Leilão do Petróleo: ?lutar quando a regra é vender!?

Governo Federal ignora manifestação contra a privatização e efetiva a entrega de 142 blocos do petróleo brasileiro

A campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso realizou na manhã desta terça (14), em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro, protesto contra a 11ª Rodada de Licitação de Petróleo. O leilão promovido pelo Governo Federal e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) contou com o repúdio de praticamente todo o movimento social brasileiro. Nada foi capaz, porém, de persuadir a presidenta Dilma Rousseff a cancelar o processo de privatização do petróleo nacional.

A manifestação em frente ao Hotel Royal Tulip, local da rodada de licitação, reuniu cerca de 600 ativistas que denunciavam o escandaloso processo de entrega da riqueza nacional ao empresariado nacional e estrangeiro. Delegações vindas do interior do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense, do Espírito Santo e de São Paulo engrossaram o ato.

O movimento contra a 11ª rodada de licitação não se resumiu ao ato em São Conrado. Na segunda-feira (13), integrantes da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso ocuparam o Ministério das Minas e Energia em Brasília e a sede da Agência Nacional do Petróleo no Rio de Janeiro exigindo o cancelamento dos leilões. O Sindipetro-RJ, FNP e FUP espalharam cartazes e faixas pelas ruas do Rio denunciando o roubo do nosso petróleo. Também anunciaram em jornais e rádios de grande circulação, na traseira de ônibus e outdoors, além da forte campanha nas redes sociais. Deputados federais, estaduais e vereadores se pronunciaram publicamente contra os leilões. Entidades diversas e partidos políticos lançaram manifestos no mesmo sentido. Mas o interesse das empresas estrangeiras e nacionais falou mais forte.

Números do leilão

A 11ª. Rodada da ANP arrecadou com bônus de assinatura (valor pago pelas empresas na assinatura do contrato), R$ 2,8 bilhões. A área arrematada foi de 100,3 mil Km2 dos 155,8 mil Km2 ofertados. Ao todo, 39 empresas de 12 países participaram, das quais 30 foram vencedoras, sendo 12 nacionais e 18 de origem estrangeira: Austrália (1), Bermudas (1), Canadá (4), Colômbia (2), Espanha (1), Estados Unidos (2), França (1), Guernesei (1), Noruega (1), Portugal (1), Reino Unido (3).

Foram arrematados 142 dos 289 blocos oferecidos em 23 setores distribuídos em 11 bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Parnaíba, Pernambuco-Paraíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas e Tucano Sul. O maior bônus de assinatura, de R$ 345.950.100,00, foi oferecido pelo bloco FZA-M-57, da Bacia da Foz do Amazonas, pela Total E&P Brasil, operadora da área com 40% de participação em consórcio com a Petrobras (30%) e com a BP EOC (30%). O conteúdo local médio da 11ª. Rodada foi de 62,32% para a Fase de Exploração do contrato de concessão e de 75,96 % para a Fase de Desenvolvimento.

A luta contra a privatização do petróleo

Muito satisfeita com o resultado do leilão, Magda Chambriard, diretor geral da ANP já anunciou a 12ª rodada de licitações para outubro e o primeiro leilão do pré-sal para novembro. Os movimentos sociais prometem ampliar a conscientização da povo brasileiro sobre o tema e com isso fortalecer a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, que defendeo controle público sobre a exploração do petróleo e a Petrobrás 100% pública e estatal.

– Ampliamos o leque de apoio social. Mais pessoas, partidos, centrais, movimentos entenderam a importância dessa luta. Conseguimos fazer esse ato contra o leilão num local de difícil acesso e num horário complicado para trabalhadores e estudantes. A luta vai continuar. Nossa resistência não se resume ao dia do leilão. Vamos denunciar todos que organizaram esse crime de lesa pátria, a começar pela presidenta Dilma Rousseff ? destaca Emanuel Cancella, um dos mobilizadores da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso. O diretor do Sindieptro-RJ continua: ? Vamos desmistificar os argumentos dos organizadores dessa farsa que continuam a afirmar que o leilão vai levar desenvolvimento, emprego e renda para as regiões mais pobres do país. Vamos mostrar que isso é uma grande mentira.Também existe a ameaça da venda de parte das refinarias e terminais da Petrobrás. Temos que nos organizar mais para barrar toda essa privatização! Nas décadas de 1940 e 1950, quando o ouro negro era um sonho, o povo organizou a campanha ?O Petroleo é Nosso?, agora que o petróleo é realidade, não podemos permitir a sua entrega para a ganância consumista e poluidora das multinacionais petroleiras.?

A mobilização desse protesto da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso envolveu diferentes organizações e contou com a participação destacada do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, da Fenet,da AMES-Rio, da AERJ, da UBES, da Oposição de Esquerda da UNE, do coletivo Rebele-se, do MST, do MAB, da FIST, da CGTB, do movimento Luta de Classes, da CSP-Conlutas, da ANEL, do PPL, do PCR, do PSTU, do PCB, do PSOL e do Observatório do Pré-Sal,entre outros.

Fonte: Agência Petroleira de Notícias, com informações da Agência Nacional do Petróleo

Fotos: Samuel Tosta / Agência Petroleira de Notícias

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