Reunidos na sede do Sindipetro São José dos Campos, neste sábado (08/06), petroleiros do estado de São Paulo discutiram o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Petrobrás e fizeram propostas e sugestões para a campanha reivindicatória 2013 durante o Congresso Estadual da FNP ? fase preparatória para o 7º Congresso Nacional da FNP, que acontece em São Sebastião, entre os dias 4 e 7 de julho.
Participaram das discussões dirigentes e petroleiros de base dos sindipetros Litoral Paulista e São José dos Campos, além de membros da Oposição A Base Presente do Sindipetro Unificado SP. Como consenso foi indicada a necessidade de estabelecer um eixo para a pauta histórica da categoria, que possui 208 cláusulas.
Neste sentido, somada à luta estratégica em defesa da Petrobrás, com a bandeira contra os leilões do petróleo, os trabalhadores presentes elencaram a defesa por aumento real no salário básico, pela reposição das perdas salariais, pela revisão do PCAC, por uma AMS de qualidade e mais segurança no local de trabalho como prioridades da campanha. De maneira mais geral, a luta por isonomia também foi apontada como uma importante reivindicação.
Ao longo do congresso, os trabalhadores presentes fizeram diversas sugestões de inclusões e melhorias das cláusulas da pauta histórica da categoria que serão encaminhadas ao Congresso Nacional da FNP.
?Há muitos anos estamos sem aumento real. Temos uma pauta histórica extensa que deve continuar sendo levantada, mas precisamos de um eixo. Estamos patinando na política de abono, precisamos sair dessa. Somos a única categoria organizada no Brasil que ao longo dos dez anos do governo petista não ganhou aumento real nenhum e muito menos recuperação de perdas salariais. Conseguir algo sem luta é utopia. O que une a gente é isonomia, vamos brigar por isso. Discriminação só divide?, lembrou Rivaldo Ramos, aposentado do Sindipetro-LP.
Para José Ademir da Silva, presidente do Sindipetro-SJC, é preciso vincular o debate mais amplo sobre a defesa de uma Petrobrás 100% Estatal, contra os leilões do petróleo, com as demandas mais pontuais e cotidianas dos trabalhadores. ?O que está acontecendo no Mundo, a crise internacional que tem jogado nas costas dos trabalhadores uma série de ataques, se reflete diretamente no nosso quintal, no nosso cotidiano. Ao mesmo tempo, precisamos mostrar à sociedade que não cabe apenas ao petroleiro defender o petróleo, cabe a todos os brasileiros?.
Lembrando os ataques materializados através do Procop (Programa de Otimização de Custos Operacionais), Adaedson Costa, diretor do Sindipetro-LP, lembrou o cerceamento que existe sobre o trabalho desenvolvido pelas cipas, assim como os ataques da empresa na questão envolvendo benzeno. ?Houve um esvaziamento promovido pelo Governo no número de auditores para fiscalizar as condições das unidades e somado a isso a empresa tem promovido uma série de seminários para mudar a legislação sobre o benzeno. Essas iniciativas representam um ataque aos trabalhadores, que há anos se enfrentam com a companhia na luta pelo direito à aposentadoria especial?.
Ainda sobre segurança, Ademir Gomes Parrela, diretor do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP, lembrou que uma das lutas travadas deve ser sobre o efetivo operacional das unidades. ?Temos que acabar com essa história de quadro de referência. Devemos discutir, sim, quadro mínimo. E que esse quadro seja baseado na avaliação dos trabalhadores que estão no chão de fábrica?.
Bruno Terribas, membro da Oposição A Base Presente do Sindipetro Unificado, também comentou sobre a luta referente ao efetivo das unidades. ?Também tivemos em nossa base uma forte luta pelo efetivo nas refinarias e o sindicato se recusa a tomar uma medida prática por esta luta. Na Replan, depois de fazer assembleias na porta da unidade, agora no momento final, está levando pra sede do sindicato pra diminuir a participação da categoria?.
Lembrando a luta das mulheres com o relato sobre as atividades de 8 de março na base do Litoral Paulista, Fabíola Calefi reafirmou a necessidade da defesa de reivindicações relacionadas a direitos como licença-maternidade, cuja extensão é condicionada à negociação com as chefias, a disponibilização de creches, além do combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, assim como de demandas específicas como vestiários femininos.
Representando a CSP-Conlutas no congresso, Atnágoras Lopes fez coro ao discurso de Ademir sobre a relação íntima entre as lutas mais gerais de todo os trabalhadores e as específicas de cada categoria. ?As lutas que varrem o norte da África e as lutas na Europa pairam sobre as demandas e reivindicações dos trabalhadores brasileiros?. Atnágoras ainda definiu a 11ª rodada de leilões como uma ?dura ressaca?. ?Tanto o Congresso Estadual, quanto o Congresso Nacional da FNP, devem servir para reacender a luta para preservar o futuro do nosso país, com a mesma intensidade que lutamos contra FHC, pois Dilma e Lula estão repetindo a mesma receita?.
Por fim, Atnágoras fez um convite à FNP: que a entidade participe no dia 17 de julho, no Rio Grande do Sul, de um seminário que contará com Feraesp, CUT Pode Mais, Cundsef, CNTA e CSP-Conlutas. Durante dois dias, será realizada uma análise política da conjuntura nacional para elaborar a resistência e estratégia do movimento sindical aos ataques do governo e dos patrões neste período.