Frustrando a expectativa da categoria, a Petrobrás se apresentou à mesa de negociação nesta quinta-feira (28/02) de mãos vazias. O RH Corporativo informou que o objetivo da reunião foi apenas ?reafirmar a proposta apresentada no dia 14 de fevereiro, com seus 13 itens?, frisando que ?não existe nova proposta?. A reação comum dos dirigentes presentes foi de indignação.
Para a FNP, essa postura desrespeita as entidades sindicais e os trabalhadores, que rejeitaram em massa a proposta da companhia. ?Na cabeça de toda a categoria, existiria uma nova proposta. E a empresa se faz de boba e finge desconhecer esse sentimento. A proposta foi rejeitada em todas as bases. É muita cara de pau a companhia vir aqui e dizer que oferece a mesma proposta?, afirmou Agnelson Silva, do Sindipetro-PA/AM/MA/AP.
Emanuel Cancella, secretário-geral da FNP e diretor do Sindipetro-RJ, teve opinião semelhante. ?Todos os trabalhadores aguardavam essa reunião com ansiedade, pois esperavam um novo valor. Consideramos um desrespeito com os trabalhadores o agendamento de uma reunião que não avança em nada?.
CHEGA DE MANOBRAS
Além disso, a FNP também exigiu que a empresa siga as negociações de acordo ? apenas – com a lei 10.101, que trata exclusivamente da quitação de PLR. ?Não admitimos que, sob o pretexto de atender a ?reivindicação? da outra federação, a companhia insira a discussão de PLR Futura?, esclareceu José Ademir da Silva, presidente do Sindipetro-SJC. ?Queremos que a empresa retire imediatamente a discussão de regramento. Já afirmamos duas vezes, em mesa de negociação, que não discutiremos qualquer tipo de meta e regramento que prejudique os trabalhadores?, lembrou Agnelson.
Clarckson Araújo, diretor do Sindipetro AL/SE, afirmou que, em primeiro lugar, o que a categoria exige é o avanço das discussões sobre o montante de PLR que será pago. ?A proposta de adiantamento apresentada até agora, condicionada a uma 2ª parcela que a empresa garante não ser menor que a 1ª, sugere aos trabalhadores que o valor final será inferior do que o pago no ano passado. A categoria sabe que sob essa lógica a proposta de PLR que a empresa quer impor está muito aquém dos anseios da categoria?.
Neste sentido, a FNP reafirmou sua bandeira por uma PLR Máxima e Igual para Todos! Ou seja, 25% dos dividendos liberados aos acionistas – que não produziram nenhuma riqueza para a companhia, mas já receberam no ano passado a 1ª parcela de seus dividendos. Com base em sentimento nacional da categoria, a FNP também segue reivindicando o pagamento integral da PLR.
Nesta sexta-feira (01/03), a companhia deve informar ? por meio de ofício – em que data haverá nova reunião para responder às exigências feitas pela FNP. A ideia é de que o novo encontro aconteça na segunda-feira (04/03).
O QUE A FNP REIVINDICA?
– PLR Máxima e Igual para Todos (25% dos dividendos distribuídos aos acionistas)
– Pagamento em parcela única
– Retirada do item 13 da carta-proposta enviada em 14 de fevereiro, que trata de PLR Futura.
Convênio Petrobrás/Petros e INSS
Em relação ao convênio da Petrobrás e Petros com o INSS, extinto em 31 de janeiro, a empresa segue sem nenhuma alternativa para os trabalhadores.
Os dirigentes lembraram a companhia de que o prazo dado pela FNP para a equação deste problema acabou em 25 de fevereiro. Diante disso, a FNP irá lançar uma campanha na base contra os responsáveis por mais um ataque aos trabalhadores e entidades sindicais.
?Esta medida é um ataque frontal à base social dos sindicatos combativos. Com a criação de grandes empecilhos na margem de consignação de inúmeros aposentados e pensionistas, querem afastar da militância esses companheiros, que são as maiores vítimas da política entreguista da outra federação?, pontuou Cancella. E finalizou. ?Percebemos que é uma perseguição a esses trabalhadores. Primeiro, a repactuação em suas várias fases. Depois, o veto ao voto por correspondência na eleição da Petros e as negativas para os procedimentos de grande risco da AMS. Agora, mais este ataque”.
Em meio ao jogo de empurra-empurra, a companhia informou que a prioridade é a construção de um novo convênio, com maior atenção inicialmente aos aposentados e pensionistas, que recebem benefício permanente.
Outras demandas levantadas pela FNP
Aproveitando a mesa de negociação, a FNP também cobrou outras demandas importantes da categoria, dentre elas a situação dos anistiados. Os dirigentes cobraram da companhia mais agilidade no processo de readmissão desses companheiros, bem como a forma como são realizadas as transferências.
Neste sentido, a FNP denunciou as demissões arbitrárias que seguem sendo aplicadas pela companhia contra lutadores e trabalhadores assediados pelas chefias. A lógica segundo a qual os empregados são objetos descartáveis, dispensados ao bel prazer mesmo após mais de 20 anos de casa, demonstra que a perseguição a funcionários da companhia não é coisa do passado.
Os inúmeros problemas encontrados na área de Abastecimento, que pipocam em diversas bases do país, também foram levantados pela FNP. No Litoral Paulista, por exemplo, os trabalhadores estão realizando desde segunda-feira (25/02) atrasos de uma hora contra a redução do quadro mínimo da unidade. Ademir Gomes Parrela, diretor do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP, denunciou as retaliações e abusos dos gerentes diante da mobilização.
?O que aconteceu na refinaria foi uma tortura psicológica da gerência contra os trabalhadores. Gerentes da unidade chamaram os trabalhadores, um a um, para ameaçá-los diante da paralisação. Para piorar, um deles depois negou que teve essa conversa. Se um peão chão de fábrica mente, é demitido na hora. Mas com esses chefes nada acontece, porque a direção é conivente ao não fazer nada para acabar com esses abusos?.
Sobre o caso de Leninha, cuja aposentadoria foi reconhecida pelo INSS, a Petrobrás informou que irá analisar o processo que consta a decisão para responder à reivindicação da FNP, que exige da companhia o custeio do tratamento de saúde da companheira. Outro caso cobrado, que será rediscutido, é a punição de 15 dias imposta ao companheiro Cláudio, da base do Sindipetro-PA/AM/MA/AP, base na qual o imbróglio envolvendo a escalada definida e não definida segue gerando uma série de irregularidades (não pagamento de horas extras, violação de regime de trabalho, etc.)
Reuniões com os diretores executivos do Abastecimento e do E&P para cobrar a solução dos casos aqui citados já foram solicitadas pela entidade.