A juventude e os trabalhadores brasileiros estão em luta em todo o país contra o caos do transporte público. Enfrentando, primeiro, a repressão policial, o descaso do poder público e as matérias distorcidas e mentirosas da grande imprensa, a população tem demonstrado que anos e anos de ataques e prejuízos não passaram em vão. Agora, a luta é contra a pulverização da pauta de reivindicações, a apropriação do legítimo movimento pelos setores mais atrasados e reacionários do país.
Acuados pela força da mobilização e pelo apoio popular que desmonta até mesmo enquetes tendenciosas como a do jornalista sensacionalista e policialesco Datena, imprensa, governos e e a direita mudaram o discurso e agora tentam inserir nos protestos palavras de ordem abstratas como “chega de corrupção”. Fora isso, incentivam um sentimento nacionalista e ufanista à pátria perigoso ao ponto de se assemelhar às manifestação da classe média conservadora brasileira.
Como os manifestantes sabidamente têm dito, não se trata apenas de alguns centavos, se trata de uma série de abusos que culminaram na gota d?água do aumento das tarifas. Basta uma brasa de cigarro para provocar um incêndio, relatou acertadamente o jornal argentino El País no início dos protestos.
Diante das manifestações, seis cidades da Grande SP já reduziram as tarifas e em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o mesmo ocorreu após um forte processo de luta. O exemplo se repetiu em Goiânia (GO) e Teresina (PI). A máxima ?só com lutas há conquistas? se aplica na realidade de maneira exemplar. Agora, somada à juventude em luta, amplos setores dos movimentos sociais e de trabalhadores se incorporaram aos atos e realizam, na periferia, importantes manifestações. É o caso do MTST.
A Federação Nacional dos Petroleiros se solidariza com a luta contra o preço das passagens e a péssima condição do transporte coletivo em todo o país. Só no último dia 17, cujo número de manifestantes foi subestimado pelas estatísticas da imprensa, quase um milhão de pessoas foram às ruas em todo o país. Só em São Paulo, segundo o jornal Brasil de Fato, foram no mínimo 250 mil pessoas.
Os ventos de indignação e luta se alastram por todo o país e, de fato, vivemos um momento histórico. As manifestações de quinta-feira passada foram as maiores já registradas desde a luta pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, em 1992.
A FNP também repudia a manipulação dos empresários, governantes e parte da imprensa, que tentaram a todo custo criminalizar a justa luta da juventude e da população trabalhadora, tratados como ?vândalos e baderneiros?, embora estejam apenas exercendo o direito de reivindicar melhores condições de transporte. Em São Paulo, testemunhamos a repressão brutal sofrida tanto por manifestantes, quanto por jornalistas, que gritavam ?sem violência? e recebiam em troca bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha da PM. Alckmin (PSDB) e Haddad (PT) são os culpados! Em Belo Horizonte, o mesmo aconteceu, com o governo chamando a Força Nacional do Governo Federal para “conter os ânimos”.
Há provas, em diversas cidades, sobretudo na capital paulista, de policiais e homens pagos pela direita infiltrados no movimento justamente para desmoralizar as mobilizações. Em um vídeo publicado na internet, um policial militar é flagrado quebrando o vidro da própria viatura. Em outro, fica claro que o responsável por atacar a sede da prefeitura de São Paulo é o mesmo que, em 2012, causou confusão na apuração do carnaval paulista, rasgando cédulas com as notas das escolas de samba.
O direito de ir e vir, tão aclamado pelos cínicos órgãos de imprensa, é cerceado diariamente da classe trabalhadora brasileira ? obrigada a pular uma refeição por dia por causa dos R$ 0,20 a mais, no caso de São Paulo, como demonstrou reportagem da própria imprensa conservadora.
Por trás dessa luta, que já se estende de norte a sul do país, está a indignação de um povo que vem sofrendo no dia a dia com a espera interminável nos pontos de ônibus, viajando como sardinha em lata em ônibus, trens, barcas e metrô, gastando horas intermináveis nos engarrafamentos e muitas vezes quase a metade do salário por mês em condução.
Entendemos que a luta em favor do controle público e estatal do nosso petróleo tem tudo a ver com a questão da mobilidade urbana. O combustível para o transporte urbano deve ser subsidiado pelo Estado brasileiro, a partir de um projeto que vise oferecer condução barata e de qualidade para toda a população, desestimulando o uso do transporte individual nas cidades.
Nós, da FNP, que temos lutado para que os recursos que o petróleo e o pré-sal fornecem sejam voltados para a sociedade brasileira e para a soberania do país, nos somamos à luta das ruas pela redução do preço das passagens e pela melhoria do transporte público coletivo.
Afirmamos, taxativamente, que o dinheiro do pré-sal poderia subsidiar o transporte público no Brasil, assim como educação e saúde. Basta os governos terem vontade política e deixarem de atender à ganâncias das empresas multinacionais para destinarem todo o recurso para a soberania do país e para os interesses da sociedade.
A FNP deixa claro que com o potencial do pré-sal seria perfeitamente possível fazer uma revolução no transporte público no país, principalmente nas grandes cidades e capitais. Um transporte público coletivo com qualidade que ajudasse a melhorar a qualidade de vida e a resolver os problemas das cidades (como trânsito, poluição, enfim, o caos urbano).
Por isso, todo apoio à luta das ruas, por um transporte público de qualidade, por um pré-sal 100% estatal para que os recursos financeiros sirvam para atender as necessidades da população brasileira. Todo apoio à luta por transporte coletivo barato e de qualidade!