Após muitas horas de viagem e muita disposição, os petroleiros das bases da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) foram chegando aos poucos à capital do país para um evento histórico da classe trabalhadora brasileira: a Marcha a Brasília de 2013.
Realizada nesta quarta-feira (24/04), a marcha reuniu mais de vinte mil pessoas ? entre trabalhadores da cidade e do campo, estudantes e integrantes dos mais variados movimentos sociais. Com participação importante da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), o ato reuniu diversas centrais e federações do país. Dentre elas, CSP-Conlutas, Intersindical, A CUT Pode Mais, MST, ANEL, etc.
A coluna de petroleiros, com delegações do Rio de Janeiro, Litoral Paulista, São José dos Campos e Alagoas/Sergipe aproveitou a manifestação para defender uma Petrobrás 100% Estatal e fazer uma denúncia contundente à entrega do petróleo brasileiro às multinacionais. Agendada para maio, a 11ª rodada de leilões do petróleo ? encabeçada pelo governo Dilma ? representará a venda do equivalente a R$ 3 trilhões, valor do tamanho de um PIB nacional.
Clarckson Messias, diretor da FNP e do Sindipetro AL/SE, considerou a marcha um marco no processo de reorganização da categoria e de todos os trabalhadores. ?Esperamos, com essa marcha, ter a oportunidade de construir uma jornada de lutas não só para combater as medidas do governo, mas também barrar o processo de privatização posto hoje na Petrobrás?.
No final da marcha, os petroleiros caminharam até a sede do Ministério de Minas e Energia. Uma delegação ficou responsável por reivindicar do ministro Edison Lobão uma audiência com a FNP para a discussão da política energética do Governo Federal, assim como da entrega do petróleo brasileiro por meio dos leilões.
Para Claiton Coffi, diretor da FNP e do Sindipetro-RJ, os trabalhadores conseguiram demonstrar nesse 24 de março que irão resistir aos ataques do Governo. ?Vamos mobilizar o conjunto dos trabalhadores para não deixar que se venda duas Petrobrás em termos de reserva de petróleo. É uma imensa riqueza que deve ficar no país e que, infelizmente, o governo Dilma quer entregar de mão beijada para Eike Batista e outras empresas multinacionais?.
Parcela importante dos petroleiros presentes, os aposentados e pensionistas que lotaram os ônibus da categoria também foram reivindicar a anulação da reforma da previdência de 2003, aprovada no governo Lula com a compra de votos no histórico caso do mensalão. Neste sentido, foi levantada a bandeira contra o fator previdenciário e a proposta da formula 85/95, que também ataca as aposentadorias dos brasileiros.
?O Litoral Paulista faz questão de trazer o maior número possível de trabalhadores pra lutar contra o ACE e os leilões do petróleo. Viemos aqui pra reafirmar que o petróleo não é da Petrobrás e nem do Governo, mas sim do povo, da sociedade brasileira?, disse Gervásio Fernandes, diretor da FNP e do Sindipetro-LP. Para Celso Alves (Cafu), diretor do Sindipetro-RJ, ?mostramos ao Governo a insatisfação do povo brasileiro com o anúncio dos leilões do petróleo, que representam a doação das nossas riquezas em troca de nada ao povo brasileiro?. Silveira, companheiro do Sindipetro-SJC, lembrou a importância dos aposentados na luta. ?Não estamos na ativa, mas as reivindicações e as batalhas não acabaram?.
Mateus Ribeiro, da oposição no Norte Fluminense, considerou o ato vitorioso, mas fez uma ressalva aos setores que não participaram. ?Fizemos uma manifestação muito bonita. Por isso, lamentamos que o Sindipetro-NF, ao invés de mobilizar essa marcha, tenha marcado o congresso da categoria para o mesmo dia. Com isso, boicotou a marcha e não permitiu a participação da categoria. Chamamos os petroleiros do Norte Fluminense a questionarem o sindicato por que não esteve aqui, principalmente frente ao leilões do petróleo. É fundamental os petroleiros estarem na vanguarda desta luta. E todos os sindicatos, mesmo os ligados à FUP, precisam participar deste processo de lutas e resistência?.
Além das pautas específicas das categorias presentes, o ato também teve como papel reunir em uma única plataforma de luta as mais diversas bandeiras e reivindicações gerais dos trabalhadores.
Dentre elas, a luta contra o ACE (Acordo Coletivo Especial); o apoio à luta dos trabalhadores do campo contra o agronegócio e pela reforma agrária; aumento geral dos salários; defesa dos servidores públicos e da educação pública; 10% do PIB para a educação, já; suspensão do pagamento da dívida pública; fim da privatização das estradas e aeroportos; contra a criminalização da luta e dos movimentos sociais; contra toda forma de opressão e discriminação.
A manifestação foi encerrada no Congresso Nacional com um ato político que contou com a presença das principais entidades organizadoras. Ao final, estudantes ligados à entidade estudantil ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes) deram um beijaço coletivo e realizaram casamentos homossexuais em protesto à presença do deputado Marcos Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.
Com faixas, músicas e bandeiras defenderam diversos direitos trabalhistas. Algumas faixas levadas pelas entidades sintetizavam as bandeiras de luta da marcha: ?Basta de ataques aos trabalhadores!?, ?Chega de entregar dinheiro aos grandes empresários!? e ?Mais verbas para a saúde, educação e reforma agrária!?.
Entidades organizadoras ? Além da FNP, compõem a organização da Marcha entidades e organizações entre as quais ? CSP-Conlutas, A CUT Pode Mais (corrente que integra a CUT), CNTA (Confederação Nacional de Trabalhadores da Alimentação), Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas), Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais), CPERS (Centro dos Professores Do Estado Do Rio Grande Do Sul), MST, Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), ADMAP (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas), ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes ? Livre), assim como entidades de movimento populares e outras.