Reunidos na última terça (05/03) e nesta quarta-feira (06/03), no Rio de Janeiro, os membros da Diretoria Executiva da FNP decidiram por unanimidade rejeitar a proposta de PLR 2012 apresentada pela Petrobrás na última segunda-feira (04/03). A Federação também indica que seus sindicatos realizem as assembleias até o próximo dia 15 de março, sexta-feira.
Com um aumento em relação à proposta anterior ligeiramente maior que um salário mínimo (R$ 724,00), a empresa continua oferecendo aos trabalhadores um valor (praticamente metade do negociado no ano anterior!) muito aquém daquilo que a categoria produziu ao longo de 2012. Para se ter uma ideia, o montante destinado aos petroleiros caiu de R$ 1,56 bi para R$ 1,15 bi, sendo que o percentual destinado aos empregados equivale apenas a 13% dos dividendos liberados aos acionistas. Ou seja, praticamente metade dos 25% garantidos aos trabalhadores pela resolução CCE n° 010, do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST).
Ou seja, o mesmo departamento que supostamente é o responsável por limitar a nossa PLR em 4,5% do lucro da Petrobrás, é quem nos garante ? por meio de uma resolução pública ? 25% dos dividendos distribuídos aos acionistas.
Mais uma traição dos governistas – Por isso, após seu velho teatro, novamente os governistas traem a categoria ao indicar a aceitação de uma proposta rebaixada e, também, ao reproduzir e aceitar de bico calado a falácia da companhia de que não é possível avançar em um valor justo por causa do DEST.
Igualmente absurda é a afirmação de que estamos recebendo o mesmo tratamento destinado aos acionistas. Afinal, mesmo com um lucro menor, a Petrobrás não penalizou seus acionistas. Pelo contrário, aumentou a porcentagem destinada a eles, privilegiando-os novamente. Mesmo podendo destinar aos acionistas apenas 25% do lucro obtido ao longo do ano, porcentagem mínima exigida pela lei, a Petrobrás resolveu ser generosa e distribuir aos acionistas 44,73% do lucro básico de 2012 ? porcentagem maior que a destinada no ano anterior (38,25%).
Está claro que a alta direção da companhia está comprometida, custe o que custar, em garantir aos acionistas altas taxas de lucro. Neste sentido, Graça Foster foi de uma transparência assustadora ao dizer a investidores internacionais, em Londres, que ?vamos dedicar as nossas vidas para recuperar o valor das suas ações?. Além disso, sabemos que o dinheiro que sobra desta negociação não é revertido pela companhia para investimentos em unidades ou para programas sociais do Governo Federal em saúde e educação. Vai pra conta do Governo, que utiliza esse recurso para o pagamento da dívida pública aos banqueiros – quitação responsável por comprometer metade do orçamento da União!
Por isso, os petroleiros de todo o Brasil devem rejeitar amplamente esta proposta e empunhar a verdadeira bandeira de luta da categoria, que é PLR Máxima e Igual para Todos! Se temos o direito de receber até 25% daquilo que recebem os acionistas, é isso que exigimos!
Regramento: traição e cortina de fumaça – Como não poderia ser diferente, toda traição aplicada pelos governistas traz consigo ?reivindicações? criadas sem qualquer amparo na base. Tratam-se de ?exigências? formuladas de cima pra baixo, em reuniões de cúpula, para desviar a luta da categoria, sufocar a insatisfação generalizada e depois justificar a aceitação de propostas rebaixadas com falsas conquistas e “compromissos” feitos pela empresa.
O regramento defendido por ela, e aceito de bom grado pela Petrobrás, cumpre este papel. No meio da campanha, ?esqueceram? a luta por uma PLR Justa e passaram a priorizar a discussão de metas. Mas os trabalhadores, que já são submetidos a metas diariamente (o GD é um exemplo), não querem regramento, mas sim uma PLR justa!
A FNP já se posicionou contrária a qualquer tipo de regramento e nas reuniões agendadas pela companhia sobre este tema o posicionamento da federação será reafirmado.
Chamamos os trabalhadores a rejeitarem amplamente a proposta da empresa e a discussão de PLR Futura. O montante que a empresa oferece não está vinculado ou condicionado a orientações governamentais que só a empresa tem conhecimento e que a federação governista, submissa ao Governo, aceita sem protestos.
Prova disso é a campanha de PLR de 2009. Naquele ano, o lucro da empresa sofreu uma redução de 20% em relação ao ano anterior. Entretanto, isso não foi empecilho. A empresa aumentou o montante em 12% para manter os mesmos valores dos anos anteriores. Esta PLR (de 2009) foi paga em 2010, “coincidentemente” um ano de eleições presidenciais.
Neste sentido, alertamos os trabalhadores para que não acreditem no discurso oficial da empresa e nem dos governistas. O montante destinado aos trabalhadores está vinculado e submetido à pressão da categoria. São os trabalhadores e a sua capacidade de organização que determinam qual o valor arrancado da companhia. E é com base nessa realidade incontestável que devemos lutar por uma PLR Máxima e Igual para Todos!