O filme é sempre o mesmo. Nos últimos anos, FUP e Petrobrás iniciam as negociações de acordo coletivo com uma manobra que enfraquece a luta por aumento real, divide a categoria, impede campanhas unificadas com outras categorias e mantém a tabela congelada para aposentados e pensionistas: a antecipação da inflação.
Neste ano, infelizmente, não é diferente. Em sua página na internet, os governistas já anunciaram que a Petrobrás garantirá a antecipação da inflação com base no IPCA acumulado no período de setembro de 2012 a agosto de 2013. Em ofício enviado no dia 29 de agosto, de fato, a companhia afirma que fará esse reajuste de maneira antecipada.
Diante disso, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) indica a rejeição desta proposta em todas as assembleias da categoria.
Traição
A articulação entre empresa e governistas mostra-se, novamente, uma grande traição à categoria porque acontece justamente num momento especial do país: trabalhadores de diversas categorias e a juventude, que foram às ruas, perceberam que é possível lutar e vencer. Pela primeira vez, em muitos anos, existe uma possibilidade concreta de unificarmos, por exemplo, as campanhas de petroleiros, bancários e correios.
Entretanto, esta antecipação atua como um balde de água fria nessa possibilidade, pois enfraquece a luta por aumento real no salário básico. Sabemos muito bem que a empresa diz estar aberta para a negociação de novos avanços, mas as negociações anteriores já nos mostraram que esta medida visa frear e desviar as mobilizações da categoria.
Ao defender a antecipação deste reajuste, baseado no pior índice, a FUP está engessando a campanha salarial, pois fecha um acordo já rebaixado, e o pior: demonstra, novamente, que a suposta luta pelo ICV-DIEESE se mostra, com isso, uma reivindicação de fachada, assim como a defesa pelos aposentados e pensionistas.
Ataque aos aposentados e pensionistas
Em 2012, por exemplo, no Termo de Compromisso elaborado pela empresa para legitimar o reajuste havia logo no primeiro parágrafo a afirmação de que ?a tabela praticada na Companhia até 31/12/06, será mantida para fins de correção das suplementações dos aposentados e pensionistas que não aderiram à repactuação do Regulamento Plano Petros do Sistema Petrobras.?
Ou seja, a empresa estava se referindo à tabela congelada imposta aos aposentados e pensionistas que não repactuaram, um ataque da Petrobrás que os sindicatos da FNP vêm combatendo em todas as campanhas salariais. Neste ano, na carta enviada pela companhia (leia aqui) não há nenhuma referência à tabela praticada até 2006, mas nada nos leva a acreditar que dessa vez a pegadinha da tabela congelada não possa ser reeditada, embora Diego Hernandes (inimigo dos aposentados) já não ocupe o cargo de gerente executivo de Recursos Humanos.
Neste sentido, aceitar a antecipação proposta pela companhia é, na prática, admitir que concordamos com o reajuste pelo IPCA (e não pelo de maior índice) e com a tabela congelada. Tudo isso, antes de qualquer mobilização, antes de qualquer tentativa de conquista através da ação direta dos trabalhadores. Temos o dever de derrotar essa política!