Debate sobre conjuntura nacional aponta 11 de julho unitário como a principal tarefa dos trabalhadores

O principal tema abordado durante a mesa ?Situação econômica do Brasil e os reflexos para a Petrobrás e para as Campanhas Reivindicatórias? foi a construção do dia 11 de Julho como um grande dia de luta da classe trabalhadora brasileira. Participaram do debate Claiton Coffy, representando a CSP-Conlutas; Emanuel Cancella e Edison Munhoz, pela CUT; Eliezer da Cunha, pela Intersindical ? Instrumento de Luta e Paulo Sabóia, que falou pela CGTB.

Claiton Coffy, que abriu as discussões, falou sobre a importância das manifestações que agitaram o país nas últimas semanas. ?Pra gente isso é muito importante, porque vai fortalecer a nossa luta. Essa conjuntura alterou a correlação de forças entre Estado e sociedade, porque hoje os governos estão sendo obrigados a responder aos questionamentos do povo e o povo viu que sua voz na rua tem força e pode mudar as políticas de governo?. O sindicalista ainda completou ?o governo Dilma e os outros governos, obviamente, querem acabar com as mobilizações, querem colocar uma cortina de fumaça para desviar e desbancar as mobilizações. Nós precisamos trabalhar para que elas continuem. Se a Dilma quer fazer um plebiscito para consultar a população sobre a reforma política, nós devemos exigir que ela também consulte a população sobre o investimento de 10% do PIB para educação, sobre os leilões de petróleo e as privatizações e sobre a reforma da previdência?, afirmou.

O VII Congresso dos Petroleiros da FNP acontece em um contexto histórico para o sindicalismo e demais movimentos sociais brasileiros. O país vive um momento de questionamento da sociedade sobre as políticas de investimento do Estado e de indignação com os atuais representantes políticos. Essa conjuntura se expressou nas últimas duas semanas com intensas mobilizações, que levaram milhares às ruas em diversas capitais, além da explosão de greves e paralisações, bloqueios de estradas, ocupações de órgãos públicos, enfrentamento com a repressão de Estado etc.

O Brasil, que há anos passava por certa apatia da maior parcela da sociedade frente às suas enormes contradições sociais e econômicas, saiu de casa para protestar por direitos historicamente negados. A luta começou em São Paulo (capital) por diminuição e congelamento da tarifa do transporte coletivo, além de passe livre para estudantes e desempregados, e rapidamente se alastrou pelo país, passando a pautar a falta de investimentos em saúde e educação; as privatizações do setor público e das riquezas nacionais; a corrupção e outras demandas da população.

Edison Munhoz falou sobre a importância dos petroleiros para as lutas sociais que ocorrem no Brasil ?nossa categoria é muito importante para as mobilizações brasileiras, pois atuamos na matriz energética, nossa luta política intervém tanto na economia nacional quanto fere o capital estrangeiro?, pontuou. O papel estratégico da Petrobrás para a economia ficou bastante explícito quando um dos principais pactos apontados pela presidente Dilma (PT) para enfrentar a crise civil instaurada no país, foi a utilização de 100% dos royalties do petróleo para investimento em educação e saúde. O que a presidenta não mencionou é que esses 100% representam apenas 15% da produção do Pré-sal. Ainda assim, o projeto aprovado pelo senado, na última terça-feira (02), modificou o texto aprovado pela câmara dos deputados, de 75% dos royalties para educação e 25% para saúde, com um corte de 62% do montante previsto para investimento nas duas áreas, conforme noticiou o site Estadão, na quinta-feira (04), ?o repasse cai de R$ 279,08 bilhões para R$ 108,18 bilhões. No caso da educação, o porcentual diminui 53,43%: de R$ 209,31 bilhões para R$ 97,48 bilhões. Na saúde, com a redução de 84,7%, o valor despenca de R$ 69,77 bilhões para R$ 10,7 bilhões?.

Emanuel Cancella defendeu que a luta do petroleiro deve ir além das pautas específicas e das questões econômicas da categoria, ?não temos que lutar só pelo nosso salário, precisamos lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. Discutir a riqueza gerada pela Petrobrás, significa discutir também sua socialização para o povo brasileiro?.

Todos às ruas no dia 11 de julho

Para dar seguimento às lutas sociais que chegaram a levar mais de um milhão de brasileiros às ruas, diversas centrais sindicais estão organizando um dia nacional unificado de greves, paralisações e manifestações de rua. CSP-Conlutas, Força Sindical, CUT, CTB, UGT, NCST, CGTB, CSB, além de MST e Dieese já organizam em suas bases ações de luta para o dia 11 de julho. Claiton Coffy, que também é dirigente da FNP e do Sindipetro-RJ, afirmou que esse dia será um marco para a classe trabalhadora e que deve marcar o início da Campanha Reivindicatória dos Petroleiros. ?A FNP precisa ser a entidade protagonista do 11 de julho. Temos a tarefa de fazer lutas em todas as nossas unidades, ferindo fortemente o grande capital nacional e estrangeiro?, afirmou.

Várias categorias de trabalhadores, além de movimentos populares e do campo, já estão realizando assembleias, reuniões e plenárias para definir pautas de reivindicação específicas que se somem às pautas nacionais unitárias que cobrarão dos governos municipais, estaduais e do governo federal: redução do preço e qualidade dos transportes coletivos; mais investimentos na saúde e educação públicas; fim do fator previdenciário e aumento das aposentadorias; redução da jornada de trabalho; fim dos leilões das reservas de petróleo; contra o PL 4330, da terceirização; Reforma Agrária etc.

?Precisamos discutir um programa para a classe trabalhadora brasileira, precisamos nos posicionar claramente. Ou estamos com o governo Dilma e com os governos municipais e estaduais ou estamos com os trabalhadores, pois governos e classe trabalhadora estão situados em polos opostos de interesses?, concluiu Claiton Coffy sobre o que deve ser o próximo 11 de Julho.

Redação: Imprensa Sindipetro PA/AM/MA/AP

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