CNPBz de Salvador recebe denúncias do Sindipetro-LP sobre UTGCA e RPBC

O fortalecimento da CNPBz passa, também, pela consolidação das comissões regionais e estaduais. Com esta premissa, foram iniciados nesta quinta-feira (15/08), oficialmente, os primeiros debates da bancada de trabalhadores na segunda reunião anual da comissão, que acontece em Salvador (BA).

Um ponto importante das discussões foi o consenso entre os participantes de que o PROCOP (Programa de Otimização de Custos Operacionais) tem afetado e prejudicado diretamente a saúde dos trabalhadores. Ao contrário do que a companhia afirma, a política de otimização de custos aplicada pela presidente Graça Foster tem, sim, recaído sobre as costas dos trabalhadores. A manutenção de Investimentos fundamentais para a preservação das condições de trabalho e do meio ambiente estão sendo postergados ou simplesmente descartados em diversas unidades.

Um exemplo é o Tebar, em São Sebastião, onde os equipamentos que seriam instalados para garantir a recuperação de vapores dos píeres no terminal não serão mais adquiridos. Para Adaedson Costa, diretor do Sindipetro-LP e coordenador do GTB da RPBC, esta realidade é reflexo da relação nefasta entre capital x trabalho.

?Ao deixar o trabalhador exposto a agentes nocivos, ao não dar acompanhamento devido às questões de segurança, a Petrobrás mostra qual é sua prioridade: o lucro dos acionistas. Se investir em segurança significa reduzir os dividendos dos acionistas, a empresa não pensará duas vezes em prejudicar os trabalhadores. É isso o que vem ocorrendo?, afirma.

?Mesmo diante de denúncias graves e fundamentadas, sem brechas para contestação, a maior parte dos gerentes segue postergando a solução desses problemas em nome do lucro. Cabe aos trabalhadores, organizados, inverter esta lógica?, completou.

A afirmação de Adaedson vem ao encontro de duas denúncias realizadas pelo Sindipetro-LP durante a CNPBz, nesta quinta-feira (15/08): a primeira delas é a dificuldade imposta pela gerência da RPBC para solucionar as irregularidades que existem na unidade. Mesmo após relatório realizado pela CIPAGTBSINDICATO com o detalhamento de todos os problemas, os gestores da refinaria seguem de olhos fechados para inúmeros erros e falhas existentes na unidade.

A segunda denúncia levantada, e de alta gravidade, é a alarmante exposição ao benzeno que existe hoje na UTGCA, cuja presença na atmosfera já se assemelha àquela encontrada nas indústrias siderúrgicas. Em medição recente realizada durante a execução de um trabalho foi detectado um nível de 5.000 ppm de benzeno. Ou seja, final de escala do ultrarae. Em outra medição, também recente, foram medidos 700 ppm. Um absurdo! (matéria completa sobre este incidente, com todos os detalhes, será divulgada pelo Sindipetro-LP). Ainda sobre o Litoral Paulista, também foi citada a interdição – por três dias – da plataforma de Merluza, fruto também de exposição elevada ao benzeno – houve um vazamento superior a 900 ppm.

Balanço das atividades do dia 158 da bancada dos trabalhadores
Na parte da manhã, os trabalhadores aprovaram as atas da reunião anterior, realizada em Porto Alegre (RS), e elaboraram um relatório sobre a visita técnica à RLAM, realizada ontem (14/08). O diagnóstico é de que houve avanços importantes na unidade, ainda mais quando comparados à realidade encontrada na visita feita em março de 2012 quando a situação era alarmante. Foi percebida uma maior aproximação do setor de higiene ocupacional com a CIPA e, também, a instalação de equipamentos fundamentais para a prevenção à saúde dos trabalhadores.

Entretanto, em uma dinâmica infelizmente comum da patronal diante de auditorias e visitas técnicas, evidentemente boa parte das ações implantadas ? ainda insuficientes – foi feita às pressas, praticamente uma semana antes da visita realizada ontem na refinaria. Além disso, conscientemente a empresa tentou controlar a visita, seja preenchendo toda a manhã com apresentações, seja tentando direcionar quais setores seriam visitados e o tempo reservado a cada um.

Neste sentido, foi ressaltada a necessidade de que as entidades sindicais, GTB?s e órgãos fiscalizadores mantenham uma atuação sistemática para garantir a manutenção das melhorias conquistas e a obtenção de novos avanços. Além disso, será exigido da patronal que as próximas visitas sejam programadas e construídas em conjunto com as demais bancadas (trabalhadores e governo). Enfim, ainda há muito a ser feito.

Cursos patronais
Após diversos relatos dos ?getebistas? sobre o caráter dos cursos ministrados pela empresa e pelo SESI (Serviço Social da Indústria), podemos chegar tranquilamente a uma conclusão: tais atividades expressam muito bem a disputa ideológica que existe entre trabalhadores e patrões sobre o benzeno.

Os instrutores desses cursos, longe do chão de fábrica e muito próximos dos interesses patronais, minimizam os riscos à saúde do benzeno e muitas vezes realizam diversas manobras discursivas para defender a substituição do critério qualitativo pelo quantitativo, tentando fazer do VRT (Valor de Referência Tecnológico) um limite de tolerância.

Como contraponto a esta ofensiva das empresas, por meio dos cursos, foi levantada a necessidade de que as CIPAS e os GTB?s invistam na formação desses trabalhadores para que eles se transformem em multiplicadores de conhecimento, tendo capacidade, por exemplo, de assumirem o papel de instrutores. Afinal, as CIPAS possuem a prerrogativa de escolher os instrutores dos cursos para os novos membros de GTB?s. E, para além disso, foi lembrado ainda que a formação dos trabalhadores deve ser encarada como uma prioridade pela comissão.

Em seguida, a exemplo da discussão realizada nos últimos dois dias, foi novamente reivindicada nesta quinta-feira a importância da criação de fóruns nas reuniões nacionais da CNPBz que abarquem os trabalhadores que não participam das visitas técnicas e das reuniões das coordenações de bancadas. Com isso, os horários hoje ociosos seriam ocupados com atividades destinadas à atualização de procedimentos e trocas de experiências de cada local de trabalho e das comissões regionais e estaduais.

Fonte: Sindipetro-LP

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