2010, quando a Diretoria Executiva ? encabeçada pelo ex-presidente Gabrielli ? distribuiu esta cifra para gerentes, consultores, coordenadores e supervisores da Petrobrás, discrimando os demais empregados.

Destacamos ainda que o prejuízo da Petrobrás no último trimestre é o primeiro em 13 anos! E que tais prejuízos são responsabilidade de gestores incompetentes e não da força de trabalho. Por isso, a empresa se recusa a fornecer informações transparentes sobre o porquê deste prejuízo. Não podemos aceitar que a empresa jogue sobra as costas dos trabalhadores a conta da crise. E o pior: para ajudar os acionistas a enriquecerem ainda mais.

As descobertas do pré-sal, os recordes de produção e a garantia do abastecimento nacional, estas sim são obras de cada trabalhador, de cada um de nós.

Já as variações cambiais do dólar em função da crise mundial e o prejuízo da empresa não foram obras nossas! O rombo com a compra e venda da Refinaria de Pasadena, nos EUA, não foi decidida por nós. A elevação em até quatro vezes do custo estimado para a construção da RENEST (Refinaria Abreu Lima) não foi culpa nossa. A venda por migalhas do Campo de Tupi ao magnata Eike Batista, após investimentos monstruosos, não foi decisão nossa. As inúmeras dividas trabalhistas e ações judiciais, motivadas pela terceirização desenfreada que mata e mutila trabalhadores, definitivamente não foi iniciativa da categoria. Assim como a falta de manutenção das plataformas que levou à redução da produção e os 41 poços secos omitidos nos balaços anteriores e alocados todos no terceiro trimestre de 2012 foram decisões da gestão da empresa.

Por isso, é preciso desmontar a falácia da empresa de que o adiantamento este ano é rebaixado por conta dos prejuízos no primeiro trimestre. A ligação entre o lucro e o valor que recebemos nunca foi critério! Ao longo desses treze anos, marcados por lucros e produções recordes, nossa PLR nunca acompanhou o crescimento da empresa. Longe disso. Ela estacionou e desde então vem caindo gradativamente. E agora, para piorar, despencou.

O que queremos dizer? Que ao longo desses anos o lucro podia aumentar ou baixar, mas o valor da PLR continuava nos patamares dos anos anteriores (o que já era ruim). Para citar um exemplo, em 2009 o lucro da empresa sofreu uma redução de 20% em relação ao ano anterior, mesmo assim a empresa aumentou o montante em 12% para manter os mesmo valores. Esta PLR (de 2009) foi paga em 2010, que era ano de eleições presidenciais.

A empresa praticou em torno da metade do que poderia (os 25% dos dividendos pagos aos acionistas, conforme prevê a resolução CCE n° 010, de 30 de maio de 1995). Já aos acionistas, a média de repasse nos últimos dez anos tem sido de 30%.

Diante disso, surge a pergunta: por que este ano está sendo diferente? Por que esta redução absurda da PLR faz parte da política da empresa de reduzir o salário da categoria para fazer fluxo de caixa, frente aos ?prejuízos? ocorridos no ano passado. Assim como na Europa, onde os governos atacam os direitos dos trabalhadores, o governo brasileiro e a direção da Petrobrás querem que os trabalhadores paguem a conta da crise econômica.

ENTREVISTAS E DOSSIÊ
Iremos marcar uma entrevista coletiva com a imprensa para provar aos órgãos de comunicação e à sociedade que o imenso prejuízo da Petrobrás não passa de um complô. Complô este que é gerado dentro da própria companhia e que visa queimar a imagem da Petrobrás, empurrando a categoria em uma greve com a intenção premeditada de indispô-la com a sociedade.

Vamos também preparar dossiês contra esses inimigos da Petrobrás, dos petroleiros e do Brasil. A categoria já fez a greve, atrasos e trancaços em nível nacional no dia 28. Seja nas bases da FNP, seja nas bases da FUP, a maioria das bases cruzou os braços em forma de protesto. E exigimos da empresa PLR Máxima e Igual para Todos, como nos garante a já citada resolução CCE n° 010.

SEM PROPOSTA, GREVE POR TEMPO INDETERMINADO!
O próximo passo é a greve por tempo indeterminado e todas as consequências que envolvem uma paralisação de petroleiros. E nessa greve vamos usar todos os nossos argumentos para denunciar o governo brasileiro e a direção entreguista da Petrobrás que tenta diminuir o brilhantismo da companhia e que administra em prol dos acionistas, priorizando a entrega do nosso petróleo através dos leilões e do desinvestimento.

A orientação da FNP para nossos sindicatos e as bases petroleiras é desde já realizar setoriais, plenárias e assembleias para organizar a greve, caso a companhia insista com essa política.

Rio de Janeiro, 1° de fevereiro de 2013
Diretoria Executiva da Federação Nacional dos Petroleiros

Para ler esta nota em PDF, em forma de Ofício, clique aqui

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