A plenária sobre a campanha O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO apresentou dados do entreguismo do governo federal com relação ao petróleo brasileiro tanto do pré-sal quanto do pós-sal. Os debatedores expuseram os danos ao patrimônio público brasileiro com todas as formas de entrega do petróleo, seja por meio dos leilões, privatizações ou de parcerias com o setor privado via concessão ou partilha. A política do governo atual é extremamente danosa ao setor petrolífero brasileiro e fragiliza a Petrobras.
Dalton Santos, do Sindipetro de Sergipe, afirmou que ?o barril de petróleo custa, no mínimo, U$S 100 dólares, de acordo com a referência internacional para o tipo mais barato do óleo negro?. ?Só o Campo de Libra (Santos) vale mais de U$S 15 trilhões de dólares quando você agrega os valores do barril de petróleo (seus derivados, como a gasolina)?, avaliou.
Dalton, que é geólogo na Petrobras, enfatizou que quem faz os leilões do petróleo é o governo, não a ANP, pois a agência reflete a política do governo federal.
Segundo Dalton, ?hoje, o Brasil consome 2,7 bilhões de barris de petróleo por dia, e não somos autossuficentes como a Petrobras diz?. ?O governo tem projeto para diminuir a produção de poços de petróleo do nordeste, como Carmópolis, para depois justificar para o povo brasileiro a privatização porque a meta da Petrobras agora é, sobretudo, o petróleo em águas profundas e ultraprofundas?, analisou.
O diretor do Sindipetro/RJ e da FNP Emanuel Cancela lembrou que a luta em defesa do petróleo nacional e da Petrobrás é histórica e começou no Getúlio Vargas. ?No Brasil, FHC se confrontou com os petroleiros e tentou destruir a nossa categoria. Nós resistimos, ocupamos o salão verde do Congresso Nacional. Durante a greve de 1990, as lutas da década de 1990, para barrar todas as privatizações, não só da Petrobrás, houve resistência dos petroleiros contra a invasão da Petrobras pelo exército?, contextualizou.
?Depois de FHC, veio Lula, que criou o processo de partilha e não mais de concessão sobre o petróleo da união?, completou. ?O que a gente tem que lutar agora é contra o leilão do Campo de Libra e a volta deste campo para a Petrobras. Este campo tem no mínimo 14 bilhões de barris de petróleo. Quem ganhar o leilão vai ter que buscar a nossa tecnologia porque eles não têm. Isso é um absurdo! O Campo de Libra tem que ser tratado como estratégico. Nós temos que discutir uma greve no dia do leilão do Campo de Libra porque não podemos permitir a entrega deste patrimônio?, conclamou.
Cancella ainda propôs uma moção de repúdio ao companheiro Rangel da federação governista que votou no Conselho de Administração da Petrobras a favor da venda de ativos da Petrobras na África dentro do Plano de Desinvestimentos da Petrobras.
O coordenador do ILAESE Nazareno Godeiro reforçou que foram os petroleiros que tornaram a Petrobras a quarta maior petroleira do mundo e a décima maior empresa do planeta. ?A Petrobras, fortalecida durante 45 anos como estatal, está sendo dilapidada e privatizada aos pedaços nos últimos 15 anos. O governo usará receitas de privatizações para atingir a meta de superávit primário. Isso é a mesma coisa que Collor e FHC queriam, usar a privatização do patrimônio nacional para pagar dívidas?, denunciou.
De acordo com Nazareno, ?a Petrobras não tem como dar prejuízo. A companhia usa U$S 14 dólares para produzir o barril de petróleo e vende por U$S 100. Existe uma campanha para desacreditar a Petrobrás e leiloar as nossas reservas. O que está se armando é uma grande manobra para vender a Petrobrás. Só a produção de 2012 rendeu lucro de U$S 172 bilhões de dólares. Isso é 10% do PIB?.
O coordenador do ILAESE colocou que ?a Petrobrás não tem porque aumentar o custo da gasolina porque isso é especulação internacional com a ajuda dos bancos. Outra farsa é a questão dos royalties para a educação e a saúde?.
?O Senado, anteontem, iria mandar 10%. Agora vai mandar 0,4% do PIB para a educação. E 0,4% só dos royalties, não de todo o lucro do petróleo?, detalhou.
Nazareno esmiuçou o plano existente pata entregar a Petrobras aos poucos para as multinacionais estrangeiras. ?A Petrobras ficou com apenas 7,7% das áreas leiloadas. As multinacionais estão levando tudo. A terceirização também é uma face da privatização da companhia. Até o TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que grande parte dos terceirizados da companhia trabalham em atividade-fim. Aí, a companhia prefere pagar multa sobre multa para manter 360 mil companheiros na terceirização?, contextualizou.
?Até o endividamento da companhia com bancos internacionais faz parte do plano de privatização da companhia porque a direção da empresa usa o programa de desinvestimento para justificar a necessidade de vender ativos para quitar dívidas. E isso só faz enriquecer as duas famílias donas do sistema bancário mundial, que enriquecem cada vez mais com o sangue de cada trabalhador morto na Petrobras por mês nos últimos cinco anos.?, finalizou.