Editorial da Diretoria Colegiada do Sindipetro-LP
Após um longo período de silêncio e omissão, o campo majoritário da FUP, finalmente, tomou coragem para se pronunciar sobre a unidade cobrada por oito sindicatos e pela Fenaspe. Infelizmente, a resposta confirma uma realidade: a federação ? um dia combativa ? está empenhada em sufocar a disposição de luta da categoria.
No editorial publicado para atacar a FNP e disseminar desânimo nos trabalhadores, sobrou até mesmo para alguns sindicatos filiados à federação. A FUP afirma que o chamado à unidade é falso e uma enganação, mas esquece de dizer que fazem parte deste ?bode? os sindipetros do Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará; sindicatos ? filiados à FUP ? que ousaram ?desrespeitar? a vontade dos burocratas e responder positivamente ao anseio, não dos ?divisionistas?, mas dos trabalhadores de suas bases e do sentimento nacional da categoria.
Com uma reflexão rasteira, questionam ?como pode haver unidade com pseudo-sindicalistas?. Ora, nada mais contraditório. Se existe alguma federação com pseudo-sindicalistas, é justamente a FUP, que acolhe em seu alto escalão um ex-dirigente do Sindipetro-LP, expulso pela categoria do quadro de associados por não devolver o dinheiro do Fundo de Greve. É muita cara de pau uma federação com diretores biônicos, que são liberados mesmo sem terem sido eleitos por suas bases, colocar em dúvida a legitimidade dos dirigentes sindicais da FNP.
Para piorar, afrontam a inteligência dos trabalhadores. Afinal, quem realmente acredita que a Petrobrás e o Governo, justamente aqueles que alimentam a burocracia fupista com altos cargos na companhia, são seus inimigos? Todos sabem que são parceiros. Adjetivos como ?vendilhão?, ?pelego?, ?entreguista? e ?chapa branca? não estão apenas em nossos materiais; estão na boca dos trabalhadores. A categoria aprende com a sua própria experiência. Não somos nós que, através de discursos, convencemos a categoria de que a FUP é traidora. Os trabalhadores estão enxergando isso com seus próprios olhos.
A unidade é possível e necessária
Por outro lado, concordamos que ?a unidade não é um discurso vazio e oportunista?. Por isso, oito sindipetros se reuniram por duas vezes para construir essa unidade; por isso, oito sindipetros se comprometeram a realizar paralisações no dia 19 para provar que a unidade é um objetivo possível; por isso, oito sindipetros estão dispostos a superar as diferenças em nome de um bem maior: a categoria petroleira.
E a cúpula da FUP, o que fez? Além de apontar um calendário quase natalino de greve, redigiu um editorial auto-proclamatório e prepotente, no qual dá a entender que é maior que a categoria. Em outras palavras, os dirigentes da FUP dizem que são a favor da unidade, mas em torno dos seus próprios umbigos, o que só pode ser visto como um sério sintoma de megalomania.
A cúpula da FUP se comporta como uma criança mimada, que se sente a dona da bola e, por conseqüência, a dona da partida. Quer escalar o árbitro, os jogadores e ditar as regras do jogo. Chamam-nos de divisionistas, mas se integramos uma data de mobilização para construirmos a unidade na luta dizem que pegamos carona. Nada mais narcisista.
Não nos guiamos pela FUP, mas pelas circunstâncias objetivas e pelos anseios dos trabalhadores. Neste sentido, temos plena consciência de que a realidade nos impõe a necessidade de construir uma grande greve nacional entre as 17 bases petroleiras do Brasil.
Este é o desejo da categoria. Por isso, o diálogo mantido até aqui por oito sindipetros deve ser aprofundado. É justamente por respeito aos trabalhadores que cobramos unidade na luta, é justamos por respeito aos trabalhadores que a cobrança por unidade será mantida. Chamamos outros Sindicatos contrários ao teatro da FUP a se somarem ao espaço construído não pelas Federações, mas pelas entidades sindicais. Chamamos também os petroleiros de todas as bases que cobrem de suas direções sindicais a construção de uma campanha unificada. Ainda é possível vencermos!