Um dia após a maior privatização da história do país, levada a cabo pelo governo Dilma com direito a balas de borracha, gás de pimenta e repressão do Exército e Força Nacional contra os movimentos sociais durante o Leilão de Libra, sacramentado no último dia 21 de outubro, os trabalhadores petroleiros continuam em greve por tempo indeterminado.
Certamente, é a maior mobilização de uma das categorias mais estratégicas do país desde a greve histórica de 1995, com um tom claramente político ao se enfrentar diretamente com o plano econômico do governo: o desmonte do patrimônio nacional, com a privatização dos aeroportos, portos, ferrovias, rodovias e agora o petróleo, para garantir o superávit primário do país e o pagamento dos juros de uma dívida pública que nunca passou por auditoria e que consome metade do orçamento da União.
Por isso, a luta da categoria segue sendo contra o Leilão de Libra, mas agora por sua revogação, e também pela derrubada do PL 4330 (que escancara a terceirização no país) e por uma campanha reivindicatória vitoriosa. Os trabalhadores exigem aumento de 16,53% no salário base; o fim da tabela congelada que prejudica aposentados e pensionistas; um novo PCAC; progressão do pagamento do anuênio; restabelecimento do convênio com o INSS; custeio de 100% da AMS e inclusão dos Pais, assim como uma única assistência médica para todo o Sistema.
Além disso, a batalha da campanha reivindicatória também passa por uma rejeição contundente do Regramento da PLR, que joga nas costas da categoria mais uma meta perversa. Pela proposta da empresa, até mesmo em caso de vazamentos e erros gerenciais os trabalhadores serão considerados, na prática, cúmplices de erros alheios e com isso serão penalizados com valores de PLR cada vez mais rebaixados. Também devemos rejeitar as manobras da empresa, e das próprias direções traidoras, que continuam reproduzindo o discurso de ?aumento real? na RMNR, uma remuneração variável que exclui os aposentados e não está incorporada ao salário base. Aumento pra valer é no salário base!
As mudanças que rebaixam ainda mais os regimes de trabalho da companhia também devem ser rejeitadas, e devemos dizer um NÃO muito claro à qualquer tentativa de punição e perseguição aos ativistas da greve; isso inclui nenhum Interdito Proibitório e nem os descontos das paralisações que foram realizadas desde julho até hoje, com a deflagração da greve por tempo indeterminado em 17 de outubro.
Greve segue forte
Os trabalhadores das bases da FNP entram no sexto dia de greve com diversas unidades paralisadas. No Litoral Paulista, o cenário não mudou: greve por tempo indeterminado, com adesão de praticamente 100% do Turno e ADM na RPBC e Terminal Pilões, em Cubatão, e no Terminal Alemoa, em Santos. Em todas essas bases, desde ontem (21/10) os trabalhadores terceirizados se incorporaram ao movimento.
No Litoral Norte, na UTGCA, em Caraguatatuba, e no Tebar, em São Sebastião, a greve também segue por tempo indeterminado no turno e no ADM, sendo que a operação está entregue aos grupos de contingência da companhia. Nas plataformas de Merluza e Mexilhão, os trabalhadores seguem se recusando a realizar serviços de manutenção e operação, assim como não emitindo PTs (Permissão de Trabalho). Nos prédios administrativos de Santos há adesão parcial da categoria no prédio Palazzo, da Avenida Ana Costa.
Os petroleiros da base do Sindipetro Alagoas/Sergipe também seguem firmes na mobilização. Na Sede da Rua Acre a paralisação continua e na unidade de Carmópolis os trabalhadores decidiram, em assembleia, manter a greve. No Tecarmo, a greve segue no mesmo ritmo.
Em Sergipe, nas bases de Pilar e Furado a adesão é de 50% no e 70% no ADM e no Terminal Transpetro de Maceió cerca de 40% dos trabalhadores de turno estão em greve. Em Pilar, foi suspenso o carregamento de GLP e descarregamento de óleo bruto. Na Revap, em São José dos Campos, os trabalhadores de turno também permanecem em greve, com adesão parcial do ADM. No Transpetro Taubaté, base do Sindipetro-SJC, a adesão à greve é de 100%. No TABG, Rio de Janeiro, a greve por tempo indeterminado também segue forte.
Na base do Sindipetro PA/AM/MA/AP, trabalhadores de Manaus (AM) realizaram novo trancaço na sede administrativa da Petrobrás na cidade. No administrativo de Belém os petroleiros realizaram um trancaço durante toda a manhã de ontem, segunda-feira (21/10). Na unidade petrolífera de Urucu os trabalhadores continuam em estado de assembleia permanente e com corte na emissão de PTs, resistindo aos assédios da gerência. Na turma que embarcaria hoje para Urucu, da operação e manutenção, a maior parte decidiu por aderir ao movimento e não embarcar para unidade.
Os trabalhadores da Transpetro Belém, depois de realizarem greve de 24h na última quinta-feira (17), aprovaram, na manhã desta segunda-feira (21), greve por tempo indeterminado com avaliação diária das mobilizações. A adesão é de 100% da manutenção, operação e administrativo.
Segundo a FUP, a greve também segue forte em suas bases, com um quadro semelhante ao divulgado na última segunda-feira (21/10), com refinarias e terminais parados, além de 42 plataformas em greve na Bacia de Campos e 22 no Rio Grande do Norte.